A empresa francesa Fimalac, proprietária da agência de classificação de risco Fitch Ratings, anunciou na semana passada sua oferta pelo Les Échos, maior jornal de assuntos financeiros da França. A proposta de 166 milhões de libras pode pôr em risco as negociações da editora Pearson, dona do diário, com o grupo de artigos de luxo Louis Vuitton Moet Hennessy (LVMH).
A proposta da Fimalac foi apoiada com entusiasmo pelos jornalistas do Les Échos, que temem que a compra do jornal pelo LVMH, dirigido pelo empresário Bernard Arnault, prejudique sua independência editorial.
A nova oferta, feita à Pearson na quarta-feira passada (11/7), ultrapassa a da LVMH em pouco mais de três milhões de libras. A Fimalac se compromete ainda a manter os empregos e garante a independência editorial do jornal. Horas após o anúncio, os jornalistas do Les Échos votaram em favor da venda. Foram 190 votos favoráveis, nenhum contrário e uma abstenção.
Empolgação
‘[A proposta] é uma grande notícia’, afirma Vincent Collen, porta-voz dos jornalistas. ‘A Fimalac vendeu todas as suas atividades industriais, e possui apenas uma pequena companhia de software; e sua agência de classificação de risco é modesta e rigorosamente regulada’, explica ele o entusiasmo da equipe.
Mas, se for concretizada, a felicidade dos jornalistas deve demorar um pouco. A Pearson afirmou que continuará a negociar com a LVMH. ‘Nós entramos em negociações exclusivas com a LVMH e isso irá continuar assim. Nos comprometemos com eles e não podemos falar com mais ninguém’, afirmou um porta-voz da empresa. As negociações exclusivas entre as duas companhias duram até novembro. A Fimalac diz que sua oferta é válida até o dia 31 de dezembro.
Conflito
Desde que o LVMH fez a proposta pelo Les Échos, funcionários do jornal já fizeram greve por três vezes em protesto contra a venda. Eles acreditam que Arnault poderia interferir na linha editorial do diário, e como a LVMH é constantemente tema de cobertura do Les Échos, isso seria um risco.
Já Arnault refuta as críticas. ‘O Les Échos sempre cobriu a LVMH de maneira objetiva, e eu não vejo razão para mudar isso. Eu me comprometo a isso: os jornalistas terão liberdade completa para escrever’, afirmou o empresário, que é o homem mais rico da França e amigo íntimo do presidente Nicolas Sarkozy, há algumas semanas. Informações de Gwladys Fouché [The Guardian, 13/7/07].