Foi entusiástica a cobertura dada pelo Globo, no sábado (14/5), à
sentença da juíza de Campos (RJ), que poderá tornar Anthony Garotinho inelegível
em 2006. A Folha de S.Paulo disse mais sobre as implicações políticas da
sentença, em dois terços de página, do que o Globo em cinco páginas e
meia.
Mas o outro lado também é de lascar. No jornal O Fluminense, de
Niterói, antiga capital, o assunto nem saiu na primeira página. Como se não
existisse. Mas a manchete é boa para a governadora Rosinha Matheus: ‘Sai o
calendário do 13° dos servidores estaduais’. (Veja
aqui o PDF.)
A Gazeta de Teresópolis também desconheceu o assunto. A Folha da
Manhã deu, com total destaque: é o jornal de Campos dos Goytacazes. Que
mais, perguntará o leitor? Mais nada.
Manipulação facilitada
Das 20 cidades do estado do Rio com mais de cem mil habitantes, só 10 têm
jornal local, mostra uma pesquisa na internet (por tamanho de população): Rio de
Janeiro, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Niterói, Campos, Petrópolis, Volta Redonda,
Barra Mansa, Cabo Frio e Teresópolis.
Das que não têm, uma é importante, Duque de Caxias (830 mil habitantes,
atividade industrial, inclusive uma refinaria da Petrobras) e duas outras,
populosas: Belford Roxo (472 mil) e São João de Meriti. As outras sete são:
Itaboraí, Mesquita, Nova Friburgo, Macaé, Nilópolis, Angra dos Reis e Resende.
Quase três milhões de pessoas moram em cidades que não têm uma única folha
própria.
A manipulação é muito maior nas emissoras de rádio. Isso é facilitado pela
escassez de jornais.
[Nota usada no programa Observatório da Imprensa na Rádio Cultura FM
de São Paulo, em 16/5/2005]