Qualquer que seja a decisão final do Supremo Tribunal Federal na sexta ou eventualmente na segunda-feira (27/8), o julgamento iniciado na quarta já está cumprindo com uma importante função cívica: rememora com minúcias o maior escândalo político brasileiro de todos os tempos e que, dois anos depois de revelado, parecia completamente esquecido.
Num país angustiado pela sensação de impunidade este reencontro frontal com a realidade oferecida pelo poder judiciário é uma preciosa dádiva. Tanto a sustentação oral da denúncia do Ministério Público como as veementes defesas dos 14 advogados tentando desqualificar o trabalho do Procurador Geral da República funcionaram como um tônico para os desmemoriados.
Mesmo que algumas denúncias não sejam acolhidas pela Suprema Corte – e mesmo que depois de acolhidas sejam julgadas improcedentes pela justiça comum – este julgamento é uma exibição solene do funcionamento do Estado de Direito, flagrante da maturidade da nossa democracia.
É preciso lembrar que o procurador-geral da República representa o Estado brasileiro, que acusa formalmente a antiga direção do partido do governo e dois ex-ministros do governo de pertencerem a uma organização criminosa. Não são muitos os países do chamado Primeiro Mundo que podem exibir procedimentos tão transparentes e tão rigorosos.
Está confirmado: este é um julgamento que vai entrar para a história. Qualquer que seja o desfecho.