Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Julgamento histórico no STF

Qualquer que seja a decisão final do Supremo Tribunal Federal na sexta ou eventualmente na segunda-feira (27/8), o julgamento iniciado na quarta já está cumprindo com uma importante função cívica: rememora com minúcias o maior escândalo político brasileiro de todos os tempos e que, dois anos depois de revelado, parecia completamente esquecido.


Num país angustiado pela sensação de impunidade este reencontro frontal com a realidade oferecida pelo poder judiciário é uma preciosa dádiva. Tanto a sustentação oral da denúncia do Ministério Público como as veementes defesas dos 14 advogados tentando desqualificar o trabalho do Procurador Geral da República funcionaram como um tônico para os desmemoriados.


Mesmo que algumas denúncias não sejam acolhidas pela Suprema Corte – e mesmo que depois de acolhidas sejam julgadas improcedentes pela justiça comum – este julgamento é uma exibição solene do funcionamento do Estado de Direito, flagrante da maturidade da nossa democracia.


É preciso lembrar que o procurador-geral da República representa o Estado brasileiro, que acusa formalmente a antiga direção do partido do governo e dois ex-ministros do governo de pertencerem a uma organização criminosa. Não são muitos os países do chamado Primeiro Mundo que podem exibir procedimentos tão transparentes e tão rigorosos.


Está confirmado: este é um julgamento que vai entrar para a história. Qualquer que seja o desfecho.