Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Gabi, Lula, Dunga, Brasil!

É curioso um comercial que vem sendo veiculado na TV.


‘Eu sou Marília Gabriela, jornalista. Acredito no Brasil como a Vivo acredita’, diz a estrela da campanha. A mensagem permite digressionar por veredas que se aproximam.


Primeira: por que ressaltar ‘jornalista’? Talvez porque, apesar de nossos tropeços, a imprensa ainda apareça em pesquisas entre os setores em que a população mais confia. Os principais fatos recentes da história brasileira foram revelados pelos meios de comunicação.


Mas como confiar numa jornalista que faz propaganda de celular, perfume masculino, margarina e software, entre outros produtos? Marília Gabriela parece tão atraente às agências de publicidade porque une seus talentos de apresentadora e atriz à credibilidade geral da imprensa.


Segunda: a empresa de telefonia, no momento disputada por espanhóis e portugueses, é mais uma a ressaltar sua ‘brasilidade’.


Aversão à imprensa


Outras companhias têm feito o mesmo em campanhas publicitárias, aproveitando os bons índices econômicos do país. Poucas coisas devem deixar Lula tão feliz quanto ver esses comerciais, alguns de empresas sobre as quais ele fez explícita pressão durante a crise internacional, caso da Vale.


É o mesmo Lula que, com frequência, reclama das notícias que não lê -a se crer no que disse à Piauí. E cuja candidata a sucedê-lo enviou anteontem ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um programa de governo atacando o ‘monopólio da mídia’ e, diante da repercussão em veículos diversos, correu para retirar a menção. Publicidade é bom, jornalismo nem tanto.


E onde marketing, ‘brasilidade’ e aversão à imprensa se encontram: nos ‘guerreiros’ defendendo as cores de uma cerveja, raivosamente orientados por Dunga, que detesta repórteres. Deu no que deu.