Além da disputa entre os presidenciáveis, há um outro confronto em curso. Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva candidatam-se a sucessores do presidente Lula. Ao mesmo tempo será decidido o futuro da mídia brasileira. A hegemonia ficará com os jornais, com a TV ou a internet?
A entrada da TV foi de grande efeito: o espetáculo político ganhou uma nova dimensão a partir das entrevistas na bancada do Jornal Nacional da Rede Globo. A internet ainda não encontrou uma maneira de mostrar o seu poderio. Mesmo o debate Folha-UOL de quarta-feira (18/8) – primeiro no gênero no Brasil – não conseguiu eletrizar porque na realidade foi uma reinvenção da TV, sem os seus atributos e com todas as precariedades da web brasileira.
O fato de ter sido acessado em 127 países (como a Folha gabou-se na edição de quinta, 19) não chega a impressionar porque não se conhecem a duração e a quantidade de acessos. A edição do Observatório da Imprensa na TV Brasil também é acompanhada ao vivo por internautas do exterior, o mesmo acontece com ouvintes de países vizinhos que captam nossos comentários radiofônicos retransmitidos por emissoras brasileiras nas regiões fronteiriças.
Ilusões tecnológicas
Quem ainda não deu o ar de sua graça foi o meio jornal. Sem a vantagem da instantaneidade e, em compensação, com a capacidade de pautar o debate já que não está sujeito às limitações legais impostas às concessionárias de rádio e TV, o jornal vê-se obrigado a correr atrás do horário eleitoral e dos embates eletrônicos.
A aposta num grande elenco de opinionistas e celebridades em detrimento da reportagem investigativa escancara aqui os equívocos das empresas de jornalismo impresso – que nos últimos anos trocaram seus atributos históricos por miragens tecnológicas com prazos de validade limitados.