Pelo menos 16 repórteres de veículos de comunicação financiados pela União Européia e pelos EUA foram interrogados pelo serviço de segurança de Belarus e tiveram suas casas e escritórios revistados na semana passada, denunciou a Associação de Jornalistas do país. Segundo a presidente da organização, Zhanna Litvina, as rádios Racja e European Radio, financiadas pela UE, e a Radio Liberty, financiada pelos EUA, foram invadidas. Agentes de segurança estariam buscando por ‘materiais difamatórios’ ao presidente Alexander Lukashenko.
Na Polônia, Agnieszka Romaszewska, diretora da Belsat, emissora de TV financiada pelo governo e que exibe programas em bielo-russo, afirmou que 20 jornalistas foram presos e os equipamentos do canal foram confiscados. Especula-se que o número de jornalistas detidos em 12 cidades chegaria a mais de 30.
Manifestação
A ofensiva ocorreu após um protesto liderado pela oposição na capital de Belarus, Minsk, em 25/3, contra a proibição governamental de um feriado chamado de ‘Dia da Liberdade’. Dezenas de pessoas foram presas na manifestação deste ano. ‘Isto nos lembra a era Stalin, e não a Europa no século 21’, desabafou Yulia Kotskaya, repórter da Racja.
Agentes da KGB recusaram-se a comentar o caso. O vice-procurador-geral Alexei Stuk alegou que os investigadores procuravam por conteúdo relacionado a desenhos animados que estavam circulando na Internet e foram exibidos pela Belsat. ‘Estamos investigando se jornalistas cooperaram com os criadores dos cartuns que insultam Lukashenko’, afirmou Stuk. Em Belarus, insultar o presidente pode levar a até quatro anos de prisão. Lukashenko governa a ex-república soviética desde 1994. Segundo o Ministério do Exterior, as buscas se restringiram a jornalistas que trabalham ilegalmente no país. As rádios Racja e European Radio e a Belsat tiveram autorizações de funcionamento negadas pelo governo.
Ditadura
O presidente polonês, Lech Kaczynski, expressou ‘a mais profunda inquietação’ sobre a situação. ‘Os eventos em Belarus não são um regresso ao cenário anterior, mas sim um cenário ainda pior’, afirmou. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, pediu pela libertação dos jornalistas e acusou o regime de Lukashenko de ‘mostrar mais uma vez ser uma ditadura brutal e autoritária que ignora de modo grosseiro os direitos humanos e as liberdades fundamentais’. Informações de Yuras Karmanau [AP, 27/3/08].