Os diretores das escolas de jornalismo dos EUA não correspondem, em sua grande maioria, ao perfil dos estudantes de jornalismo do país, revela estudo divulgado no fim de semana passado no encontro anual da Associação das Escolas de Jornalismo e Comunicação de Massa, em Washington. A pesquisa foi conduzida por Thomas Kunkel, reitor da Philip Merrill College of Journalism, na Universidade de Maryland, e presidente da Associação.
O objetivo em se mapear o perfil dos líderes das escolas de jornalismo americanas era tentar entender com mais precisão os principais problemas e pressões que eles sofrem – entre elas os desafios de contratação de professores, as crescentes expectativas para que arrecadem fundos privados e a adaptação do currículo de suas instituições ao mundo digital.
Homens, brancos
A pesquisa foi enviada a 165 administradores, e respondida por 89 deles. Segundo Kunkel, os resultados são interessantes, pois levantam uma série de preocupações. A maior delas talvez diga respeito à falta de diversidade nas lideranças: em um universo onde grande parte dos alunos são mulheres, elas são formadas, na grande maioria, por homens brancos. ‘Ao todo, as pessoas que dirigem nossos programas de jornalismo não se parecem muito com os EUA, e não se parecem nem ao menos com seus próprios estudantes’, afirma o reitor.
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Dos reitores, diretores e chefes de departamento entrevistados:
90% são brancos
64% são homens
A idade média é 55 anos
73,5% possuem doutorado
48% têm o jornalismo como área de especialidade (de resto, foram citadas áreas como publicidade, relações públicas e estudos de mídia, entre outras)
40% tiveram pelo menos uma década de experiência profissional antes de se tornar líderes acadêmicos, e 22% tiveram entre cinco e 10 anos de experiência
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Fundos e tecnologia
A pesquisa descobriu também que administradores de escolas de jornalismo costumam passar pelo menos um terço de seu tempo tentando arrecadar fundos privados para seus programas; 78% dos entrevistados afirmaram que a pressão por estes fundos ‘aumentou’ ou ‘aumentou significativamente’ nos últimos cinco anos. Por outro lado, 57% ressaltaram que dão valor, ou gostam, desta parte do trabalho.
Quase 70% dizem que suas universidades ‘sempre’ ou ‘quase sempre’ esperam que eles preencham os cargos de professores com detentores de doutorado, mesmo que se trate de algum cargo que precise especificamente de habilidades práticas. Este tipo de pressão também aumentou nos últimos cinco anos.
Mais de 90% afirmam que ‘revisam assiduamente’ sua grade curricular, sempre buscando novidades em áreas como novas mídias e tecnologia; 47% dizem que seus departamentos irão inserir pelo menos um curso relacionado a novas tecnologias ou multimídia em seus programas no próximo semestre. Informações da Escola de jornalismo da Universidade de Maryland [14/8/07].