O governo da Síria ordenou, na semana passada, que internautas usuários de cibercafés revelem sua identidade. Os donos destes estabelecimentos devem, a partir de agora, anotar nomes e números de identificação de seus clientes, além do horário em que eles chegam e vão embora. Os registros da movimentação de usuários devem ser apresentados regularmente ao governo, que nos últimos meses têm feito uma dura campanha contra ciberdissidentes. ‘Estas medidas têm o objetivo de assustar os internautas e espalhar o medo e a autocensura, violando o direito à privacidade e à livre expressão’, opina Mazen Darwich, chefe do Syrian Media Centre, órgão que monitora a censura à mídia síria. ‘O governo vem sendo metódico ao ampliar o escopo de sua censura de ferro’.
As autoridades alegam que o controle é necessário para proteger o país de divisões sectárias e de ‘invasões de Israel’. De acordo com o Syrian Media Centre, 153 sítios são bloqueados na Síria – entre eles estão redes de relacionamento como o Facebook, sítios de compartilhamento de vídeos como o YouTube, páginas de partidos políticos de oposição e de jornais libaneses.
‘Os fóruns online vinham sendo usados como um contra-ataque à censura da expressão pública’, relata Darwich. Através destes fóruns, os internautas também trocavam informações sobre ‘truques’ para driblar o bloqueio. O acesso à rede disseminou-se no país depois que o presidente Bashar al-Assad assumiu o poder, sucedendo seu pai, Hafez al-Assad, morto em 2000. A Síria é governada pelo Partido Baath, no poder desde o golpe de 1963. Informações de Khaled Yacoub Oweis [Reuters, 13/3/08].