A campanha presidencial nos EUA vem batendo recordes no número de anúncios políticos dos candidados. Mas como quantidade não é sinônimo de qualidade, as propagandas têm provocado uma chuva de exageros, omissões e distorções que, segundo os centros de pesquisas, estão deixando o eleitorado com impressões erradas do presidente George Bush e do senador John Kerry. O grau de desonestidade no conteúdo das propagandas varia, diz Jim Rutenberg [The New York Times, 25/5/04], mas atinge os dois candidatos.
Em três de seus anúncios, a campanha de Bush afirma que Kerry, se eleito, aumentaria os impostos em pelo menos US$ 900 bilhões nos primeiros 100 dias no poder. O senador não tem esse plano. Já em uma propaganda de Kerry, o apresentador fala que ‘George Bush diz que a exportação de empregos faz sentido para os EUA’. Bush nunca afirmou isso.
Nesta temporada da campanha presidencial, em que já foram gastos pelo menos US$150 milhões em publicidade, o grande número de distorções e omissões está começando a preocupar alguns grupos do governo, que temem que a grande quantidade de dinheiro por trás das alegações feitas deixe impressões indeléveis.
Crença nos anúncios
Em maio, o Annenberg Center, da University of Pennsylvania, divulgou uma pesquisa feita com eleitores do dia 15/4 ao dia 2/5. O resultado mostra que muitos acreditam em afirmações falsas ou distorcidas que são feitas nas propagandas dos candidatos.
A pesquisa foi realizada com 1.026 eleitores em diversos estados dos EUA. 61% dos eleitores afirmaram que acreditam que Bush é favorável à exportação de empregos; enquanto 72% disseram que crêem que três milhões de empregos foram perdidos durante a administração do atual presidente – a afirmação, feita por Kerry em um comercial veiculado em fevereiro, foi desmentida pelo Bureau of Labor Statistics, que disse que a taxa máxima é próxima a 2,7 milhões.
Na mesma pesquisa, 46% dos participantes disseram acreditar que Kerry ‘pretende aumentar os impostos sobre gasolina em 50 centavos o galão’ – afirmação feita em três comerciais da campanha de Bush baseada em comentários feitos por Kerry há cerca de 10 anos.