Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 18 de outubro de 2006
INTERNET
Google agora parte para a energia solar
‘The New York Times – O serviço do Google chamado Google Earth capta imagens do planeta a partir de satélites. Agora a empresa de mecanismo de busca está tentando capturar o Sol. O Google informou na segunda-feira que construirá um sistema de eletricidade solar para fornecer cerca de 30% da energia gasta diariamente no seu complexo de escritórios com 93 mil m² em Mountain View, Califórnia.
O sistema, que usará 9.200 células solares – com capacidade para gerar potência para mil domicílios da Califórnia – será uma das maiores instalações solares empresariais, disseram especialistas em energia alternativa. ‘Isso tem grande significado, tanto simbólico como prático’, disse Nicholas Parker, presidente do conselho da Cleantech Venture Network, uma entidade de comércio e pesquisa para investidores em tecnologia de energia alternativa.
David Radcliffe, encarregado do controle da propriedade imobiliária do Google, recusou-se a dizer quanto a empresa espera gastar no projeto. Mas disse que este se pagará por si mesmo dentro cinco a dez anos.
Já Parker calculou que tal obra poderá custar ao Google US$ 10 milhões. O sistema está sendo construído pela El Solution, uma divisão da empresa Energy Innovations, com sede em Pasadena, Califórnia.
Andrew Beebe, presidente da El Solutions, disse que o teto dos principais prédios do Google será coberto com células solares que captam a energia solar, juntamente com o teto de várias estruturas de estacionamento. Beebe e Radcliffe disseram que um dos motivos pelos quais o Google não tenta gerar mais de 30% da sua eletricidade é que os projetos exigiam a utilização de todo o espaço disponível para as células solares.
Segundo Radcliffe, o Google está recorrendo à energia solar por motivos econômicos, sociais e motivacionais. Ele acrescentou que o sistema de energia solar, além de se pagar por si mesmo ao longo do tempo, será socialmente responsável e ajudará a atrair engenheiros de alto nível que quiserem trabalhar para uma empresa que está tentando reduzir os danos provocados ao meio ambiente.
Radcliffe recusou-se a informar se o Google planeja usar energia solar para fazer funcionar algum de seus outros escritórios ou centrais de dados onde mantém seus servidores.
Beebe esclareceu que o Google não correrá risco de ficar sem energia num dia nublado ou por causa de um defeito no funcionamento do seu sistema de energia solar porque a empresa vai continuar dependendo grandemente da rede elétrica da Pacific Gas & Electric, que na verdade dará à empresa um sistema de emergência.
O Google talvez até gere um excesso de eletricidade solar que poderá vender para a PG&E, criando um outro fluxo de receita, disse Nicholas Parker.
Segundo Parker, o Google está tomando esta medida num momento em que a energia solar está passando de ser um ‘uma indústria de pequena escala, quase familiar, para ser um indústria importante’. E acrescentou que o nome e a influência do Google podem ajudar a desencadear a tendência.
‘As grandes empresas que têm por alvo o tipo de demografia que a Google tem estão se atropelando para serem uma mais verde do que a outra’, disse.’
Roberta Pennafort
Baixar música pela internet já dá processo
‘Pela primeira vez, a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) entrará na Justiça contra internautas que baixam e disponibilizam músicas ilegalmente na rede. Vinte pessoas serão processadas, a princípio. O Brasil ocupa o quarto lugar na lista de países líderes nesse tipo de pirataria. Em 2005, cerca de 3 milhões de brasileiros baixaram mais de um bilhão de músicas sem pagar, segundo pesquisa feita a pedido da ABPD.
A entidade segue o exemplo da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), que representa 1.500 gravadoras de 80 nacionalidades e combate os piratas digitais em todo o mundo. A federação já acionou 20 mil pessoas em 17 países.
Ontem, seu presidente, John Kennedy, se juntou ao diretor geral da ABPD, Paulo Rosa, para lançar uma campanha nacional contra a prática. Serão enviadas mensagens instantâneas avisando dos riscos que os usuários correm. ‘Queremos mostrar que não há diferença entre baixar música e entrar numa loja e roubar um CD’, disse Kennedy.
A ABPD também vai distribuir um guia para alertar pais de jovens (que podem ser responsabilizados caso seus filhos sejam descobertos baixando músicas). Realizada pelo Instituto Ipsos, a pesquisa encomendada pela associação, que ouviu 1.209 pessoas em dez regiões metropolitanas, entre elas Rio e São Paulo, mostrou que 59% dos piratas têm entre 15 e 24 anos. A maior concentração deles, como era de se esperar, está nas classes A e B.
Paulo Rosa explicou que as pessoas que sofrerão as ações – que visam a reparações por danos materiais – se apropriaram de milhares de músicas. ‘A grande rede não pode ser transformada numa terra de ninguém, onde se pode tudo’. Ele lembrou que existem 350 sites no mundo onde se pode adquirir música legalmente.
O Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro criou um abaixo-assinado na internet, que será enviado para o Congresso, pedindo mudanças na Lei de Direitos Autorais.
Entre outros pontos, a proposta iria descriminalizar a troca de música digital pela internet, sem fins comerciais. Representantes da FGV foram impedidos de acompanhar o anúncio da ABPD no Rio.
Em Londres, a IFPI anunciou 8 mil ações judiciais em 17 países, incluindo o Brasil. Segundo a entidade, o faturamento das gravadoras no Brasil, maior mercado da América Latina, declinou de US$ 724,7 milhões em 2000 para US$ 394,2 milhões no ano passado. ‘Boa parte dessa queda foi causada pelo crescimento fenomenal do compartilhamento de arquivo no País’, disse a entidade.
No total, a IFPI já promoveu mais de 13 mil ações legais fora dos Estados Unidos. Cerca de 2.300 pessoas já foram condenadas . ‘Elas todas pensavam que não seriam apanhadas, mas professores, carteiros, gerentes de tecnologia de informação, cientistas e profissionais de várias outras áreas acabaram tendo prejuízo’, disse Kennedy. COLABOROU JOÃO CAMINOTO’
O Estado de S. Paulo
Lucro líquido do Yahoo cai 38%
‘O Yahoo registrou queda de 38% no lucro no terceiro trimestre, com a desaceleração do crescimento na receita suscitando dúvidas entre os investidores sobre a estratégia do grupo. A companhia obteve lucro líquido de US$ 158,5 milhões no trimestre encerrado em setembro, em comparação a um lucro de US$ 253,8 milhões em igual período do ano anterior.
O comparativo entre trimestres deve apresentar distorções em razão das novas regras contábeis, sendo que a principal delas obriga o Yahoo a deduzir o custo da opção de ações de seus funcionários nos lucros neste ano. A receita do grupo no trimestre somou US$ 1,58 bilhão, o que representa acréscimo de 19% frente ao US$ 1,33 bilhão obtido no terceiro trimestre de 2005.
Excluindo comissões que a Yahoo pagou para seus anunciantes parceiros, a receita do terceiro trimestre cai para US$ 1,12 bilhão. ‘Embora estejamos tremendamente felizes com muitas coisas que estão acontecendo na Yahoo, não estamos satisfeitos com a performance financeira do terceiro trimestre’, afirmou Terry Semel, presidente do conselho do Yahoo.
Mas as notícias ruins para o Yahoo não param aí. Um estudo do instituto eMarketer mostrou que a receita com publicidade do Google nos EUA deve superar amplamente a receita do Yahoo este ano. O Google deve registrar este ano uma receita de US$ 4 bilhões com publicidade em suas páginas, enquanto a receita do Yahoo deve ficar em US$ 2,9 bilhões. No ano passado, os dois grupos tiveram receitas semelhantes – cerca de US$ 2,4 bilhões.
O Google deve ficar com 25,6% dos gastos com publicidade na internet nos EUA, e o Yahoo ficará com 18%, segundo dados do instituto. A previsão é que a receita publicitária do Google apresente um crescimento de 65% em relação ao ano passado, enquanto o crescimento do faturamento do Yahoo deve ficar em 17,5%. DOW JONES NEWSWIRES E AP’
TELEVISÃO
Eliana na TV paga
‘Depois de emplacar no comando de uma atração voltada para o público adulto, coisa que muita gente duvidava, a apresentadora Eliana, da Record, quer um programa na TV paga.
A loira, que há tempos vislumbra essa possibilidade, anda conversando com produtoras e programadoras de TV por assinatura.
Há 15 dias, Eliana foi vista conversando com diretores do GNT. Ela esteve lá para participar da gravação do Irritando Fernanda Young e acabou sendo sondada sobre essa ‘vontade’ de trabalhar em outro veículo. Apesar de ser um canal da Globosat, pertencente às Organizações Globo, o GNT pareceu bem interessado no passe da loira.
Vale ressaltar que a vontade de Eliana fez prevalecer em seu atual contrato com a Record uma cláusula que a libera para apresentação de um programa na TV por assinatura.
Um dos projetos da apresentadora é comandar uma atração de turismo, a exemplo de muitos especiais que fez na época em que apresentava infantis. No passado, Eliana chegou a negociar, sem sucesso, projeto parecido com um canal argentino.
Fura-fila galã
Você deixaria Marcos Palmeira passar na sua frente em uma enorme fila de supermercado se ele pedisse com ‘jeitinho’? Bruno Mazzeo passa por essa e outras no Cilada de sexta-feira, às 21h15, no Multishow. O episódio fala sobre supermercados, é claro.
entre- linhas
No próximo sábado, às 20h, a RedeTV! exibe o show em comemoração aos 40 anos de carreira do MPB 4. O espetáculo terá participação especial de nomes como Chico Buarque, Milton Nascimento, Zeca Pagodinho e Cauby Peixoto.
A Record está de olho no casting de Cristal, do SBT, para recrutar alguns atores. Bianca Castanho e Dado Dolabella estão na mira da emissora.
Depois de anunciar e cancelar por várias vezes a estréia de Bailando Por Um Sonho, o SBT avisa que o programa irá estrear neste sábado, às 22h30.
Ainda sobre Bailando, participam da atração : Valéria Valenssa, Virgínia Nowicki, Patrícia Salvador (assistente de palco de Sílvio Santos), Analice Nicolau, Luciana Vendramini, Sidney Magal, Fernando Scherer e Alexandre Barillari.
Tem cara de teste de horário a experiência da Record de reprisar, sem alarde, o Show do Tom aos sábados à noite. A reprise vem alcançando segundo lugar em audiência, com média de 8 pontos, e pode ganhar lugar fixo na grade da emissora.
O Diabo Veste Prada passou de livro para filme e agora deve virar série cômica de TV pela rede americana Fox.
Neste fim de semana, Alexandre Borges, Deborah Bloch, José Wilker, Juca de Oliveira, Vera Fisher e outros atores do elenco de Amazônia, minissérie de Glória Perez, gravam em Manaus. Haverá cenas no porto e no Teatro Municipal.’
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Folha de S. Paulo
Quarta-feira, 18 de outubro de 2006
ELEIÇÕES 2006
Resposta, já
‘A AFIRMAÇÃO do presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), amplifica suspeitas em curso desde a apreensão do dinheiro para a compra de um dossiê contra tucanos. Não há dúvida, sustenta Biscaia, de que os recursos foram obtidos de forma criminosa. ‘O levantamento já permite dizer que não há, no período, saques lícitos’, disse.
Por mais empenho que demonstre a CPI dos Sanguessugas -ontem foi aprovada a convocação dos envolvidos para depoimento-, desvendar de onde veio o dinheiro depende da Polícia Federal. Fazê-lo antes da votação de 29 de outubro seria um serviço de inestimável valia que a PF, corporação que avançou nos últimos anos, prestaria às instituições brasileiras.
Quem mais perde com a demora é o eleitor. Passados 34 dias da eclosão do escândalo, nada se sabe sobre o trajeto do dinheiro que alimentou malas petistas até sua chegada num hotel paulistano. A pronta elucidação do caso ampliaria ao máximo o conjunto de elementos à disposição dos eleitores acerca do dossiê. Um ponto final no episódio, antes do pleito, permitiria ao eleito dedicar-se exclusivamente à formação do novo governo.
É correto o argumento de que o tempo da investigação não se confunde com a disputa nas urnas. A atribuição da Polícia Federal é apurar com rigor e apresentar dados conclusivos.
Também é evidente o propósito eleitoral por trás da pressão de líderes da oposição -um deles tacha a conduta da PF de procedimento ‘fascista’ e revelador de censura imposta pelo governo. Mas a ação oposicionista tem o mérito de manter viva a necessidade de cobrança.
A melhor forma de dirimir as suspeitas que pesam sobre a Polícia Federal é imprimir mais velocidade à investigação. O inquérito, vale lembrar, foi instaurado em 18 de setembro, três dias após a apreensão de R$ 1,2 milhão e US$ 248,8 mil que seriam usados na compra do dossiê.
O universo a investigar compreende 30 casas de câmbio, operadoras de turismo e companhias que adquiriram dólares do lote de onde saiu parte das cédulas apreendidas. As movimentações em análise somam US$ 29 milhões -dólares que chegaram ao Brasil em duas operações feitas por um pequeno banco. Circunscritos a esses limites, os investigadores buscam o comprador de um lote de US$ 110 mil, em notas seriadas.
A julgar pela capacidade de mobilização demonstrada em operações anteriores, a PF dispõe de inteligência e infra-estrutura suficientes para dar conta da tarefa em prazo curto. De todas as hipóteses para o desenrolar dessa crise, a pior é uma notícia devastadora recaindo sobre um presidente recém-eleito.’
Marcos Nobre
O dinheiro não vota
‘DE POLÍTICA mesmo tivemos apenas os últimos 15 dias. Mas surgiram nesse curto período problemas realmente importantes. Só não foram aprofundados porque Alckmin nada tem a dizer.
Quando teve a chance, quando seu conselheiro econômico Nakano pôs as cartas na mesa, Alckmin disse que no governo dele só falava ele. E calou-se.
Só abre a boca para perguntar: ‘de onde veio o dinheiro?’ E o mais surpreendente é que todo mundo sabe a resposta: de um sistema político decrépito a que o governo Lula se adaptou ao invés de reformar. Para além da esfera criminal, o que importa é a estrutura política que produz o dinheiro e como reformá-la para fortalecer a democracia.
Não o emplastro charlatão da ‘reforma política’, receitado sempre que problemas reais aparecem e não se quer resolvê-los de verdade. Não chavões como o do ‘voto distrital’ ou ‘distrital misto’. Um sistema político que não consegue resolver nem mesmo se deve ou não haver emendas parlamentares individuais ao Orçamento vai conseguir demarcar distritos?
Partidos como os que conhecemos vão agora fazer ‘listas fechadas’ de candidatos? Conversa fiada. Uma conversa séria poderia começar por uma avaliação das novidades dessas eleições. Já dá para perceber, por exemplo, que a verticalização foi um desastre.
Foi imposta pelo TSE de maneira extemporânea, no prazo-limite para as negociações finais de alianças, e produziu uma confusão partidária e eleitoral inédita mesmo para padrões brasileiros.
Conjugada ao dispositivo da cláusula de barreira, conseguiu o contrário do que se pretendia: aumentou a dispersão de votos e mostrou o apreço do eleitorado por pequenos partidos. Isso sem contar, uma vez mais, a desastrada intervenção do TSE, que apresentou três interpretações diferentes do dispositivo. (Aliás, será que o Conselho Nacional de Justiça vai fazer uma avaliação séria da atuação do TSE nessas eleições?)
A polarização efêmera deste segundo turno não deve deixar esquecer a modorra que foi o primeiro.
Não deve deixar esquecer o desânimo inédito com que o eleitorado foi votar. Não deve deixar esquecer que aumentaram significativamente os votos brancos e nulos nas eleições proporcionais. É preciso fazer mudanças radicais, que tornem o sistema político sujeito a controles rígidos e permanentes, para além das eleições a cada quatro anos. O financiamento público de campanhas pode ser um bom ponto de partida para essa discussão.
Mas, principalmente, é preciso que mudanças radicais tragam de volta o prazer de votar, prazer que se podia ver nas ruas e nos rostos até 2002. Já é mais que tempo, por exemplo, de se pensar seriamente em tornar o voto facultativo. Nesse caso, o eleitorado teria muito mais do que a possibilidade de decidir se o que de fato importa é perguntar de onde veio o dinheiro.
MARCOS NOBRE é professor de filosofia política da Unicamp e pesquisador do Cebrap’
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Dossiê: PT diz que vai acionar revista ‘Veja’ por denúncias
‘A ofensiva petista para rebater as acusações da oposição de que a PF estaria abafando as investigações sobre o dossiê inclui um processo contra a ‘Veja’ e uma audiência no Tribunal Superior Eleitoral. Para o PT, PSDB e PFL estão ‘desestabilizando as instituições’ ao sugerir uma intervenção na PF. Na reta final da campanha, o partido quer garantir a presença de aliados na Câmara e no Senado para rebater as investidas dos tucanos.’
TODA MÍDIA
A pesquisa e a tropa
‘Deu no ‘JN’ que Lula foi a 60% dos votos válidos e Geraldo Alckmin a 40%, menos do que no primeiro turno. À tarde, em campanha no Rio, o tucano dizia que ‘dá para virar, a diferença é muito pequena’.
Mas ele sabe mais. Como descreveu o blog de Josias de Souza, desde domingo está em cena sua ‘tropa de choque’, seguida pela cobertura do mesmo ‘JN’.
Ontem a tropa foi à Justiça Eleitoral e pouco obteve. Mas na CPI saiu a quebra do sigilo de Freud Godoy, também decidida na reunião de domingo e, ontem, manchete da Folha Online à Jovem Pan -e ao ‘JN’.
Os blogs de Souza e Ricardo Noblat ironizam que a tropa, ‘na ânsia de criar fatos, deu tiro no pé’. Ontem foi à associação dos delegados da PF e ouviu, de seu presidente, que ‘as investigações são isentas e estão sendo conduzidas da maneira que deve ser’.
Comentou o primeiro que ‘mesmo tucano de boa plumagem não está livre de ter seu dia de pato’.
FISSURAS
Longo despacho da agência britânica Reuters, assinado por Ricardo Amaral e Naruza Nery, faz um levantamento de como o ‘segundo turno divide a oposição e detém a frente anti-Lula’. São ‘fissuras no PFL, no PPS e até no PSDB’, avançando ainda por PDT, Força Sindical, PTB e PSOL.
RICOS E POBRES
Já a agência americana AP está mais atenta ao fato de que a ‘eleição divide a nação entre ricos e pobres’. Ouve, entre outros, Albert Fishlow, da Universidade Columbia, para quem ‘essa diferenciação é um fenômeno novo, e estou preocupado sobre como o Brasil vai sobreviver a ela’.
VERDE CAMPANHA
Ecoou nas agências internacionais e na cobertura local do encontro de Marina Silva com Al Gore o artigo que a ministra escreveu com o chanceler Celso Amorim e o também ministro Sérgio Rezende, ‘A Amazônia não está à venda’, ontem na Folha. Sob títulos como ‘Brasil diz aos estrangeiros para ficar fora da Amazônia’, os despachos sublinharam que era resposta à reportagem do ‘Sunday Telegraph’ de duas semanas atrás, sobre a campanha do ministro britânico David Miliband, por um fundo mundial para comprar árvores na Amazônia. Supostamente, nada a ver com a presença de Lula no Amazonas, ontem.
No ‘teaser’, a chamada para ‘a primeira blogovela do Brasil’
ATÉ ‘BLOGOVELA’
Deu no jornal cearense ‘O Povo’, ecoou no Blog de Guerrilha, ‘Vem aí mais um campeão de audiência’.
É que se anuncia para o próximo dia 30 a estréia da ‘blogovela’ brasileira ‘A Casa Caiu’, sobre o seqüestro de ‘um fotógrafo de classe média alta’ que se dá mal com o pai, que talvez nem pague pela libertação etc. Já com ‘trailer’ no ar, será disponibilizada em vídeo mas também só áudio, fotonovela ou texto. O diretor diz que a idéia é se ‘adiantar para o futuro que vem com a TV digital’.
UM AVISO
A notícia on-line do dia foi dada pela Federação Mundial da Indústria Fonográfica, em uma coletiva no Copacabana Palace ecoada nas agências. Abrindo sua nova campanha contra a troca de arquivos de música, 20 brasileiros serão alvo de processo. ‘O objetivo propriamente não é acionar, mas mandar um aviso.’
VALE A PENA?
No site do ‘Guardian’, o blog de mídia destacou o caso do Brasil e comentou que, mundialmente, é ‘o maior ataque à troca de arquivos musicais até hoje’, com 8 mil ações. Observando que todos os processos feitos antes só renderam alguns milhões, o jornalista Bobbie Johnson se pergunta, ‘vale a pena?’.’
ROLLING STONE
Gisele, PCC e política recheiam ‘Rolling Stone’
‘‘Tudo o que importa’, diz o subtítulo interno. Assim, Mariana Ximenes, Bob Dylan, The Killers, PCC, Cansei de Ser Sexy e o Congresso Nacional, entre outros assuntos e personalidades, recheiam a primeira edição brasileira da revista ‘Rolling Stone’, que chega às bancas amanhã trazendo Gisele Bündchen na capa.
‘A escolha da Gisele não ocorreu em detrimento da questão musical’, diz Ricardo Cruz, editor-chefe da publicação, que custará R$ 8,90. ‘Ela é uma das brasileiras mais famosas no mundo. Está na capa para mostrar que fazemos uma revista não apenas de música.’
Como a matriz norte-americana -e, por tabela, as ‘filiais’ da ‘RS’ pelo mundo (França, México, Argentina etc.)-, a versão brasileira pretende se posicionar como uma revista de cultura e política. Para isso, dedica quatro páginas (são 138 no total) para comentar a nova composição do Congresso Nacional, chamado de ‘circo’.
Há, também, entrevista com um advogado (não identificado) do PCC, que detalha algumas relações da facção criminosa com a polícia paulista.
Além de um diário de viagem do Cansei de Ser Sexy, a ‘RS’ traz um perfil de Bob Dylan assinado pelo escritor Jonathan Lethem e entrevista com Jack Nicholson -os dois últimos, materiais da ‘RS’ americana.’
TELEVISÃO
Record exibe novela das oito depois das 22h
‘A Record desistiu de concorrer com a novela das oito da Globo, que começa às 21h. Sua próxima novela das oito, ‘Vidas Opostas’, que estréia em novembro, será uma novela das dez _entrará no ar às 22h.
A cúpula da rede ainda não bateu o martelo, mas já trabalha com esse cenário. Há três fatores favoráveis à mudança:
1) a Record deixa de colocar seu produto mais caro (‘Vidas Opostas’ terá gravações no exterior e custará R$ 200 mil por capítulo) competindo com o campeão de audiência da TV;
2) a Record atrapalha a Band, que também estréia em novembro, às 22h, uma nova novela, ‘Paixões Proibidas’;
3) evita problemas com o Ministério da Justiça, que já classificou ‘Vidas Opostas’ como inadequada para antes das 21h; no ar às 22h, a novela sofrerá menos pressão por seu conteúdo violento (terá um núcleo de traficantes) e sexual (Lavínia Vlasak aparecerá nua).
O único empecilho para a novela às 22h é o futebol às quartas, nesse mesmo horário.
A Record já está testando o horário, com sua atual novela das oito, ‘Cidadão Brasileiro’ (antes às 20h30), às 22h20. A audiência, de oito pontos, já parou de cair. A grade dos sonhos da Record é Daniella Cicarelli concorrendo com ‘Malhação’; ‘Alta Estação’ contra ‘O Profeta’; o ‘Jornal da Record’ versus a novela das sete da Globo e sua novela das sete, ‘Bicho do Mato’, às 20h, contra o ‘JN’.
BIQUÍNI DA HORA 1 Preocupada com uma eventual contratação de Daniella Cicarelli pela Record, a Globo enviou sinais para o estafe da apresentadora de que tem interesse no passe dela.
BIQUÍNI DA HORA 2 Record e Caíco Queiroz, empresário de Cicarelli, têm uma nova rodada de negociações hoje. A Record deverá apresentar uma contraproposta ao salário pedido por Cicarelli.
QUASE TRAÇO A entrevista do presidente-candidato Lula não mexeu com a audiência da TV Cultura. O ‘Roda Viva’ de anteontem deu apenas 1,6 ponto de média na Grande SP, com picos de 2,4. No horário, só 3% dos televisores estavam ligados na Cultura, que foi a última colocada entre as TVs abertas em VHF.
AQUECIMENTO A Globo já começou a estudar os custos do novo quadro do ‘Domingão do Faustão’, batizado de ‘Circo dos Famosos’, em que celebridades desenvolverão habilidades circences. A atração estréia em março.
CORRERIA TOTAL Maytê Piragibe ainda não terminou de gravar ‘Cidadão Brasileiro’. Sua personagem na novela, uma militante de esquerda clandestina no final dos anos 60, só morre em novembro. Mas a atriz já tem data para encarnar a mocinha pobre, moradora de morro carioca, de ‘Vidas Opostas’: dia 28.
ÚLTIMA HORA Silvio Santos decidiu anteontem à tarde que o ‘reality show’ ‘Bailando por um Sonho’ finalmente entrará no ar: no próximo sábado, às 22h30.’
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Agência Carta Maior
Quarta-feira, 18 de outubro de 2006
ELEIÇÕES 2006
Jornal Nacional: não é conosco
‘De repente, a edição de 17 de outubro de 2006 do Jornal Nacional da TV Globo, ficou obsoleta. Virou um Jornal de Ontem.
Durante a tarde desse dia divulgou-se pela internet, a partir do sítio de Paulo Henrique Amorim, a gravação e a transcrição que registram a conversa do delegado da PF Edmilson Bruno, com repórteres da TV Globo, da Folha de S. Paulo, do Estadão e do jornal O Globo, quando ele entregou o cd-rom com as fotos da pilha de dinheiro que os aqualoucos petistas levaram ao Hotel Ibis, em São Paulo, para a compra do dossiê Vedoin/Serra/Barjas.
A gravação prova a cumplicidade entre o delegado e os jornalistas, na intenção de prejudicar o PT e a candidatura à reeleição do Presidente Lula. Resta saber se esta cumplicidade foi apenas deles (difícil) ou se partiu dos seus superiores (provável). Edmilson, como já era do conhecimento público, insiste em que o conteúdo das fotos apareça no Jornal Nacional, e não antes, para sustentar sua versão de que as fotos foram surrupiadas de seu escritório, e os jornalistas concordam.
Para jornalistas, é muito vergonhoso. A gravação é contundente, pelo grau de subserviência que ela revela, confundido com jornalismo. A história já fora divulgada, a partir da reportagem de Bia Barbosa, aqui na Carta Maior, sobre o clima de repressão que pairava nas redações ao final do primeiro turno, depois pela reportagem de Raimundo Pereira na Carta Capital, em blogs e páginas pela Internet, e agora pela divulgação do sítio de Amorim.
Mas tem mais. O sítio de Mino Carta, a partir do de Carta Capital, afirma que a TV Globo orientou o delegado Edmilson Bruno quanto à forma de divulgar seu material fotográfico. Querendo evitar a acusação de 1989, Tralli, repórter da Globo, orientou o delegado a não entregar as fotos apenas à sua TV, mas a um conglomerado de repórteres, no que foi atendido pelo prestimoso funcionário. A tentativa de entregar as fotos exclusivamente à Globo se deu no dia 28; o convescote de repórteres se deu no dia 29.
Mas tudo isso passou em branco no Jornal Nacional de 17 de outubro. Apesar do delegado insistir na gravação que as fotos têm que sair no Jornal Nacional. Também passou em branco na CPI dos Sanguessugas, ocupada em quebrar o sigilo bancário e telefônico de Freud Godoy e de outros petistas, e só.
O Jornal Nacional rateou. Não tem, provavelmente, como explicar a cumplicidade jornalística. A CPI e outros jornais estão contra a parede. Ou se explicam, ou investigam o delegado falastrão, ou assinam o atestado de parcialidade e incompetência.
Enquanto isso, o programa e as inserções de Alckmin dizem que o dossiê era ‘contra Alckmin’, ou ‘para prejudicar a sua candidatura’. Cabe perguntar: quem mente?
Enquanto isso, Lula cresce nas pesquisas.’
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