Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Judiciário confirma condenação de jornalistas à morte

O Irã confirmou, esta semana, a condenação à morte a dois jornalistas iranianos curdos sob a acusação de ‘inimigos de Deus’. Organizações em defesa da liberdade de imprensa haviam noticiado, há poucas semanas, a sentença recebida por Adnan Hassanpour e Abdolvahed ‘Hiva’ Botimar em um tribunal revolucionário em Marivan, província do Curdistão iraniano.


Esta foi a primeira vez, entretanto, que o judiciário confirmou a condenação. ‘Botimar e Hassanpour foram sentenciados à forca pela acusação de serem mohareb‘, afirmou o porta-voz do judiciário, Ali Reza Jamshidi, usando um termo legal que pode ser traduzido como ‘inimigo de Deus’. Ele afirmou que não poderia confirmar se a sentença havia sido validada pela suprema corte, e não forneceu detalhes sobre os crimes dos jornalistas.


De acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras, Botimar e Hassanpour escreviam para a revista Asou (Horizontes), antes de sua proibição, em agosto de 2005. Hassanpour teria publicado diversos artigos sobre política e concedeu entrevistas a veículos estrangeiros, enquanto Botimar era ativista da ONG de defesa ambiental Sabzchia. Os dois julgamentos foram a portas fechadas, sem a presença da imprensa ou do público. Há informações de que Hassanpour teria sido condenado por ‘atividades subversivas à segurança nacional’ e ‘espionagem’; não se sabe detalhes sobre o processo de Botimar.


Curdos e jornalistas


Os curdos formam uma minoria no Irã estimada em alguns milhões de habitantes, em sua maioria em províncias na fronteira com a Turquia e o Iraque. A região é extremamente sensível, e, nos últimos anos, forças de segurança iranianas já tentaram expulsar e eliminar as atividades de grupos separatistas curdos no país.


A execução de jornalistas não é algo comum no Irã. O intelectual Hashem Aghajari, que também escrevia para jornais iranianos, foi condenado à morte por blasfêmia, em 2002, após afirmar em um discurso que os muçulmanos não eram macacos e não deveriam seguir cegamente seus líderes religiosos. O veredicto, entretanto, foi substituído em 2004 para cinco anos de prisão, e Aghajari foi liberado da acusação em março de 2005. Informações da AFP [31/7/07].