Uma corte federal de apelação dos EUA negou, na semana passada, pedido para uma audiência do blogueiro e videojornalista freelancer Josh Wolf, preso há três meses por se recusar a cooperar com o grande júri em relação à investigação de um violento protesto contra o G8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia).
A decisão significa que o blogueiro pode ficar encarcerado até julho do ano que vem, quando o termo de prisão do grande júri expira, informou seu advogado, Martin Garbus. Se isto acontecer, Wolf se tornará o jornalista que ficou mais tempo preso na história recente dos EUA, de acordo com o Comitê de Repórteres pela Liberdade de Imprensa. Vanessa Leggett, jornalista freelancer de Houston, ficou 168 dias na prisão entre 2001 e 2002 por se recusar a dar informações sobre um caso de assassinato.
Wolf filmou uma manifestação anticapitalismo ocorrida em julho de 2005, em São Francisco, simultaneamente à conferência do G8 na Escócia. O blogueiro capturou imagens dos manifestantes que, eventualmente, entraram em conflito com policiais. Na confusão, um policial ficou ferido quando uma bomba ou fogo de artifício foi colocado embaixo de uma patrulha.
Este ano, Wolf foi intimado a depor e os promotores lhe pediram que entregasse o vídeo, sem edição. O blogueiro recusou-se, alegando que tinha que proteger os que apareceram na filmagem. Em agosto, ele foi preso. Em setembro, foi libertado após pagar fiança, mas retornou à prisão quando a fiança foi revogada por uma corte de justiça. Em outubro, seu advogado pediu uma audiência, alegando que o tema em questão era ‘o direito de um repórter de conduzir atividades legais de apuração sem medo’.
Apoio internacional
O blogueiro ganhou apoio da Sociedade dos Jornalistas Profissionais, que contribuiu para um fundo com o objetivo de financiar sua defesa. Lucie Morillon, porta-voz da Repórteres Sem Fronteiras, classificou a decisão de manter Wolf na prisão de ‘absurda e injusta’. ‘Mesmo ele não sendo um jornalista com 20 anos de experiência, ele quer proteger suas fontes. É esta a decisão que devemos apoiar e respeitar’, afirmou. Wolf vendeu partes do vídeo para a televisão local e colocou outras partes em seu sítio. Informações de Jesse McKinley [The New York Times, 17/11/06].