Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

EUA investem pesado em propaganda local

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, anunciou, há algumas semanas, o plano de aumentar o financiamento de uma série de novas atividades para a diplomacia pública destinadas ao Irã – US$ 50 milhões para aumentar os programas do governo americano nas emissoras de TV e rádio no país; US$ 5 milhões para as emissoras de TV e rádio e sítios não-governamentais; e US$ 15 milhões para grupos civis. Para comparação: o aumento equivale a ¼ de todo o orçamento anual da BBC World Service.

Nos últimos anos, investimentos na mídia têm se tornado um elemento-chave na política de Washington em relação ao Irã. Em dezembro de 2002, a Rádio Farda (que significa ‘amanhã’), financiada pelos EUA, começou a transmitir regularmente em farsi, língua falada pela maioria da população iraniana. A rádio é um exemplo clássico do que é conhecido como ‘diplomacia pública’ – atividade pela qual governos tentam falar diretamente com a população local de países estrangeiros.

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Embora o rádio seja tradicionalmente a ferramenta escolhida para a diplomacia pública americana, a televisão também tem sido bastante utilizada. Em 2003, o governo americano passou a transmitir semanalmente um programa televisivo com duração de meia hora em farsi. Na época do lançamento do programa, Kenneth Tomlinson, presidente da agência federal que controla os veículos de comunicação internacionais do governo americano, afirmou que, ‘ao reportar o que está acontecendo no Irã hoje, podemos ajudar futuramente na luta pela liberdade e autodeterminação no país’.

Todas estas iniciativas refletem uma nova batalha entre Washington e Teerã pela transmissão internacional de rádio e televisão. O Irã não está parado e vem utilizando tecnologia comprada de Cuba para prejudicar a transmissão de rádio americana, evitando assim que os iranianos tenham acesso aos programas internacionais. Além disso, lançou, em 2003, a emissora de televisão em árabe al-Alam (que significa ‘o mundo’), disponível 24 horas via satélite na Europa, Oriente Médio e Ásia. Informações de Philip Fiske de Gouveia [The Guardian, 21/2/06].