Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornais aumentam em 8,1%
a circulação no 1° semestre


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 4 de agosto de 2008


MERCADO EDITORIAL
Marili Ribeiro


Circulação de jornais cresce 8,1% no semestre


‘A circulação de jornais no Brasil segue a trajetória de crescimento iniciada há quatro anos. No primeiro semestre deste ano, ante o mesmo período de 2007, a média diária de circulação dos 103 jornais filiados ao Instituto Verificador de Circulação (IVC) cresceu 8,1%. Eram 4,062 milhões de exemplares no primeiro semestre de 2007, que saltaram para 4,392 milhões este ano.


Para o diretor do IVC, Ricardo Costa, os números demonstram o bom momento dos jornais no País. No pelotão de frente, entre os dez diários de maior circulação, apenas dois tiveram queda de circulação (veja gráfico). E, embora os títulos populares puxem a fila da expansão, os jornais tradicionais também cresceram.


‘Os jornais do Grupo Estado tiveram desempenho melhor do que a concorrência’, destaca o diretor de Marketing de Mercado Leitor da empresa, Antonio Hércules. O Estado de S.Paulo teve alta de 8,1% no semestre. Já a circulação do Jornal da Tarde cresceu 13,6%, bem mais que seus rivais.


Na avaliação do diretor do Grupo Estado, o bom resultado pode ser atribuído, por um lado, às ações de relacionamento desenvolvidas com os assinantes, que ajudaram a manter um alto índice de renovação de assinaturas. De outro, há o considerável peso dos investimentos na qualidade do produto. ‘O Estado se destacou na cobertura jornalística, com ?furos? importantes’, lembra ele. É o caso, por exemplo, de reportagens como o Caso Varig, que investigou o tráfico de influência na venda da empresa, e o escândalo do mau uso dos cartões corporativos, que derrubou a então ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial.


No caso do Jornal da Tarde, o executivo enumera, entre os atrativos que estimularam o aumento do número de leitores, a recente reformulação gráfica, que deu nova aparência ao diário, e a criação de um caderno específico sobre finanças pessoais, o Seu Bolso.


Os 30 maiores títulos do País são responsáveis por mais de 80% da circulação total. Nesse grupo, os jornais populares aparecem com força nos levantamentos mais recentes. Há aí desempenhos surpreendentes, como o do mineiro Super Notícia, que viu sua circulação aumentar 67% no período. No primeiro semestre de 2007, o diário contava com uma média diária de 179.981 exemplares, e no mesmo período deste ano chegou a 301.362.


O avanço dos jornais populares é apontado pelo diretor de Mídia da agência McCann Erickson, Ângelo Franzão, como um movimento muito positivo para o negócio da imprensa em todo o mundo. Na opinião dele, eles funcionam como um ‘test drive’ para futuros leitores de veículos tradicionais. ‘Conforme o público adquire o hábito da leitura, vai também enriquecendo seu universo de referências e acaba buscando jornais mais consistentes’, diz ele.


Fora a tendência mundial de crescimento dos jornais populares e gratuitos, há ainda o destacado desempenho dos impressos nos países emergentes, que se descolaram da desaceleração da economia global. A World Association of Newspapers (WAN) registra constante expansão da circulação de jornais no mundo graças aos países como China, Índia e Brasil.


O balanço do grupo americano dono do The New York Times está sendo visto como uma prova do revigoramento dos jornais impressos. No primeiro semestre, as vendas em banca e as assinaturas dos jornais do grupo cresceram 2,1%, contra todos os prognósticos e revertendo um período de queda.


‘Ainda é cedo para falar em retomada do meio jornal’, avalia Daniel Chalfon, diretor de Mídia da agência MPM Propaganda. ‘Mas é visível que havia um enorme exagero quando se pregava que o jornal iria desaparecer, destruído pelo poder da internet’, acrescenta. Para Chalfon, o que está acontecendo é que, diante da multiplicidade de mídias nos dias de hoje, nenhum canal passa a ser dominante. Há espaço para todos.


No caso dos veículos impressos, o maior trunfo para a sobrevivência num mundo cada vez mais digital é justamente a credibilidade e a hierarquização das informações, segundo Chalfon. ‘A velocidade na internet ficou tão grande e tão fragmentada que se perde tempo para se chegar ao que se quer ler’, diz ele. ‘Hoje, me resolvo melhor para enfrentar um dia de trabalho lendo o jornal impresso antes de sair.’’ 


 


MÍDIA & JUSTIÇA
O Estado de S. Paulo


Gilmar Mendes, Tarso e Souza debatem no ‘Estado’


‘O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, selaram um ‘pacto’ no último dia 15, na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para reformar o processo penal a fim de evitar abusos policiais e garantir os direitos individuais.


A reunião serviu para pacificar os ânimos de Mendes e Tarso, que vinham manifestando em público discordância sobre supostos abusos cometidos pela Polícia Federal na Operação Satiagraha, deflagrada para investigar e prender o banqueiro Daniel Dantas e aliados.


Hoje, Tarso e Mendes voltam a debater – desta vez frente a frente – o limiar entre o legítimo e o arbitrário nas operações do Estado contra o indivíduo. Eles participarão, juntamente com o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, do debate O Brasil e o Estado de Direito, no auditório do Grupo Estado. Britto questiona as ações, enquanto Souza já rebateu críticas de Mendes.


O presidente do STF e o ministro da Justiça ficaram em campos opostos em 8 de julho, dia em que a Operação Satiagraha foi deflagrada pela PF. Gilmar Mendes atacou a ‘espetacularização’ das prisões de suspeitos e o uso de algemas no transporte dos detidos.


Tarso atribuiu as críticas ao fato de os presos serem ‘pessoas de grande importância política, com contatos em todas as agremiações políticas, ricas’.


Quando Mendes concedeu habeas corpus para soltar Dantas, Tarso afirmou que isso poderia ensejar a fuga do banqueiro. ‘Ele não tem competência para opinar sobre o assunto’, retrucou o presidente do STF.


Esses são apenas alguns dos enfrentamentos deflagrados pela Operação Satiagraha. De um momento para outro, figuras de referência no mundo jurídico e político passaram a debater os limites das operações policiais, o vazamento dos chamados grampos telefônicos, a exposição pública dos detidos e a isenção da Justiça ao julgar ricos e pobres.


A celeuma rachou o Judiciário. Mais de cem juízes assinaram um manifesto contra Mendes, que, por sua vez, pediu uma investigação sobre a conduta do juiz Fausto de Sanctis, que determinou a prisão de Dantas.


Esses e outros tópicos devem ser abordados no debate de hoje, que, com inscrições encerradas, será transmitido ao vivo pela TV Estadão (www.estadao.com.br) e terá flashes da Rádio Eldorado, a partir do meio-dia.’


 


MEMÓRIA / ALEXANDER SOLJENÍTSIN
O Estado de S. Paulo


Morre Alexander Soljenítsin, símbolo de resistência na URSS


‘Moscou – Morreu ontem, aos 89 anos, o escritor russo Alexander Soljenítsin, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1970 e conhecido por suas ferozes críticas ao regime soviético – e em especial às prisões e aos campos de trabalhos forçados em que eram confinados os dissidentes, denunciados em sua célebre obra Arquipélago Gulag. De acordo com o seu filho Stephan, Soljenítsin morreu de insuficiência cardíaca aguda às 23h45 de Moscou (16h45 de Brasília). Ele era considerado o maior escritor russo vivo.


Nos últimos anos o autor, já muito debilitado, não aparecia mais em público. Raras imagens captadas pela TV russa o mostravam numa cadeira de rodas recebendo convidados em sua casa nos subúrbios de Moscou. O presidente russo, Dimitri Medvedev, transmitiu suas condolências à família.


Nascido em 1918, Soljenítsin formou-se em matemática, mas sua paixão sempre foi a literatura. Ele serviu no Exército soviético durante a 2ª Guerra até ser preso, em 1945, por criticar o modo como o ditador Josef Stalin conduziu o conflito. As críticas renderam-lhe uma década na prisão (período no qual enfrentou e venceu um câncer) e em campos de trabalhos forçados na Sibéria – experiências que marcariam suas obras.


Ele começou a tornar-se um escritor conhecido em 1962, com Um dia na vida de Ivan Denisovich, novela baseada em sua vivência em campos de trabalho forçados – e sua única obra publicada em sua terra natal durante o regime soviético, por ordem do então líder Nikita Kruchev, ansioso em denunciar os abusos de Stalin. Com a queda de Kruchev, em 1964, Soljenítsin voltou a ser perseguido.


Em 1970, ele ganhou o Prêmio Nobel de Literatura por uma série de livros publicados no exterior, como O Primeiro Círculo e O Pavilhão de Cancerosos. Em O Primeiro Círculo , Soljenítsin descreve três dias na vida dos prisioneiros de Mavrino, ‘prisão especial’ criada numa propriedade rural perto de Moscou logo depois da 2.ª Guerra. O título é uma referência à Divina Comédia, de Dante Alighieri, e seus círculos concêntricos do inferno.


O vencedor do Nobel, porém, recusou-se a receber o prêmio em Estocolmo com medo de ser proibido de voltar para casa. Em 1973, publicou em Paris sua obra mais conhecida, Arquipélago Gulag – um relato minucioso em 1.800 páginas dos campos de trabalhos forçados (ler abaixo). Por causa das denúncias contidas no livro, Soljenítsin foi considerado um ‘traidor’ pelo regime, teve sua cidadania suspensa e acabou expulso da URSS em 1974. Do exílio – ele morou na Suíça e nos EUA, onde viveu 18 anos recluso no interior de Vermont – o escritor tornou-se um ícone da resistência ao regime soviético. E um crítico mordaz da cultura ocidental, que ele chamava de ‘decadente’.


RETORNO


Após o colapso da URSS, em 1989, o governo russo lhe devolveu a cidadania. Mas ele só voltaria para a sua pátria em 1994, após concluir A Roda Vermelha, um gigantesco apanhado sobre a Revolução Russa. O retorno foi marcado por uma viagem de trem de 8.800 quilômetros pela rodovia transiberiana. Em vez de celebrar o início da democracia russa, Soljenítsin passou a denunciar o liberalismo econômico, a corrupção, permissividade sexual e a destruição dos valores nacionalistas da Rússia, entre eles a religião cristã-ortodoxa.


Suas obras mais recentes – O Colapso da Rússia, um apocalíptico ataque político aos males da sociedade, de 1998, e Duzentos Anos Juntos, sobre o judaísmo na Rússia, de 2004 – encontraram a indiferença do público. Soljenítsin chegou a ter um programa de entrevistas, cancelado por falta de audiência.


‘No fim de minha vida, me atrevo a esperar que o material histórico que recolhi entre na consciência e na memória de meus compatriotas’, disse Soljenítsin en 2007, quando o então presidente Vladimir Putin lhe entregou o Prêmio de Estado russo . REUTERS, AFP E EFE’


 


INTERNET
Patrícia Cançado


Ponto Frio cria empresa de comércio eletrônico


‘A Globex, controladora da rede Ponto Frio, anunciou a criação da Pontofrio.com Comércio Eletrônico S.A. em sociedade com quatro empresários de comércio eletrônico, entre eles três antigos executivos da Americanas.com e um dos fundadores do site de perfumaria e cosméticos Sack?s.


Eduardo Chalita, German Quiroga, Renato Drumond e Eduardo Castro serão os sócios e executivos da nova companhia, que será controlada pela Globex. Está prevista a opção de compra de ações da empresa pelos executivos, com participação máxima de 14% do capital.


O Ponto Frio foi um dos primeiros varejistas do País a lançar uma loja virtual, mas nunca decolou. Segundo relatório do Banco Itaú, de novembro de 2007, apenas 6% das vendas vinham da operação online, o equivalente a um faturamento de cerca de R$ 175 milhões ou 7% da receita da B2W (empresa formada pela união do Submarino e da Americanas.com).


No mesmo relatório, o analista apostava que as vendas eletrônicas da rede poderiam dobrar em 2008 e crescer 30% ao ano depois. ‘De qualquer forma, graças às margens de lucro apertadas e ao baixo potencial de crédito nesse canal de vendas, a Globex não deve se tornar o próximo B2W ou Mercado Livre’, escreveu o analista.


O time que vai administrar a empresa é experiente. Chalita comandou a Americanas.com entre 2000 e 2004. Quiroga e Drumond também foram executivos da empresa. Castro é um dos fundadores do site Sack?s.


‘Esse é um projeto desafiador. O Ponto Frio não tem histórico de bom atendimento online’, diz uma fonte do setor. ‘Nesse negócio, a única maneira de ganhar o consumidor é com propaganda e bom atendimento. E mudar isso leva tempo.’’


 


 


TELEVISÃO
Etienne Jacintho


Final terá mudanças


‘As mudanças na 2ª edição do Brazil?s Next Top Model (Brntm) não se restringem à troca dos jurados. Além da chegada do estilista Dudu Bertholini e do maquiador Duda Molinos, o reality show do canal Sony (com a Moonshot), que estréia em 4 de setembro, não terminará com o anúncio da vencedora. Assim como no 8º ano do original America?s Next Top Model, a versão nacional fará, no último episódio, uma recapitulação das candidatas e dos melhores – e piores – momentos da temporada.


Outra diferença está no horário de exibição da atração para o restante da América Latina. Este ano, o Brntm será exibido em todos os países no horário nobre. A 1ª edição foi ao ar aos sábados à tarde.


Segundo a diretora de Marketing do canal no Brasil, Stefania Granito, essa mudança é fruto de uma conversa entre as direções da Sony na América Latina, em que foi estipulado que qualquer produção latina da Sony será sempre exibida no horário nobre em todos os países.


Seguindo a nova regra, a 2ª temporada da produção mexicana Os Simuladores (da Sony com a Televisa) será apresentada no Brasil dentro do horário nobre e não mais aos sábados à tarde.’


 


 


Keila Jimenez


Globo não produziria Pantanal Remake


‘Tudo bem que essa seja a tese de defesa de Benedito Ruy Barbosa contra o SBT, mas entre o alto escalão da Globo, um remake de Pantanal não estava nos planos da emissora. Para a maior parte dos diretores da rede, o fardo a ser carregado com a inevitável comparação com o original – que marcou para sempre a história de teledramartugia – seria pesado demais para a líder. Não valeria correr esse risco. A compra do texto da novela, na verdade, tinha como objetivo evitar que outras emissoras fizessem um remake da trama.


‘Lourinha Bombril’


Foi gravada na quarta-feira, dia 29, a última edição do ano do programa Estúdio Coca-Cola Zero. Desta vez, o produtor Carlos Miranda juntou no palco Os Paralamas do Sucesso e a Banda Calypso. Os grupos musicais tocaram oito canções juntos. A série de cinco programas começará a ser exibida na MTV no dia 22.


Entre-linhas


Fernando Rancoletta, diretor de elenco do SBT, fica por lá só até o fim do mês. Responsável pela revelação de nomes como Caio Blat, Maria Fernanda Cândido e Bárbara Paz, Rancoletta começa na Record em setembro.


A nova contratação da Record reflete que a casa não está disposta a inflacionar ainda mais o mercado de atores e precisa descobrir novos talentos.


O Repórter Eco, da TV Cultura, não sairá do ar, como informou esta coluna. Apenas Flávia Lippi deixará o posto de apresentadora, a ser ocupado, interinamente, por Márcia Bongiovanni.’


 


 


CRÔNICA
Matthew Shirts


Deu no New York Times


‘Não sei se você já falou alguma vez em público. Li que provoca mais medo do que qualquer outra perspectiva humana, menos morrer. Deve ser um exagero. O pára-quedismo só pode ser pior, tal como surfar ondas acima de cinco metros de altura.


Mas, no meu caso, falar em público gera, sim, ansiedade. Fico nervoso antes, adrenalinado durante e, em geral, bem depois de dar palestras, com uma sensação química posterior do dever cumprido.


Voltava de uma apresentação dessas na livraria Saraiva do MorumbiShopping, noite dessas, de táxi, pela Marginal do Pinheiros. Falara da história da revista National Geographic, um assunto que domino, para um público de umas 10 pessoas, 12 talvez, se contar as crianças. Mas não importa muito o tamanho da platéia, nem o tema, as emoções são as mesmas.


Do banco de trás curtia o novo cartão-postal da cidade, a ponte Otávio Frias de Oliveira, que ainda não vira iluminada, e comentei o crescimento modernoso do bairro de Brooklin, ali do lado direito.


– É por isso – respondeu o motorista, um rapaz jovem, na casa dos 20 – que não entendo como podem chamar isto aqui de Terceiro Mundo.


– O Brasil?, indaguei.


– É. O Brasil. Você vê um bairro desses e pensa: não faz sentido chamar de Terceiro Mundo.


Talvez fosse um resquício de adrenalina da palestra, não sei, mas desandei a falar. Em tom professoral, expliquei que até 17 anos atrás o mundo era dividido em dois blocos. Ele talvez não se lembrasse. Era muito novo na época. Por um lado, havia os países capitalistas e desenvolvidos, englobados no termo Primeiro Mundo. Do outro, as nações comunistas, que integravam o chamado Segundo Mundo. O termo Terceiro Mundo surgiu para descrever os países mais pobres, pós-coloniais, muitos deles que não se alinhavam, necessariamente, nem com um lado, nem com o outro. Tentei fazê-lo ver que o termo traz, embutidas, reivindicações políticas e econômicas, progressistas.


– Mesmo assim – replicou -, não faz sentido.


Insisti na aula. Reconheci que hoje o conceito mais utilizado para o Brasil era o de ‘país em desenvolvimento’. Faz parte do grupo Bric – Brasil, Rússia, Índia e China. Mas ele não se convenceu. Entrou na Rebouças em silêncio e não falou mais comigo. Para ele, imaginei, o País deveria fazer parte do G-4, tal como seu time de futebol, e não da terceira divisão.


Lembrei dessa conversa na quinta-feira passada, ao me deparar com uma reportagem do New York Times. O título é Economia forte leva o Brasil ao palco mundial, numa tradução meio literal de Strong economy propels Brazil to world stage. Afirma que nosso país está prestes a se tornar uma potência. Aqui tem minérios, petróleo, agronegócios, indústria diversificada e uma forte ascensão social. O Brasil, veja só, diminuiu a distância entre ricos e pobres mais do qualquer outro país na América do Sul na última década. Não sabia disso. É o país que produz o maior número de milionários, depois da Índia e da China. O autor da reportagem, o jornalista Alexei Barrionuevo, credita tamanho avanço às exportações de commodities, ao tamanho do mercado interno, às reformas estruturais de FHC e à política socioeconômica do presidente Lula.


Pensei: aquele motorista de táxi cabeça-dura tinha razão. Deu até no New York Times. Eu é que estou devagar.


Diria até mais. A geração de riqueza tem a ver, também, com sorte. Com os recursos ambientais que tem, florestas e água e terra e sol, o Brasil se encontra em uma posição única no mundo. Está no lugar certo, na hora certa. Se se conseguir integrar práticas sustentáveis ao seu avanço econômico, poderá abrir um capítulo novo na história do capitalismo e enterrar, de vez, a noção de Terceiro Mundo. Neste caso, ficaria é no G-4 mesmo.’ 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 4 de agosto de 2008


 MÍDIA & POLÍTICA
Fernando de Barros e Silva


O Alienista


‘SÃO PAULO – Em baixa na PF, Protógenes Queiroz está em alta na opinião pública. Seu afastamento do caso Daniel Dantas & Naji Nahas, cujas circunstâncias e motivações não foram bem esclarecidas, teve o efeito de redimir os erros do inquérito obtuso que produziu. Fora da investigação -não talvez pelos bons motivos-, o delegado ficou à vontade para assumir, com e sem razão, o papel de vítima dos poderosos e paladino da moralidade.


Feito celebridade, Protógenes encontrou um palanque para seu discurso cívico-messiânico, no qual o jargão de delegacia vem embolado com clichês da esquerda e rudimentos mal assimilados de sociologia. Não deixa de sugerir um personagem de Glauber Rocha, sempre entre a política e o delírio, numa luta encarniçada do bem contra o mal.


Em entrevista ao repórter Rubens Valente, nesta Folha, Protógenes se põe como ‘porta-voz do grande grito contra a corrupção no país’, um ‘instrumento’ do povo que se sentia ‘oprimido’ pelos corruptos. Não é difícil imaginá-lo deputado em 2010 ou na lista dos mais vendidos do próximo Natal.


Assim como Daniel Dantas se tornou um vilão de novela, o delegado também é uma caricatura de herói. A questão de fundo vai além dos personagens da hora.


A Constituição de 88 e duas décadas de regime democrático produziram novas gerações de juízes, promotores, delegados e agentes da PF empenhados e em condições de enfrentar a impunidade dos poderosos. Isso é novo e é muito bom.


A boa nova, porém, produz monstros quando se fica sabendo que a Justiça concedeu à PF acesso a todo o cadastro telefônico do país a pretexto de investigar a turma de Dantas. Isso também é novo e não é apenas muito ruim. É assustador.


Se não se agir logo para conciliar a sede de justiça com as garantias constitucionais, corremos o risco de caminhar para uma República de Bacamarte, o famoso personagem de Machado de Assis que trancou a cidade inteira num hospício. Que tal prender toda a população e depois ir soltando os inocentes?’


 


 


POLÍTICA CULTURAL
Silvana Arantes


Fora do governo, Gilberto Gil diz que agora pode ser politicamente incorreto


‘Às 23h13 de sábado, o cantor e compositor Gilberto Gil subiu ao palco. Pela primeira vez desde 2003, um show de Gil não abria um parêntese em sua agenda de ministro da Cultura, cargo ao qual renunciou na quarta passada.


‘Agora não tenho mais o código de ética [da Comissão de Ética Pública, da Presidência] atrás de mim, nem o Tribunal de Contas nem os tribunais da sociedade’, disse o músico à Folha antes do show, ao ar livre e gratuito, no Parque de Exposições de Petrópolis, em Itaipava (RJ).


Embora não tenha perdido ‘a intimidade com o canto, com o público, com o palco’, ao se ver livre do cargo, Gil diz ter ‘psicologicamente sentido como se uma barragem se rompesse’.


Com o ‘sentimento da devolução integral ao mundo da liberdade poética’ veio a constatação: ‘Posso agora dizer o que quiser; xingar, se eu quiser; dizer que amo, dizer que odeio. Não preciso ser politicamente correto, no sentido da ética pública’.


Para cerca de 20 mil pessoas, cantou 17 músicas. Pulando, convidou a platéia a fazer o mesmo. E o primeiro show como ex-ministro terminou com um salto coletivo: ‘A, A, A, que Deus deu…’.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Brasil & China


‘Lula deu entrevista à agência Xinhua e já foi dizendo que os esportistas chineses ‘vão fazer história’, virar ‘o orgulho da nação’. Daí para a ‘parceria estratégica’ de Brasil e China, que ‘reflete um consenso na busca do desenvolvimento e de representar seus papéis na arena global’, por um ‘sistema multipolar’.


Nas buscas de notícias de Brasil, via agências, destaque para o anúncio por Lula de que falou com George W. Bush e vai falar com Hu Jintao, em Pequim, para retomar Doha e selar acordo em ‘um, dois meses’.


& ARGENTINA


Marco Aurélio Garcia, o assessor, adiantou-se à nova visita de Lula e disse ao ‘Clarín’ que o Mercosul ‘deve voltar a negociar com os EUA e a Europa’, com vistas aos acordos bilaterais


O ESTADISTA…


Celso Amorim falou a Jonathan Wheatley, do ‘Financial Times’, que saiu postando seu reconhecimento ao chanceler pelo ‘papel de estadista nas negociações’, ele que ‘está visivelmente cansado’.


Da entrevista, destacou que o Brasil deve acionar os EUA por subsídios ilegais. Mas, nas palavras, Amorim apenas ameaçou -deixando a porta aberta para Doha, que o ‘FT’ quer dar por encerrada.


E OS LOBBIES


Também a nova ‘Newsweek’ entrevista Amorim, com perguntas e respostas que esclarecem melhor o pensamento do chanceler.


Ele responsabiliza os ‘negociadores comerciais’ pelo colapso de Doha, pois eles ‘respondem a lobbies, contam seus votos no parlamento’. A revista entendeu como referência aos EUA e à Índia. Amorim prevê anos até chegar tão perto novamente.


LARRY VS. GLOBALIZAÇÃO


Larry Rohter, ‘que retornou aos EUA depois de muitos anos cobrindo o Brasil’, escreveu longa reportagem no ‘New York Times’ avaliando que o colapso de Doha, a preocupação com o aquecimento, ‘a reação à perda de empregos nos países ricos’ e sobretudo o custo crescente do transporte marítimo de mercadorias, devido à alta no petróleo, ‘começam a encrespar a globalização’.


A tese é que já se forma um movimento de renacionalização na indústria do mundo e dos EUA em especial.


‘NOUVEAU BILLIONAIRE’


Já o atual correspondente do ‘NYT’, Alexei Barrionuevo, fez o perfil de um ‘mega-rico brasileiro’ como amostra do salto no número de bilionários no país. No caso, o geólogo João Carlos Cavalcanti, um baiano atento às commodities, mas também ao ‘cosmo’, ele que é ‘místico’, cristão, budista


SIMULAÇÃO


A Globo, que antes visitou o porta-aviões dos EUA no Rio, segue a IV Frota e, ontem no aniversariante ‘Fantástico’: ‘Um navio brasileiro entra em uma guerra simulada e é atingido por um míssil americano’. E é claro que ‘nosso repórter estava lá’


OS RESTOS…


A intensa cobertura do assassinato da jovem inglesa em Goiás avançou pelo fim de semana, no Reino Unido. A BBC deu ‘a busca pelos restos’. O venerando ‘Observer’, com enviado a Goiânia, sublinhou que o assassinato ‘pode estar ligado a outras mortes’.


E AS GRADES


Mas os tablóides exploram mais. O ‘People’ noticiou a mensagem de texto enviada pelo assassino, ‘the bitch is in the bag’, a cadela está na mala. Outro ressaltou sua descrição de que foi como ‘fatiar bife’. E o ‘Sun’ deu foto do criminoso atrás das grades.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Record paga cachê por show de Madonna


‘A Record está disposta a pagar até US$ 5 milhões (R$ 7,750 milhões pela cotação da última sexta-feira) para transmitir com exclusividade um dos quatro shows que a popstar Madonna deverá fazer no Brasil em dezembro. O valor seria o mesmo do cachê da cantora para cada show no país.


A exibição, ao vivo, de uma apresentação de Madonna é uma questão de honra para a Record em sua disputa com a Globo. Seus executivos avaliam que o investimento vale não apenas porque dará retorno, mas também porque será bom para a imagem da rede.


O retorno de Madonna ao Brasil ainda não é oficial, mas já existem datas, de 13 a 20 de dezembro. Seriam três shows no Morumbi, em São Paulo, e um no Maracanã, no Rio. A diretoria do São Paulo Futebol Clube, dono do estádio, confirma a reserva do Morumbi para três dias de Madonna.


Segundo um alto executivo da Record, quatro empresas concorrem para produzir Madonna no Brasil.


A idéia da cúpula da Record é exibir o show ao vivo em um sábado (13 ou 20 de dezembro), após a novela ‘Chamas da Vida’. A emissora, se fechar o negócio, pretende faturar R$ 36 milhões brutos com a transmissão. Quer vender cinco cotas de patrocínio por R$ 5 milhões cada e uma master por R$ 16 milhões. Os anunciantes teriam chamadas na programação já a partir de setembro.


AMÉM 1


Uma igreja evangélica é a nova parceira da Rede 21, emissora da Bandeirantes que rompeu em julho com a PlayTV, marca de programação de TV da Gamecorp, que tem um filho do presidente Lula como sócio.


AMÉM 2


A partir do próximo dia 10, a Igreja Mundial do Poder de Deus ocupará 22 horas da programação do canal. A Band ficará com apenas duas horas, das 22h à 0h, para jornalismo. A igreja, também presente na Rede TV!, já aluga a grade da Rede 21 das 3h até as 10h.


AMÉM 3


Com apenas dez anos, a Igreja Mundial do Poder de Deus é comandada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, um ex-bispo da Igreja Universal, de Edir Macedo, dono da Record.


AGORA VAI


As gravações de ‘Negócio da China’, próxima novela das seis da Globo, começam nesta semana em São Paulo. Apesar do pouco tempo, a estréia continua marcada para outubro.


DNA


Tony Ramos será pai de criação de Márcio Garcia em ‘Caminho da Índia’, próxima novela das oito da Globo. Ramos será um sábio contador de histórias de mitos indianos.


20 OU 18?


Em ‘A Favorita’, Flora (Patrícia Pillar) ficou 18 anos presa. Nos anúncios publicados pela Globo na semana passada, reproduzindo reportagem de jornal, a prisão ocorreu em 1988, porque as notícias verdadeiras listadas na página, como a Constituinte, eram desse ano. Mas, na sexta, quando o fictício jornal publicou sobre a libertação de Flora, as notícias verdadeiras eram de 2008.’


 


 


Mariana Bastos


Série apresenta esportes ‘rejeitados’


‘Antes de encarar uma maratona de TV na madrugada olímpica, que se inicia na sexta, o fã de esporte poderá conferir uma série interessante sobre modalidades que estão longe de figurar no programa da Olimpíada. Boxe feminino, corridas de camelo com jóqueis-robôs, surfe e kung fu são alguns dos esportes abordados nos cinco documentários que o National Geographic transmitirá nesta semana. No primeiro episódio da série, que vai ao ar hoje, às 21h, a vitória transcende a conquista esportiva e tem como sinônimo a redenção. ‘Boxe Atrás das Grades’ conta a história da presidiária Siriporn, 23, detida por posse de drogas na Tailândia. A oportunidade de conseguir a liberdade aparece pelo esporte. Ela e outras presidiárias praticam boxe e sonham com o título mundial da modalidade. Mais do que a conquista do cinturão, uma vitória na final significa a redução da pena. Na Tailândia, onde o boxe é um dos esportes mais populares, a prática feminina é relegada a segundo plano. Tanto que, por tradição, a disputa entre mulheres jamais pode ser anterior a uma luta masculina, pois ‘pode trazer má sorte aos boxeadores’. Qualquer semelhança com o machismo no futebol brasileiro é mera coincidência.


BOX ATRÁS DAS GRADES


Quando: hoje, às 21h


Onde: no National Geographic


Classificação indicativa: não informada’


 


 


QUADRINHOS
Pedro Cirne


Turma da Mônica vira teen em HQ


‘A imagem que os leitores têm da Turma da Mônica é de quatro crianças, bem amigas, que surgiram nas histórias em quadrinhos de Mauricio de Sousa e depois viraram filmes, desenhos e brinquedos. Entretanto, algo aconteceu: em ‘Turma da Mônica Jovem’, revista mensal a ser lançada na 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, entre 14 e 24 deste mês, o quarteto aparece adolescente e desenhado em um estilo que lembra bastante o mangá (as HQs japonesas).


Trata-se de uma nova linha de histórias, com os mesmos personagens, mas vivendo outras situações. ‘Nunca pensei em substituição. A ‘Turma Jovem’ será outro núcleo, com outras revistas’, diz Mauricio de Sousa à Folha.


‘Era uma velha curiosidade minha e dos leitores’, disse o quadrinista sobre as motivações da transformação. ‘Como seriam os personagens depois que crescessem? O que se modificaria? O que se firmaria na personalidade de cada um?’


Muitas coisas mudaram e já puderam ser percebidas no número zero de ‘Turma da Mônica Jovem’, que foi distribuído em julho e serviu como ‘aperitivo’ do que virá nas novas revistas. Além da diferença de idade -eles estão oito anos mais velhos-, cada personagem passou por transformações individuais.


Mônica não é mais baixinha ou gorducha; Magali preocupa-se com a qualidade da sua alimentação; Cascão toma banho ‘de vez em quando’; e Cebolinha, após fazer um tratamento com uma fonoaudióloga, não troca mais as letras -e prefere ser chamado de Cebola.


‘Cada um manteve sua característica, só que menos evidente. Na adolescência as preocupações vão além de suas próprias características’, afirma Mauricio. ‘Está havendo uma curiosidade pelos personagens crescidos justamente por essa possibilidade de novos temas.’


A outra mudança é no estilo dos desenhos, mais próximos dos mangás. ‘Na verdade, emprestamos do estilo mangá a expressividade dos olhos, algumas cenas mais ágeis e a impressão em preto-e-branco’, diz Mauricio. ‘Eu diria que a ‘Turma da Mônica Jovem’ é uma mescla de meu estilo com o mangá e não apenas mangá. Não perdemos as características básicas, mas adotamos uma tendência que está aí na preferência desse público.’


A revista ‘Turma da Mônica Jovem’ será maior que as demais em que os personagens aparecem: terá 128 páginas. Além dos leitores habituais de Mauricio, a nova linha também quer atrair os fãs dos mangás.


É um novo caminho que se abre para os personagens, para quem cria as histórias e, principalmente, para os leitores habituais da Turma da Mônica.’


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