Pois, assim como o Lula conseguiu um Waldomiro Diniz, o FHC também teve um. Ele, assim como o Lula, tramou até impedir a CPI. E a mídia eletrônica (concessionárias) e a chamada grande imprensa estão aí servindo mais uma vez ao governo, o sistema torto e torpe. Já esqueceram o Waldomiro Diniz e se pegaram na hipocrisia dos bingos, que nada mais é do que uma armação do governo pra alimentar a imprensa, a mídia com novo sensacionalismo e, assim, desviar a atenção da opinião pública das questões que envolvem os ‘ladrões da pátria amada’ e que prosseguem livres, praticando corrupção (oficialmente acobertados) e ‘deitados em berço esplêndido’. Pobre ‘Patropi’. Pobre povo crédulo. E livres e enchendo os bolsos com estafantes manobras de corrupção, acobertamentos de sonegadores, estão os Sérgios Naya, os Paulos Maluf, os Pittas, os ACMs, Quércias, os Lalaus (que belo castigo para um ladrão de R$ 169 milhões ter que comer, tomar banho, assistir TV no macio e luxuoso sofá da sala), enquanto os governos não têm (é o que dizem) dinheiro pra assistência médica e hospitalar, educação, saneamento básico, e pra dignidade e auto-estima do povo. (…)
Francisco Antonio Pagot, jornalista
O que importa a fonte?
Gostaria de desculpar-me publicamente com o Sr. Dines. Em e-mail enviado a este estimado Observatório da Imprensa, através do Canal do Leitor, comentei o artigo do Sr. Dines ‘Depois das fitas e grampos, o vídeo’ [veja remissão abaixo]. Em meus comentários, de forma injusta, disse que não me lembrava do Sr. Dines atacando a ação dos arapongas. Em e-mail enviado a minha pessoa, o Observatório, de forma educada, reavivou minha memória, enviando-me uma extensa lista de artigos do Sr. Dines condenando a imprensa pelo uso irresponsável de fitas e grampos. Após a leitura dos artigos verifiquei o quanto o estimado jornalista condena tal prática, criando até a expressão ‘jornalismo fiteiro’. Gostaria de esclarecer, e não justificar, que o ‘não me lembro’ tinha um caráter de relevância e não-partidário. Tenho certeza de que o Sr. Dines jamais deixaria transparecer sua preferência política em sua profissão. Sendo assim, aceite minhas sinceras desculpas.
Em relação à matéria ‘Sigilo da fonte protege o crime organizado’, acredito que a relação de sigilo entre fonte e jornalista deve ser mantida. Quem daria informações ao jornalista que ‘trai’ a fonte? Se as informações da fonte são verdadeiras e relevantes o que importa quem as revela? Até a vida do jornalista pode estar em jogo. Por último, gostaria de reafirmar minha posição em relação ao vídeo. Mesmo concordando que tal prática seja abominável, e me parece lógico o favorecimento de terceiros, cabe ao jornalista julgar a importância do seu conteúdo, bem como a responsável checagem de todas as informações ali contidas e todas as implicações conseqüentes da publicação.
Ora, se vivemos em época conturbada, na qual o crime organizado e desorganizado aumenta a cada dia, é assustador ver um funcionário do governo, tão íntimo do poder, estar envolvido justamente com o crime. Não tenho dúvida de que é um fato jornalístico da maior importância.
A fonte não importa
Discordo do posicionamento expresso na matéria. A opção nestes casos é ter ou não ter a notícia. Parece-me que não é tão importante que todos saibam ‘quem’ grampeou, gravou ou filmou. Importa, isso sim, é que a prova do crime seja autêntica, e não uma montagem. Ora, se no combate ao crime o organismo policial utiliza o ‘disque-denúncia’, preservando o anonimato da fonte, por que, justamente, teriam os jornalistas de expor suas fontes? Tornar pública a identidade da fonte é defender que o ato criminoso permaneça oculto, como desejam os contraventores. A verdade não pode ficar submetida à forma que a torna conhecida, mas ao seu valor em si.
Enfoque pessoal
O que tenho observado em algumas leituras de grandes órgãos da imprensa (jornais e revistas) é que existe uma preocupação do jornalista (ou o veículo que ele representa) em passar ao leitor seu enfoque pessoal do assunto. Acho que o correto (e mais honesto) seria que ele apenas mostrasse os fatos, dando liberdade para que o leitor tire suas conclusões pela análise da matéria. Acho que a imprensa deve informar de forma clara e isenta.
Objetividade subjetiva
Admiro o esforço da objetividade, quando ele, de bom coração e intenção, tenta honrar a justiça. Contudo, o que torna os seres humanos diferentes dos animais é sua subjetividade, a capacidade de imaginar, dar significado e valores às coisas objetivas, ou seja, ver o que está além das coisas. Por isso, no fim todo esforço de objetividade é, em si mesmo, um ato subjetivo, um auto de fé, pois os olhos humanos só vêem o que a mente pensar. Quem investigue corrupção a encontrará onde pousar seus olhos, e a encontrará, e assim vai a lista até que um dia se possa entender essa maravilhosa capacidade criativa humana, que é imaginar.