A duas semanas do segundo turno das eleições peruanas, os candidatos Keiko Fujimori e Ollanta Humala denunciaram uma “guerra suja” na imprensa contra suas candidaturas. Tentativas de agressão a jornalistas, ameaças de morte e demissões em jornais, rádios e TVs acirram a polarização.
Ao menos dois episódios de violência contra jornalistas e duas ameaças de morte aconteceram no segundo turno, de acordo com o Instituto de Imprensa e Sociedade (IIS), órgão que monitora a liberdade de imprensa do país. Outros dois profissionais perderam o emprego e três demitiram-se em protesto, denunciando falta de equilíbrio na cobertura.
Keiko contesta tentativas de retratá-la como um “fantoche” de seu pai, o ex-presidente Alberto Fujimori, que governou o país entre 1990 e 2000 e cumpre 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade. Já Humala reclama de uma “campanha de difamação” de parte da imprensa, que o vincula ao presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Segundo o IIS, a exacerbação da disputa atrapalha o ambiente democrático. “A situação está muito polarizada”, diz a secretária de Comunicação da entidade, Adriana León.
Engajamento
De acordo com analistas consultados pelo Estado, os dois maiores diários de Lima – La República e El Comercio – engajaram-se na campanha. O primeiro apoia Humala, e o segundo é favorável a Keiko.
Para o cientista político peruano Eduardo Toche, do Centro de Estudos de Promoção do Desenvolvimento (Ceped), a mídia tem o direito de simpatizar com um candidato, mas não pode distorcer a informação. “A imprensa deve ser um meio de divulgação de informação, não de propaganda política”, afirma.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras criticou as demissões de jornalistas no Peru. “Preferência editorial não impede uma cobertura plural, e não justifica a “caça às bruxas”, diz o comunicado. “Assim, os meios fortalecem a impressão de que estão sendo pressionadas pelos candidatos.”