Comumente, ao folhear periódicos voltados para a divulgação de notícias relevantes (diga-se de passagem, que não possuam conteúdo da conduta pessoal de artistas e informações inúteis do gênero), é possível deparar com os escândalos proporcionados por aqueles que são imbuídos de representar e assegurar os interesses das pessoas que confiam suas expectativas como forma de valer a tão sonhada cidadania. Muitos são os casos de corrupção, os quais, infelizmente, já se tornaram praxe no Brasil.
Para melhor compreender a exposição ora feita, basta fazer remissão a um dos casos mais estridentes da história política brasileira: o mensalão. Mesmo que tal fato, à época, tenha abalado ainda mais a imagem do sistema republicano pátrio, hoje subsistem resquícios que são alimentados pelos incessantes fatos supervenientes dessa natureza, corroborando, assim, a perpetuidade dessa vergonhosa prática de apropriação indevida de recursos alheios.
No presente momento, o acontecimento mais chamativo em se tratando de corrupção, modelou-se no sucesso da Operação Satiagraha, comandada pela Polícia Federal. Entretanto, tal êxito foi relativo. Como bem se sabe, observou-se a concessão de ‘garantias constitucionais’ para que os envolvidos aguardassem impunemente em liberdade. Há poucos dias atrás, os mesmos envolvidos foram condenados, mas nada impede que os intermináveis recursos possam livrá-los novamente.
Vantagens monetárias
Nessa esteira, a mídia cumpriu, ainda que parcialmente, a missão de revelar os desígnios ignorados pelo Poder Judiciário. No entanto, os meios de comunicação poderiam, assim como devem, propugnar e manter a posição adotada na década de 80, quando, magnificamente, a imprensa, bem como os cidadãos, proporcionou um exemplo supremo referente à democracia.
A grande maioria das pessoas questiona o porquê de, no momento atual, não se vislumbrar mais aquela autêntica e vigorosa luta contra a censura de direitos e garantias fundamentais, liderados principalmente por jornalistas, intelectuais e políticos daquele período de instabilidade que o país atravessava. Certamente, os interesses de hoje são diferentes dos de outrora – como transparece na conduta das classes profissionais e dos políticos acima mencionados –, onde a principal meta dos órgãos mais influentes, especialmente a imprensa, sempre à frente dos acontecimentos, é a de obter vantagens monetárias com fatos que muitas vezes não expressam a verdade, mas que podem atrair um volume considerável de curiosos para ‘comprar a idéia’, ora difundida por tais agentes.
Arautos da moralidade
Desse modo, apesar da possibilidade de cair em descrédito na sociedade como um todo, não só a estrutura política brasileira, mas também a própria imprensa é tida como ‘politiqueira’, agindo veementemente (leia-se, moralmente) tão-somente nos acontecimentos que tragam retorno imediato consoante seus desideratos. Lamentavelmente, a corrupção não só atinge a política em si, mas, sobretudo, a imprensa brasileira (apesar de serem poucos os órgãos de comunicação a adotar a correta modelagem de anunciar a verdade, a maior parte da imprensa é vista com maus olhos em determinados casos), da qual se pode inferir que sofre uma espécie de ‘corrupção moral’.
Assim, depreende-se que a corrupção é um ato extremamente difícil de combater, considerando tratar-se de uma ‘conseqüência natural’ da conduta do homem, de maneira especial quando este alcança níveis cada vez mais elevados de poder. O que se pode fazer, sim, para atenuar a carga de corrupção (seja ela de que espécie for) referindo-se a Brasil, é que cada cidadão fiscalize a conduta dos agentes políticos em suas funções e, não olvidando aqueles ‘encarregados’ de formatar os fatos (a mídia em si), ser seletivo em matéria de tomar ciência das notícias, apreciando somente os verdadeiros arautos da moralidade, os quais, embora poucos, ainda subsistem no ambiente brasileiro.
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Administrador de empresas, João Pessoa, PB