Quando a imprensa apresentou a migração do rádio para a TV ninguém questionou o fim do jornalismo como conhecemos hoje: noticioso. O que mudou nesse contexto foi que novas técnicas de produção, apuração e publicação foram adicionadas à maneira de se fazer notícia.
Do rádio, impresso ou TV, o jornalismo continua o mesmo. As mutações ocorreram, principalmente, em seus públicos consumidores de informação. As maneiras de produção e compartilhamento foram questionadas; o jornalismo, não. Seus ouvintes, leitores e telespectadores, respectivamente, transformaram as maneiras de consumo e passaram a exigir novas experiências e participação mais ativa na escolha do que ser noticiado. Porém tais expectativas nunca foram ouvidas. Até agora.
Com a internet, os usuários puderam obter um amplo leque de opções no que diz respeito ao acesso às informações em escala planetária. Das únicas estações, emissoras e publicações, os consumidores de notícias puderam abocanhar ou boicotar determinadas empresas de comunicação, criando um efeito zap maximizado para todos os meios noticiosos.
Entretanto, a maior mudança ocorreu no produto final da notícia: se os usuários não possuem o que querem, eles simplesmente criarão e compartilharão a informação desejada. A mudança de técnica jornalística para o futuro se baseia em que a imprensa deve ter consciência de que o leitor está e estará mais ativo do que nunca e, sobretudo, não basta mais oferecer informação de qualidade, instantânea e em múltiplas plataformas, pois o usuário quer ter a notícia onde, como e à hora que ele quiser.
Depois, é só aguardar um novo ciclo
O jornalismo do futuro será o mesmo de hoje, será o mesmo do passado. O jornalismo tem por base estrutural oferecer conteúdo jornalístico de qualidade, diferenciado e exclusivo, aprofundado e analítico. Alguma rede ou mídia social será capaz de quebrar tais fundamentos? A sociedade precisa da imprensa, assim como a imprensa só sobreviverá se souber renovar os modos de apuração, produção, publicação e, com o novo cenário da web 2.0, compartilhamento da informação.
O jornalismo que queremos para amanhã é diferente do de hoje e do de ontem somente em relação às suas formas, formatos e públicos – jamais no quesito notícia informativa. O jornalismo é a base e o conceito mais fundamentais de uma sociedade democrática em um estado de direito, firme de suas convicções e princípios.
No passado, papéis e aparelhos analógicos andaram juntos. Hoje, a internet reformula a maneira como os usuários estão acostumados a consumir notícia. Amanhã, a informação será produzida com maior participação do leitor, compartilhada em plataformas e estruturas inimagináveis atualmente, como e onde o usuário quiser. O jornalismo será mais colaborativo, instantâneo e fundamental do que nunca. Ele jamais deixará de existir, apenas irá mudar suas técnicas de produção para se adaptar aos novos tempos que estão por vir. Depois, é só aguardar um novo ciclo para que novas mudanças sejam feitas, sempre existindo por base um único conceito, não importando a época em que vigora: jornalismo é informação, e só existirá informação se existir jornalismo.
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Jornalista, blogueiro, pós-graduado em Assessoria de Imprensa, Gestão da Comunicação e Marketing e pós-graduando em Política e Sociedade no Brasil Contemporâneo, São Paulo, SP