Algumas pessoas anunciam que o século 21 será o da Era da Internet. Pois bem, que seja. A rede ganha novos adeptos a cada dia. A internet é um meio de comunicação em que o giro de informações é muito grande; aquilo de que precisamos para sobreviver no cotidiano pode ser encontrado na rede virtual: remédios, supermercados, livros, notícias, dentre uma série de outros itens. A internet se tornou um mal necessário. Quem, atualmente, sobrevive sem ela?
O Ibope, em pesquisa publicada este mês, apontou dados importantes sobre o número de usuários da internet residencial no Brasil. Segundo o instituto de pesquisa, são 13,4 milhões de pessoas que acessam a rede, um crescimento de 17% na comparação com julho do ano passado. O que é mais interessante da pesquisa são os dados de horas navegadas, colocando o Brasil em primeiro lugar no ranking, com 20h39min. Em segundo lugar está o Japão, com 18h11min; os Estados Unidos vêm em terceiro lugar, com 17h19min; e a França em seguida, com 15h28min.
Há de se ressaltar também o número de domínios.br, que chegou a 957.979,20, superando em 2% os índices de 2005, segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil. Mas ainda estamos muito longe dos primeiros colocados em número de cidadãos conectados. Só nos Estados Unidos são aproximadamente 180 milhões de pessoas utilizando a internet, seguidos pela China, com cerca de 90 milhões. Mesmo assim, cerca de 7,5% da população está interligada à internet no Brasil. Esses dados nos fazem refletir sobre a importância que a rede virtual tem entre os brasileiros, como influencia opiniões e derruba quaisquer limites.
Sabendo da importância do uso das novas tecnologias entre os brasileiros, o Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp), formado por pesquisadores vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, está estudando o significado da internet no contexto do processo político brasileiro, tomando como base as eleições de 2006. Estão sendo pesquisados sítios de partidos, de candidatos, da mídia alternativa, do Observatório da Imprensa, além de blogs, em especial de jornalistas.
Os blogs merecem atenção e comentário mais detalhado. Como noticiaram Ricardo Amorim e Eduardo Vieira, em excelente reportagem publicada na revista Época (31/7/2006), esses veículos já ultrapassaram a marca de 40 milhões de páginas no mundo inteiro. No caso particular do Neamp, nosso estudo foca os blogs de jornalistas que escrevem sobre política – Josias de Souza, Fernando Rodrigues, Ricardo Noblat e Cláudio Humberto, assim como os blogs de Luiz Weis e Mauro Malin, hospedados no sítio do Observatório da Imprensa.
Diferencial
O que nos instiga e, em algumas vezes, surpreende é a velocidade com que as notícias são postadas e a repercussão imediata que causam – óbvio, alguns leitores podem estar dizendo, essa é a intenção dos blogs. O que nos causa espanto é a falta de interatividade de alguns blogs com os comentaristas das notícias, com as pessoas que fazem uma reflexão sobre o que foi escrito. Se essa é a intenção dos jornalistas/blogueiros, muitos estão pecando pela falta de interlocução com seus leitores.
Mais ainda, muitos comentários não são selecionados pelo blog e alguns não têm a mínima relação com a notícia postada. Algumas pessoas postam comentários que são puro lixo: xingamentos, registros pessoais, notas sem nexo. Aqueles que podem ser aproveitados não são comentados pelos blogueiros. Falta interatividade.
Há que se ressaltar, porém, o diferencial dos blogueiros do Observatório da Imprensa. Tanto Weis quanto Malin entenderam o espírito desse diário da web. Não permitem insultos e, melhor ainda, interagem com os comentários postados por seus leitores. Essa é a intenção dos blogs. Isso é que precisa ser observado pelos blogueiros, caso contrário deixa de ser um blog e passa a ser uma coluna de notícias na internet.
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Jornalista e doutorando em Ciências Sociais pela PUC-SP, pesquisador do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp)