Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Escândalo para todos

Todos os principais jornais do país se rendem às evidências de que o governo do Distrito Federal esconde há anos uma quadrilha especializada em saquear o dinheiro público.


As imagens mostrando o governador José Roberto Arruda e seus aliados recebendo dinheiro – um deles escondendo pacotes nas meias – são fortes demais para serem ignoradas. Mas há uma tendência clara no noticiário, de limitar o caso ao atual governo, quando sobram evidências de que se trata de um esquema que vem de outros carnavais. No mínimo, o escândalo envolve o ex-governador Joaquim Roriz e o empresário Paulo Octávio, personagens que já freqüentaram outras histórias de corrupção.


Dos três jornais de circulação nacional, apenas a Folha de S.Paulo dá mais atenção ao fato de que o escândalo pode afetar profundamente um dos principais partidos de oposição, o Democratas, cujos representantes têm se destacado por denunciar os pecados de outras agremiações.


Por outro lado, o Globo é o que mais se limita aos dados factuais, evitando apostar nas evidências das imagens que a própria emissora do grupo divulgou. O título da manchete de segunda-feira (30/11) é um primor de distanciamento: afirma que o Tribunal Superior Eleitoral ‘vê indícios de caixa 2’ em Brasília.


Quanto aos jornais da Capital Federal, destaque para o esforço do Correio Braziliense para conter o escândalo entre os deputados distritais e aliviar a pressão sobre o governador Arruda.


Marca escondida


Nenhum jornal se dispôs a fazer um retrato do sistema eleitoral e suas falcatruas, agora que ficou mais do que evidente que nenhum dos grandes partidos passa incólume pelo teste da probidade.


O caixa 2 é prática generalizada.


Talvez fosse o caso de a imprensa deixar bem claro aos seus leitores como funcionam os esquemas e o que são, na verdade, os profissionais que a imprensa chama de ‘marqueteiros de campanha’.


Também está na hora de contar que, se há corruptos, existem os corruptores.


O escândalo de Brasília tem o carimbo da Microsoft e outras empresas, mas a participação da gigante da tecnologia está bem escondida no noticiário.