Os chamados jornais de circulação nacional não souberam lidar com os extraordinários números do crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano. Algumas manchetes revelam que os editores foram surpreendidos pelo desempenho do PIB, ao mesmo tempo em que mostram certa omissão com relação a novos paradigmas que vêm sendo levados em conta nas avaliações econômicas que priorizam o aspecto da sustentabilidade.
A imprensa continua a considerar o Produto Interno Bruto como indicador único de desenvolvimento, ignorando os novos paradigmas impostos pelas urgências ambientais e sociais.
Ainda que levando em conta apenas o crescimento de 9% do PIB, as reportagens publicadas na quarta-feira (9/6) indicam que os jornais não esperavam um desempenho tão marcante do setor industrial e dos investimentos, mesmo com as notícias diárias de novos negócios e de otimismo em geral que eles próprios vinham publicando.
Patrimônio natural
Foi o maior salto do PIB desde 1996, superando todas as previsões anunciadas pela imprensa desde o início do ano. Os números posicionam o Brasil como o país que mais cresce fora da Ásia, conforme observa a Folha de S.Paulo – o que equivale a dizer que foi o maior crescimento entre todos os países democráticos.
Não custa lembrar que, há quatro anos, quando o Brasil crescia entre 2% e 3%, a imprensa cobrava um desempenho chinês. Agora que o Brasil cresce a níveis chineses, a imprensa alerta para riscos de superaquecimento.
Como a imprensa brasileira ainda não considera importante levar em conta a questão da sustentabilidade como eixo central da economia, o leitor precisa se esforçar para fazer análises mais amplas, que extrapolem os números relativos ao desempenho das empresas.
Observe-se, por exemplo, os números da economia, em conjunto com a notícia sobre a tentativa da bancada ruralista de amenizar o rigor do Código Florestal: a tendência à forte expansão dos negócios, somada a menos responsabilidade na preservação do patrimônio natural, pode produzir um verdadeiro desastre ambiental e econômico num prazo relativamente curto.
Mas a imprensa brasileira só enxerga cifrões.