Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Governo quer identidades reais na internet

Sites de notícias na China passaram a obedecer a regras do governo solicitando que internautas usem suas identidades verdadeiras para postar comentários, noticia Jonathan Ansfield [New York Times, 6/9/09]. Até recentemente, internautas podiam comentar as notícias de modo anônimo, geralmente sem precisar se registrar no site. Os sites, no entanto, eram obrigados a monitorar todos os comentários, que, ainda assim, podiam ser rastreados por meio do endereço de protocolo.


No começo de agosto, sem notificação pública de mudanças, portais de notícias como Sina, Netease e Sohu começaram a pedir que usuários não registrados usassem os nomes reais e números de identificação para postar comentários. Segundo editores, os portais estariam obedecendo a uma ‘ordem confidencial’ emitida no final de julho pelo Escritório de Informação do Conselho do Estado, um dos principais órgãos encarregados de supervisionar a internet na China.


A iniciativa não é à prova de falhas. É possível usar nomes, números de identidades e celulares falsificados – como foi testado por um repórter. Tampouco afeta usuários já registrados ou blogs. Ainda assim, a medida foi criticada por ser mais uma maneira de vigilância a sites de notícias no país, que já monitora atentamente a mídia. O governo alega que trata-se uma forma de garantir uma maior ‘responsabilidade social’ e ‘civilidade’ entre usuários.


Censura


Desde 2003, Pequim tenta forçar o uso de nomes verdadeiros na rede. Na época, clientes de cibercafés eram obrigados a mostrar alguma identificação, com a justificativa de impedir que menores frequentassem tais lugares. No ano passado, a legislação sobre o tema começou a ser discutida. A comunidade online chinesa é a maior do mundo, com 340 milhões de pessoas conectadas.


Os que defendem medidas de identificação alegam que o controle é necessário para ajudar a evitar ataques, informações falsas ou atividades ilegais que prejudiquem a ordem social. Críticos argumentam que isto representa uma violação à liberdade de expressão e à privacidade individual, cabendo aos sites e usuários disciplinarem a si próprios. Censores já fecharam diversos blogs e fóruns, e bloquearam a sites sociais como YouTube, Facebook e Twitter. Além disso, o governo provocou polêmica internacional ao ordenar que todos os computadores vendidos no país venham com um filtro antipornografia, ao qual autoridades teriam acesso remoto.