Organizações de mídia do Sri Lanka, em parceria com grupos de direitos humanos e civis, deram início a uma campanha pela segurança dos profissionais de imprensa no país, vítimas cada vez mais comuns de ataques de grupos não identificados. Críticos afirmam que o aumento no número de ataques a jornalistas é culpa do governo, que falha ao permitir a impunidade dos agressores.
Além disso, desde o início do mandato do presidente Mahinda Rajapaksa, em novembro de 2005, cinco jornalistas foram seqüestrados, rádios e jornais foram fechados, sítios de internet, bloqueados e a prática do jornalismo tem enfrentado censura. Como parte do protesto, jornalistas, ativistas e membros de organizações civis fizeram uma fila em frente ao maior posto dos Correios na cidade de Colombo para enviar telegramas ao presidente. Todos usavam máscaras negras com a mensagem ‘parem de oprimir a mídia’ cobrindo suas bocas.
Repressão
‘Esta campanha tem como objetivo pedir ao presidente que pare imediatamente com a violência e a repressão contra a mídia e que garanta a segurança dos familiares de jornalistas’, afirmou Poddala Jayantha, secretário-geral da Associação de Jornalistas do Sri Lanka. ‘De ameaças ao assassinato de jornalistas, nenhum dos incidentes foi investigado e os criminosos não foram nem levados à justiça’, completou. Pelo menos 10 profissionais de imprensa foram mortos no país nos últimos dois anos.
O Sri Lanka foi listado como o terceiro lugar mais letal para jornalistas no ano passado, atrás apenas do Iraque e da Somália, em um ranking da Associação Mundial de Jornais (WAN, sigla em inglês). Apenas este ano, 12 jornalistas foram atacados no país. Questionado sobre os esforços das autoridades para punir os que atacam ou intimidam profissionais de imprensa, um porta-voz da polícia disse apenas que ‘as investigações estão em andamento, ninguém foi preso ainda’.
Boicote
Ativistas também organizam um boicote à cúpula sul asiática no início de agosto. Segundo o semanário Lakbima News, diversas publicações decidiram não cobrir o evento, realizado pela Associação Sul Asiática para Cooperação Regional. ‘Organizações de mídia locais e internacionais aderiram à proposta de boicotar a cobertura da cúpula já que o governo do Sri Lanka não garantiu que os jornalistas possam realizar seu trabalho sem empecilhos’, afirmou.
A imprensa do país sofre com a censura desde o início da guerra civil, em 1983. O acesso a áreas comandadas por guerrilheiros da minoria étnica tâmil, que lutam por independência, é restrito. Informações de Shihar Aneez e Ranga Sirilal [Reuters, 7/7/08] e da AFP [6/7/08].