O Daily Mirror criticou a Polícia Britânica de Transporte (BTP, sigla em inglês) por ter usado a Lei Antiterrorismo para justificar a prisão de dois membros da equipe do diário na terça-feira (24/7), alegando que ações deste tipo prejudicam o futuro do jornalismo investigativo. Os dois homens tentavam colocar uma falsa bomba em um túnel da estação de metrô de Stonebridge Park para testar as medidas de segurança do local.
‘Ser preso sob a Lei Antiterrorismo de 2001 é muito mais que preocupante; é algo completamente desproporcional ao suposto crime’, afirmou Gary Jones, chefe de notícias do Daily Mirror. ‘Jornalistas devem temer o futuro do jornalismo investigativo se os que estiverem exercendo práticas investigativas começarem a ser presos sob a lei’.
O repórter Tom Parry e o fotógrafo Roger Allen foram soltos no dia seguinte, após o pagamento de fiança. Suas casas foram vistoriadas pela polícia após o incidente, e os dois terão de comparecer à corte em setembro. Na casa de Parry, um computador, um notebook e um videocassete foram apreendidos; a mulher do jornalista foi interrogada. O jornal só veio a saber da prisão por um repórter da Press Association, que entrou em contato com a redação.
Em busca de novo furo
Um porta-voz do Daily Mirror defendeu os jornalistas. ‘No ano passado, jornalistas do Mirror conseguiram, com sucesso, colocar uma bomba falsa em um trem que carregava material nuclear, o que revelou sérios problemas de segurança’, relatou. ‘Por isso, achamos legítimo e justificado o exercício jornalístico para repetir o fato, com base no interesse da segurança pública. Ficamos felizes em saber que os procedimentos de segurança melhoraram’.
Parry trabalha para o Mirror desde 2001. Em janeiro deste ano, ele colocou uma bomba falsa em um trem que carregava material bélico, gerando uma revisão de normas de segurança dos trens usados pelo Ministério de Defesa do Reino Unido. Em julho do ano passado, o Mirror fez o mesmo envolvendo trens que carregavam lixo nuclear.
O furo mais ousado, entretanto, foi em 2003, quando um repórter se infiltrou como criado no palácio de Buckingham, residência oficial da Rainha Elizabeth II em Londres, com referências falsas. Em 2005, um repórter do tablóide Sun alegou ter dirigido uma van contendo uma caixa com a palavra ‘bomba’ escrita, a metros de apartamentos privados da rainha no castelo de Windsor. Informações da AFP [24/7/07] e de Stephen Book [The Guardian, 25/7/07].