O que, o onde e o quando são o tripé básico de qualquer notícia ou informação, desde quando a Ciência da Comunicação consolidou seus fundamentos. Então, por exemplo: ‘A Comunidade Européia deu hoje, com a assinatura de um documento em reunião solene, um passo importante para a paz nos Bálcãs’ é uma notícia que responde às três perguntas no início mencionadas e que pode contar ainda com outros componentes: o como, o porquê etc. Mas é aí que muitas vezes os jornalistas cometem erros.
Quero crer que interpretar a informação, ou a fonte da informação, para transformá-la em notícia, pode levar ao erro de ter como produto final, impressa, lida numa rádio, telejornal ou mesmo publicada na internet, uma notícia falsa, distorcida ou ainda tendenciosa. É preciso estar atento à fonte da informação. Tem muito jornalista ‘CDF – Cadeira de Ferro’ que não levanta um minuto de sua confortável cadeira e ar condicionado para checar a fonte de sua informação.
Mas imagino que os jornalistas que recebem a notícia de ‘fonte confiável’ e não checam as informações não podem produzir boas notícias ou uma matéria confiável. No jornalismo local ou regional isso é uma constante. Chovem releases, através de e-mails – o que se transformou numa confortável e cômoda fonte de noticiário – servindo para manchetes, matérias e até pequenas notas.
Outro erro é a ausência de pesquisa de determinado assunto sobre o qual se irá escrever; pior ainda quando é entrevista e o entrevistador não sabe bem quem é ou o que já fez o entrevistado, ou ainda quando pergunta em off sobre certo detalhe ou assunto…
Um arauto do bem
Em tudo isso, com dolo ou sem dolo (intenção, usando o jargão jurídico), deveria prevalecer a ética no jornalismo! Uma notícia mal dada ou mentirosa pode produzir mais danos aos envolvidos no episódio do que ao jornal, que pode reparar seu erro através de um ‘pedido de retratação’ ou publicar uma carta ou réplica do suposto ofendido.
Mas quando à matéria jornalística se juntam provas, como fac-símile de documentos, fotos ou até imagens comprovadamente verídicas, não passíveis de serem fabricadas em computação gráfica ou outra técnica conhecida dos arapongas, fica difícil contestar, até juridicamente. Caso exemplar foram as filmagens dos ‘vereadores mensalinhos’ de Guarujá, em plenas dependências da Câmara Municipal. Ou até as ‘receitas frias’, com assinatura de um ‘médico fisiologista’ (o pior, vereador fisiologista).
Ao jornalista, e principalmente aos editores, cabe cuidado, mas a força da ética ‘manda’ publicar tudo aquilo que pode prejudicar os cidadãos de sua cidade, de seu estado e de seu país – o que dizer do frágil planeta em que vive! O jornalista é um arauto do bem!
Os que omitem fatos públicos e notórios como os que foram noticiados pela TV no caso CRPI são sérios candidatos ao jornalismo aético, marrom, chapa-branca e outras denominações já conhecidas de boa parte da população. Parabéns aos justos e corretos. A história lhes fará justiça.
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Jornalista e ambientalista, Guarujá, SP