Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalões de domingo adotam
revistas semanais como paradigma


O Globo começou, mas o jornal não tem competidores locais no seu segmento e, aos domingos, tem pouca circulação fora do Rio.


Na paulicéia, a Folha foi a primeira a desvairar-se: inaugurou o ‘domingão fashion‘ – capa de revista dominical com conteúdo de segunda (feira).


O Estadão, felizmente mais conservador na adoção de modas, ainda resiste. Logo deverá curvar-se ao conluio entre marqueteiros, publicitários e consultores que decretou o nivelamento por baixo de jornais e as revistas de fim de semana.


O raciocínio é simples: se Veja é uma sombra do que foi e mesmo assim é a campeã em circulação, então por que gastar dinheiro e desgastar as mirradas equipes para dar um show de jornalismo no dia de maior circulação?


Na Folha, a entrevista com a ‘Musa do Escândalo’, no domingo da semana passada (1°/07), foi seguida neste último domingo (8/7) por outra no mesmo estilo e igual destaque, com o ‘Muso do Luxo’, o restaurateur e hoteleiro Rogério Fasano. Parvoice padrão Jardins, temperada pelo sotaque toscano.


Jornalismo declaratório às avessas, onde o entrevistado diz tanta bobagem que não precisa ser levado a sério. Entrevista-trash, precursora do jornalismo-trash que, em breve – com mais duas Flips & Flops – produzirá enfim a literatura-trash, destinada a acompanhar nossa fulminante trajetória rumo ao primeiro mundo.


O projeto certamente culminará com a emancipação das edições de domingo, preparadas ao longo da semana, sem compromissos com a atualidade. Como faz o Times de Londres, que no domingo tem outra cara e outro nome – Sunday Times –, mas é a mesma porcaria.


Em tempo: assim como a entrevista da Musa do Escândalo não mereceu qualquer manifestação no Painel do Leitor, ao longo de uma semana inteira (inacreditável!), a entrevista-trash com Rogério Fasano parece destinada à mesma consagração (nenhum comentário dos vigilantes leitores Folha na segunda e terça-feira).