Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Quarta-feira, 22 de outubro de 2008
IMPRENSA
Justiça suspende censura de Luiz Marinho à Folha Online
‘A 296ª Zona Eleitoral de São Bernardo do Campo (SP) julgou improcedente o pedido do candidato a prefeito da cidade Luiz Marinho (PT) para que a Folha Online retirasse de seu acervo digital uma reportagem de 2005.
A decisão torna sem efeito liminar que havia sido concedida no último dia 9 pela mesma zona eleitoral.
A reportagem de 20 de outubro de 2005, objeto da representação, relata que o ex-gerente de Recursos Humanos da Volkswagen Klaus Joachim Gebauer disse ao jornal alemão ‘Die Welt’ que Marinho visitou uma boate na Alemanha à custa da fabricante de carros. O petista e a montadora negaram.
Segundo o candidato petista, a reportagem está sendo divulgada por e-mail por adversários políticos.
Os advogados do Grupo Folha apresentaram defesa contra a liminar, sob o argumento de que a decisão configura censura à imprensa.
A assessoria de Marinho disse que ele vai recorrer.’
SEQÜESTRO EM SANTO ANDRÉ
Lições da tragédia
‘O EPISÓDIO do seqüestro da menina Eloá Cristina Pimentel, assassinada aos 15 anos em Santo André, desperta novamente a discussão a respeito do preparo da força policial. Foram colocados à prova os recursos materiais disponibilizados para a segurança pública e a destreza dos profissionais.
Casos de alto risco, naturalmente, têm elevada probabilidade de resultarem em fracasso. Autoridades e analistas ainda devem se debruçar sobre os registros -em processo que exige tempo e serenidade- para avaliar a correção de todos os procedimentos. É sempre fácil emitir juízos cabais depois do ocorrido, em contraste com as opções difíceis que precisam ser tomadas no calor da hora. Mas algumas conclusões preliminares podem ser tiradas.
Em primeiro lugar, ficou evidente a falta de equipamentos de ponta que poderiam ajudar no resgate. No caso em questão, pelo menos um dispositivo apontado por especialistas estava ausente: uma microcâmera que permitiria mapeamento mais acurado da cena.
Não há, ademais, justificativa plausível para a reintrodução no local de uma refém que já havia sido libertada. Foi um erro de avaliação que recolocou mais uma vítima sob ameaça. A jovem saiu ferida, mas felizmente sobreviveu.
De resto, incidentes dramáticos como esse seqüestro não deveriam servir à espetacularização. Cada episódio é único em suas circunstâncias, mas há limites que deveriam ser ditados pela autoridade policial. É verossímil que a notoriedade pública concedida ao homicida tenha agravado e prolongado o episódio.
Algumas emissoras de TV amplificaram os aspectos mais dramáticos do evento. Mas tal deslize só costuma ocorrer quando autoridades também aceitam participar do show.’
Talita Bedinelli
Mídia novelizou caso, afirma psicóloga da USP
‘Nos dois dias em que Eloá Cristina Pimentel foi velada e sepultada, 36 mil pessoas foram ao cemitério. A maioria não conhecia a menina ou a família.
Para a professora de psicologia social da USP (Universidade de São Paulo), Leila Tardivo, a grande presença de curiosos foi conseqüência de um processo de ‘novelização’ do caso pela mídia. Leia abaixo trechos da entrevista.
FOLHA – O que levou essas pessoas a irem ao enterro?
LEILA TARDIVO – Houve um processo de identificação em massa. As pessoas se viram naquela situação.
Elas têm filhos em casa da mesma idade, as meninas têm namorados. Todos entramos na história. É uma situação comovente.
Também houve um apelo enorme da mídia.
FOLHA – De que forma?
TARDIVO – Houve uma novelização da violência. A mídia e as pessoas se retroalimentaram. O caso era exposto porque dava audiência e, quanto mais passava, mais as pessoas se interessavam. É um fenômeno semelhante ao que ocorreu com a morte de Isabella [Nardoni]. A mãe [de Isabella, Ana Carolina Oliveira] se tornou uma grande celebridade. Havia falta de privacidade.
FOLHA – Por que acontece?
TARDIVO – Acho que é uma uma necessidade que as pessoas têm de ter emoção. De participar efetivamente de alguma coisa importante. Aí se banaliza a violência. É como se as pessoas tivessem se acostumado. Mas isso não é novela, não tem final feliz.
FOLHA – E os efeitos disso?
TARDIVO – Em casos como esse é preferível se dar o mínimo possível de notícia pois se está colocando pessoas em risco. Lindemberg tinha um distúrbio grave e era necessário que se tomasse um cuidado maior. Como um repórter fala [ao vivo] com alguém nessa situação?’
Ruy Castro
Ou cede ou leva bala
‘RIO DE JANEIRO – Em Santo André (SP), na semana passada, Lindemberg Alves, 22 anos, não se conformou com que Eloá Cristina, 15, não quisesse reatar o namoro com ele. Invadiu armado o apartamento da garota e a tornou refém (a ela e a amiga Nayara, idem, 15) por inacreditáveis 100 horas, sob o cerco da polícia e o circo da mídia. Por fim, no quinto dia do seqüestro, numa cena confusa de invasão, ele matou Eloá com um tiro na cabeça, baleou Nayara e foi preso.
Em Sorocaba (SP), na noite do último domingo, outro jovem, Daniel de Souza, 22, invadiu a casa da ex-namorada, Camila Araújo, 16, e a matou, também com um tiro na cabeça por ela se recusar a voltar com ele. O casal tinha um filho de um ano e meio, em frente ao qual, parece, o crime foi cometido. Daniel está preso.
No Rio, mesmo dia, mesma hora, o motorista Roberto Costa Júnior, 28, discutiu por dinheiro com seu patrão, o empresário Arthur Sendas, 73, na porta dos fundos do apartamento deste. Por não ter sua reivindicação (seja qual for) atendida, sacou de uma pistola. Um tiro atingiu a cabeça de Arthur Sendas e o matou. Roberto fugiu, mas, no dia seguinte, se entregou.
É impressionante como, há tempos, no Brasil, os jovens não admitem ser contrariados. Quando querem alguma coisa, não enxergam o lado da outra parte e não lhe dão escolha: ou esta cede ou leva bala, quase sempre na cabeça, para não haver dúvida. Algo o país tem feito para disseminar tanto egoísmo e insensibilidade em seus filhos.
Impressiona também como qualquer pessoa parece ter sempre uma arma carregada à mão. Com isso, entre nós, uma vida humana passou a valer menos que um cartucho deflagrado. Num recente plebiscito, o Brasil votou contra a limitação do uso de armas pela população. Optou por viver sob o tiroteio.’
Elio Gaspari
Na ‘guerra da informação’, morre a verdade
‘NÃO É O CASO de começar o que o governador José Serra chamou de ‘guerra de informações’, em torno dos desastres de seus policiais. Nas guerras prevalece o mais forte, e nem sempre ele tem razão. O surto de incompetência e dissimulação apresentado pela polícia e pelo governo de Serra é apenas um caso de malversação do poder.
O governo paulista varre para baixo do tapete o motim de uma parte do grupo de elite da Polícia Civil mobilizado para ajudar a PM a conter a manifestação da quarta-feira passada. Esses policiais abandonaram a posição em que estavam e mudaram de lado, aderindo à passeata. Alguns tinham armas. Ecoaram os fuzileiros navais que, em 1964, deixaram os oficias a ver navios e aderiram à baderna dos marinheiros amotinados no sindicato do metalúrgicos, no Rio.
Serra não deveria demonizar o PT e o deputado Paulinho da Força responsabilizando-os pela passeata que pretendia seguir até o Palácio dos Bandeirantes. A manifestação movia-se em lugar proibido e bastaria esse argumento. Ademais, Paulinho já era o notório Paulinho quando apoiou a candidatura de Serra à Prefeitura de São Paulo, em 2004. Nessa transação, seu PDT ganhou a Secretaria do Trabalho.
Para efeito de raciocínio, admita-se que mexer com a rebelião dos policiais poderá radicalizar uma divisão na categoria. Tudo bem. Então tome-se o caso do seqüestro das jovens Eloá Cristina Pimentel e Nayara Rodrigues da Silva. Nele não houve política.
As duas meninas ficaram em cativeiro durante cem horas, tempo suficiente para que uma polícia capaz desfizesse a malfeitoria. Num lance inédito na história dos seqüestros, permitiram que uma refém menor de idade voltasse ao local do seqüestro. Fizeram isso sem a autorização de seus pais. Se uma mulher quiser embarcar para a Disney com a filha de 15 anos, é obrigada a mostrar a autorização do pai à Polícia Federal. Para entrar no valhacouto de um delinqüente não foi necessária nenhuma das duas. O coronel Eduardo Félix, comandante do Batalhão de Choque da PM, disse que colocaria seu filho em situação semelhante, mas, ofendendo a lei, ele pôs a filha dos outros. O pai de Nayara, o metalúrgico Luciano Vieira da Silva, foi expulso do posto de comando das operações da PM. Seu crime foi ter-se exaltado quando lhe disseram que não poderia falar com o comandante. Em vez de desentocar o bandido, chuçaram o pai da vítima. A tragédia terminou com a morte de Eloá e com Nayara ferida no rosto. O seqüestrador saiu ileso.
O comandante do Policiamento de Choque, coronel Eduardo Félix defendeu sua operação tabajara dizendo que não atirou no bandido por se tratar de um ‘garoto em crise amorosa’. Romântico o coronel, mas ele foi além: ‘Se a operação tivesse sido bem-sucedida, os policiais estariam sendo aplaudidos e o resultado não seria contestado’. Bingo. Se o goleiro Barbosa tivesse defendido o chute de Ghiggia em 1950, teria sido aplaudido. Fracassar é uma coisa, apresentar justificativas néscias, bem outra. A patuléia não é volúvel, ela até prefere aplaudir a polícia. Descarregar o infortúnio nas justas reclamações de quem lhe paga o soldo é covardia a serviço da empulhação.
Na ‘guerra de informações’ da polícia paulista, a primeira vítima foi a verdade. A segunda, a inteligência.’
DEFESA
Polícia Civil
‘‘Inacreditável a carta da leitora Samantha Franco Maimone, publicada ontem nesta seção, em que acusa a Folha de estar se bandeando para o autoritarismo e o conservadorismo.
A Folha, mais que qualquer outro órgão da imprensa, vem mantendo há décadas a sua tendência de defender os direitos individuais e coletivos, independentemente de orientações ideológicas. Sou testemunha disso, pois a acompanho desde os tempos da ditadura.
À época, a Folha era chamada de esquerdista por se opor aos absurdos do governo. Hoje, quando a esquerda é que faz asneiras, a Folha é chamada de autoritária e conservadora por criticá-la. Essa é mais uma prova da isenção da Folha, que desagrada a gregos e troianos quando os critica.’
ALDO FELICIO NALETTO JÚNIOR (São Paulo, SP)’
TODA MÍDIA
Admite, admite
‘Nas manchetes de Folha Online, ‘Jornal da Band’ e outros, ‘Lula admite reduzir orçamento’. Até na estatal Agência Brasil, ‘Lula admite cortar’ gastos públicos. Era o que a oposição cobrava então do ministro da Fazenda. Do presidente do Banco Central, também na Congresso, nem era preciso cobrar.
Por outro lado, ontem também, em destaque por ‘New York Times’, ‘Washington Post’, ‘Financial Times’ e ‘China Daily’, o presidente do Fed defendeu ‘novos gastos’ públicos, como cobrava a oposição no Congresso americano, e os planos chineses já apontam para juros menores e outros estímulos.
BEM MENOS
Gary Duffy, o correspondente da BBC, fez longa reportagem sobre os preparativos do Brasil para a ‘tempestade econômica’. Ouviu os temores da agricultura e outros, para concluir que ‘poucos anos atrás e uma crise seria devastadora para o Brasil’, mas agora ‘a expectativa é ser bem menos severa’.
Curiosamente, à BBC o ‘consultor de negócios’ Rubens Barbosa, ex-embaixador de FHC em Washington, se estendeu em elogios à ‘diversificação’ do comércio exterior, hoje em apenas 15% com os EUA. ‘Nossos parceiros são os emergentes.’
‘IDÉIAS TOLAS’
Por outro lado, Jorge Castañeda, ex-chanceler do México, escreve na nova ‘Newsweek’ contra as ‘idéias tolas’ de que a América Latina poderia escapar ilesa. Cita, entre outros, Lula e a célebre resposta de que a crise seria de George W. Bush.
PROTECIONISMO 1
O ‘Wall Street Journal’ noticiou e agências ecoaram amplamente o processo aberto pelo Departamento de Justiça dos EUA, junto com 13 Estados, contra a JBS ‘baseada no Brasil’ pela compra do frigorífico americano National Beef. No enunciado do jornal, ‘Compra brasileira é questionada pelos EUA’. A ação foi saudada por políticos como o senador republicano Charles Grassly, de Iowa.
Por aqui, a reação americana ao negócio, que havia sido divulgado em março, foi recebida por blogs como um alerta de protecionismo.
PROTECIONISMO 2
O que também trouxe temor de protecionismo contra interesses brasileiros foi o anúncio por Pequim, no ‘China Daily’ e outros, de incentivos fiscais à sua indústria têxtil. A justificativa é que a produção chinesa enfrenta problemas com valorização recente de sua moeda.
O FIM DE ALGUMA COISA
A BBC entrevistou o ‘historiador marxista’ Eric Hobsbawn, autor de ‘A Era dos Extremos’, que proclamou: ‘Agora sabemos que estamos no fim de uma era, mas não sabemos o que vem pela frente’. Ele avisa que ‘o principal beneficiário do descontentamento atual, com possível exceção -eu espero- nos EUA, será a direita’.
Já Moisés Naím prevê na nova ‘Foreign Policy’ que o ‘crash’, como diz, deve trazer ‘fiscalização e regulação mais efetivas, mas não marca o fim do capitalismo nem o declínio da América’. Aliás, ‘milhões de chineses, indianos, brasileiros vão continuar a ser participantes mais ativos da economia global do que jamais foram’.
ARMAS EMERGENTES
Os EUA devem baixar os gastos com armamentos, a Europa deve manter -e os ‘mercados dourados’ para a indústria nos próximos anos são Austrália, Coréia do Sul, Arábia Saudita, Taiwan e o Brasil. É a previsão da nova ‘Jane’s Industry Quarterly’, referência na área. O gasto militar nos países cresceria pela ‘prosperidade’ e pelo ‘ambiente de segurança cada vez mais volátil’.
FOGUETE CÁ
No topo da busca de Brasil no Yahoo News, a agência France Presse noticiou que o país, que vem de fechar acordo militar com a França, quer lançar um foguete com satélite em três anos
FOGUETE LÁ
O Brasil quer se unir a China e Rússia como ‘emergente com programa espacial’, mas a Índia sai na frente, com foto na home do ‘NYT’, e prepara o lançamento, hoje, de uma nave para orbitar a Lua
PETROCUBA
Deu no ‘Guardian’ que Cuba achou poço com 20 bilhões de barris no mar, dias atrás, e pode virar exportadora. Com o embargo, porém, ‘parceiros potenciais, notadamente o Brasil’, estão fora e a extração vai demorar anos’
TELEVISÃO
Globo tem pior safra de novelas da história
‘A Globo está passando pelo pior momento de sua teledramaturgia. Suas três novelas registram as menores audiências dos respectivos horários desde os anos 70. O trunfo da Globo é que continua líder e muito à frente das redes concorrentes.
A situação é mais delicada às 18h. Nas duas primeiras semanas, ‘Negócio da China’ deu média de 21 pontos na Grande SP, superando o recorde negativo de ‘Ciranda de Pedra’, que marcara 22 no mesmo período.
‘Três Irmãs’, de Antonio Calmon, tem pior audiência do que a espezinhada ‘Bang Bang’ (2005). Os primeiros 30 capítulos de ‘Três Irmãs’, que apostou no surfe mas não convenceu, deram 26,9 pontos, contra 30 de ‘Bang Bang’.
A novela das oito, ‘A Favorita’, marcou em seus 120 primeiros capítulos média de 37,6 pontos, com sintonia de 56%. No mesmo período, ‘Duas Caras’ tinha 1,3 ponto a mais.
A Globo aposta em recuperação. ‘As novelas estréiam em períodos do ano diferentes e o comportamento do público varia muito em função disso. É importante considerar também que pode ser precipitada a avaliação de uma novela por trechos delas, sobretudo os iniciais’, afirmou em nota.
As novelas da Record e do SBT também caíram no Ibope no segundo semestre. ‘Pantanal’, que deu 14,2 em julho, está com 13,1 neste mês. ‘Os Mutantes’ caiu de 18,1 em junho para 13,7 pontos em outubro.
SHOW DO MILHÃO 1
A Record vai dar prêmios em dinheiro para os atletas brasileiros que conquistarem medalhas nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, que transmitirá com exclusividade em TV aberta no Brasil.
SHOW DO MILHÃO 2
Até o final do ano, a emissora apresentará às confederações plano em que promete pagar R$ 1 milhão para quem conquistar medalha de ouro, R$ 500 mil para prata e R$ 250 mil para bronze.
EXPANSÃO
O grupo Bandeirantes inaugura hoje em Palmas a Band Tocantins. Será a primeira rede nacional a ter emissora própria no Estado. Nos próximos meses, investirá R$ 5 milhões em uma sede própria e estreará um telejornal local.
MOVIMENTO 1
Jornalistas foram hostilizados no bairro em que morava a garota Eloá Pimentel, em Santo André. Um motoqueiro da Globo News foi assaltado.
MOVIMENTO 2
Na sexta à noite, um cabo de áudio da Globo News foi cortada. Um homem mostrou uma faca para um técnico do canal. Um morteiro foi atirado em uma unidade da Record. O motivo: a mídia estaria atrapalhando o tráfico de drogas.
CABEÇADA
A Record nem citou no ‘Jornal da Record’ reportagem que exibira no domingo, com alarde, em que um especialista dizia que fita obtida pela rede revelava que houve tiro antes de a polícia invadir o cativeiro de Eloá. No mesmo dia, o ‘Fantástico’ mostrou o contrário.’
INTERNET
Crescem espionagem e roubo de dados na internet, diz FBI
‘Espionagem de computadores e roubo de informações pessoais cresceram notavelmente no último ano, custando dezenas de milhões de dólares e desafiando a segurança dos Estados Unidos, de acordo com o FBI, a polícia federal norte-americana.
Diversos grupos criminosos têm sido atraídos pela facilidade que a internet oferece de alcançar milhões de vítimas em potencial, de acordo com Shawn Henry, diretor-assistente do FBI.
Dois países têm tido um ‘interesse agressivo’ em entrar em redes de companhias norte-americanas e agências do governo, segundo Henry, que se negou a informar que países são esses.
Agências de inteligência, no entanto, têm demonstrado preocupação em relação a Rússia e China, pois são países que têm capacidade de espionar eletronicamente os Estados Unidos, chegando a interromper redes de computadores.
Um dos exemplos dessa espionagem eletrônica se deu quando a Geórgia acusou Moscou de conduzir uma espécie de ‘guerra cibernética’ para fechar sites governamentais do primeiro enquanto aumentava a ofensiva militar.
Reforço
Enquanto as atividades maliciosas prevalecem e o risco continua a crescer, a polícia identifica métodos que têm sidos usados pelos criminosos.
Um deles é o ‘botnets’, em que um programa malicioso espalha por vírus de computador redes que podem ser usadas para roubo de dados ou para desligar o sistema.
Por outro método, o ‘spearfishing’, hackers conseguem cópias de lista de e-mails de empresas e solicitam informações pessoais de funcionários.
O Internet Crime Complaint Center, que ajuda o FBI nas investigações, declarou que mais de 1 milhão de queixas já foram registradas desde 2000, quando o centro foi criado. O número tem crescido, ficando entre 18 mil e 20 mil por mês, hoje em dia, segundo Henry.
Pelo celular
Em relatório divulgado na semana passada, pesquisadores da Georgia Tech alertaram que os celulares também abrem um novo caminho para o ataque de hackers, principalmente por ganharem, cada vez mais, poderes de computadores.’
João Lobato
Joost oferece vídeos da TV na internet
‘Quando foi lançado, o Joost (www.joost.com) prometia ser a TV na internet. Agora, quase dois anos depois, o site acaba de ser relançado para atingir esse objetivo.
As mudanças foram grandes: a principal é que ele passou a ser baseado em Flash, permitindo assistir ao vídeo direto no navegador. Antes, era preciso baixar um programa.
A interação foi outro aspecto com que a equipe do Joost se preocupou. Agora, é possível colocar opiniões no vídeo, saber o que seus amigos estão assistindo e criar comunidades.
A biblioteca do Joost também foi ampliada. São mais de 46 mil vídeos profissionais de divisões da CBS, Sony, Pictures Television e Warner Bros. Quando lançado, o canal contava com menos de 20 mil vídeos. Só para ter uma idéia, o ‘Wall Street Journal’ estima que o YouTube tinha 6,1 milhões de vídeos em agosto de 2006, cinco meses antes da estréia do Joost.
Apesar de ter uma biblioteca muito menor que a do principal concorrente, o Joost tem vídeos de longa duração e com boa resolução.
O site possui dois canais brasileiros, o Brazilian Hits e o Brazilian Music Channel, ambos de música, com vídeos da Pitty, do Biquini Cavadão e até da Massacration, a banda do pessoal do ‘Hermes e Renato’, da MTV. Mas não há uma versão do site em português.
O programa é gratuito, pede cadastro e versão 10 do Flash.’
Daniela Arrais
Pelo YouTube, eleitores dos EUA declaram voto
A pouco menos de duas semanas para a realização das eleições presidenciais norte-americanas, os eleitores ganharam um novo canal para expressar suas preferências pelo democrata Barack Obama ou pelo republicano John McCain.
O Video Your Vote (youtube.com/videoyourvote) estimula os usuários a compartilhar a experiência das eleições com o mundo, tanto antes de elas ocorrerem quanto no dia da votação e após a escolha do novo presidente.
A iniciativa, feita em parceria com o Public Broadcasting Service, conta com depoimentos de Doug Chapin, responsável pelo electionline.org, Heather Smith, do rockthevote. org, entre outros.
Em outro canal, o Vote for Science (www.youtube.com/user/AVoteForScience), Vint Cerf, um dos ‘pais da internet’, declara seu voto a Obama e fala sobre a importância da neutralidade na internet.’
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O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 22 de outubro de 2008
ASSINATURA
Net tem perda de R$ 64 milhões
‘A Net, maior empresa de TV por assinatura do País, teve prejuízo líquido de R$ 64 milhões no terceiro trimestre, ante lucro líquido de R$ 51 milhões no mesmo período do ano passado. A receita líquida subiu 27% na mesma base de comparação, para R$ 948 milhões de julho a setembro de 2008. No acumulado de janeiro a setembro, a Net teve prejuízo líquido de R$ 4 milhões, ante lucro de R$ 112 milhões nos nove primeiros meses de 2007. A receita acumulada nos três trimestres cresceu 27%, para R$ 2,669 bilhões.
Apesar do resultado negativo, a empresa demonstra otimismo. Em teleconferência, o presidente da Net Serviços, José Félix, voltou a dizer que a procura por serviços de telecomunicações ‘será intensa’, independentemente do ritmo de crescimento do País. Ao mesmo tempo, o diretor-financeiro da operadora, João Elek, disse que a crise não interfere no plano de aquisições da Net.
Diante do crescimento acelerado no número de clientes nos últimos trimestres, a Net decidiu, até, elevar o volume previsto de investimentos este ano. Enquanto a expectativa anterior era de investir R$ 770 milhões, agora a companhia já fala em aplicar perto de R$ 1 bilhão no exercício.
‘Estes são serviços para os quais há demanda constante: as pessoas precisam falar, se conectar à internet’, afirmou Félix. Ele reconheceu, porém, que os planos de TV por assinatura podem, eventualmente, sofrer com a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB). ‘Mas vocês precisam se lembrar que a TV paga agora é apenas um porcentual do negócio da Net, que também trabalha com banda larga e telefonia’, destacou.
Embora o diretor-financeiro da Net não vislumbre novas compras no momento, já que ‘não existem muitas empresas de cabo disponíveis’ no mercado, afirmou que a Net ficará atenta a toda oportunidade que for complementar aos negócios da empresa. ‘Temos liquidez e caixa para seguir com a estratégia de sempre’, destacou.
O Net Fone.com, pacote que agrega telefonia fixa, conexão à internet de 100 Kbps e canais de TV aberta via cabo, já mostrou resultado na intenção da Net de ver seus clientes aderirem a planos de maior valor agregado. Cerca de 121 mil clientes que entraram para a operadora com o Net Fone.com acabaram por contratar planos de banda larga ou TV por assinatura, informou Elek.
O produto, com mensalidade em torno de R$ 40,00, foi dimensionado para conquistar a classe C e tornar a Net a porta de entrada dessa clientela no mundo das telecomunicações. Ao final de setembro, o Net Fone.com, lançado em fevereiro, reunia 265 mil assinantes.’
INTERNET
Com prejuízo, Yahoo anuncia demissões
‘O gigante da internet Yahoo anunciou ontem que obteve no terceiro trimestre um lucro líquido de US$ 54,34 milhões, uma queda de 64% em relação aos ganhos do mesmo período do ano passado. A receita do grupo no período cresceu 1%, chegando a R$ 1,786 bilhão.
Além disso, a empresa informou que pretende eliminar pelo menos 1,4 mil empregos nos próximos dois meses, para superar as dificuldades econômicas que vem enfrentando. Isso significa um corte de cerca de 10% no número atual de empregados da companhia em todo o mundo.
O Yahoo não deu detalhes sobre em que países acontecerão as demissões. A empresa já havia anunciado um corte de pessoal similar em fevereiro.
De acordo com a companhia, seu objetivo é reduzir as despesas em US$ 400 milhões anuais antes do final de 2008. A direção da empresa disse que já começou a tomar medidas para diminuir seus custos atuais. ‘Os passos que estamos dando neste trimestre deveriam servir para conseguir não só lucro operacional e de fluxo de caixa a curto prazo, mas também melhorar substancialmente a flexibilidade para competir a longo prazo’, disse Jerry Yang, co-fundador e presidente-executivo do Yahoo, em comunicado.’
TELES
PGO tem novo teste na Anatel
‘O conselho Consultivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) marcou para 3 de novembro a votação da proposta do Plano Geral de Outorgas (PGO), decreto presidencial que permitirá a conclusão da compra da Brasil Telecom pela Oi. O conselho consultivo não tem poder deliberativo, mas, pela Lei Geral de Telecomunicações (LGT), tem a atribuição de opinar sobre o assunto antes de a proposta ser encaminhada ao Ministério das Comunicações.’
ELEIÇÕES
Jogo limpo, please!
‘O futebol também já foi assim como a política, um dia. Valia tudo: carrinho por trás, sola, pé alto, cusparada e o escambau – jogava-se sujo o tempo todo nos gramados do mundo. Acho que foram os ingleses que, depois dos hooligans, inventaram o fair play. Não há palavra em português – nem exemplo melhor que o da atual civilidade esportiva – para exprimir o que não pode faltar aos políticos no próximo fim de semana de decisão: ‘Aceitação serena, elegante, de uma situação difícil ou adversa’, na tradução de Antonio Houaiss para a locução substantiva inglesa.
Se houvesse um Prêmio Fair Play ao final dessas eleições, eu indicaria, de cara, dois políticos que têm comido o pão que seus candidatos amassaram no segundo turno, sem perder a ternura jamais! Aécio Neves e Eduardo Suplicy estão vendo a vaca ir pro brejo numa boa. Nesta semana, um não aceitou ajuda da ex-mulher do Pitta, o outro não criou caso com aliados pela convocação de Duda Mendonça à esta altura do campeonato. Faltam só quatro dias para os dois dormirem de consciência tranqüila.’
CINEMA
Os 80 anos do cineasta-acadêmico
‘Comemoram-se hoje os 80 anos do único acadêmico entre os grandes diretores do cinema brasileiro. A Nelson Pereira dos Santos pode-se aplicar a definição, mas não no sentido muitas vezes depreciativo com que ela é usada no domínio da cultura, para indicar o artista que segue regras e não ousa muito, nem do ponto de vista estético nem político. Ao longo de sua memorável carreira, mestre Nelson muitas vezes apontou caminhos, mas ele é, no sentido mais literal, acadêmico pelo simples fato de integrar a Academia Brasileira de Letras – o único diretor brasileiro acolhido como membro na casa fundada por Machado de Assis. Deve ter contribuído para isso o fato de Nelson Pereira dos Santos ter adaptado tantos autores, não apenas Graciliano Ramos e Jorge Amado, mas também Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues e Guilherme de Figueiredo.
Ele nasceu em São Paulo, no dia 22 de outubro de 1928. Cineclubista ardoroso, iniciou-se na prática cinematográfica integrando a equipe do longa O Saci, como assistente de direção de Rodolfo Nanni. O Saci é de 1953. Três anos mais tarde, no Rio, o próprio Nelson virou diretor e, assimilando o neo-realismo, fez Rio 40 Graus e, na seqüência, Rio Zona Norte. O primeiro filme teve problemas com a censura da época, mas já apontava o caminho. Nelson voltava-se para o Rio dos excluídos, do morro e da favela, onde bicheiros e sambistas se misturavam, numa época anterior à atual violência do tráfico. A favela ainda era, naquele tempo, o barracão de zinco e Zé Kéti podia soltar o verbo proclamando que era a voz do morro.
Nelson saltou do morro para a da classe média urbana (O Boca de Ouro), antes de tomar o rumo do sertão, para fazer, com sua primeira adaptação de Graciliano Ramos (Vidas Secas), um dos marcos definidores do movimento chamado de Cinema Novo. Ele voltou à cidade, agora na Zona Sul (El Justiceiro), e em 1968, um ano emblemático, fez o filme talvez mais atípico de sua carreira, o mais vanguardista (Fome de Amor). Vieram depois seu manifesto antropofágico (Como Era Gostoso o Meu Francês), a incursão pelo universo dos orixás (O Amuleto de Ogum), o flerte com Jorge Amado (Tenda dos Milagres), o casamento com os sertanejos (A Estrada da Vida) e o outro grande marco adaptado de Graciliano, Memórias do Cárcere.
O que é mais rico no legado de Nelson Pereira dos Santos é que ele não é um, mas múltiplo, adaptando seu estilo às necessidades específicas das histórias que, em diferentes momentos de sua evolução, quis contar. Ele pode ser neo-realista nos primeiros filmes, mas, a despeito de sua preocupação social, a luz e o enquadramento de Vidas Secas têm um quê de Michelangelo Antonioni – e Antonioni, mais Alain Resnais, estão presentes nas pesquisas de linguagem de Fome de Amor. A antropofagia de Como Era Gostoso também marcou época e a índia Ana Maria Magalhães come a carne e chupa os ossos do francês Arduíno Colasanti para que o diretor, no pós-68, discuta as relações entre colonizados e colonizadores. O que há de tosco em A Estrada da Vida pode ser estratégia. Nelson Pereira filma a vida de Milionário e Zé Rico – o pré-2 Filhos de Francisco – para mostrar o artista como trabalhador. O grande momento do filme é quando eles trabalham na reforma da loja de discos e sua música começa a ser tocada. Memórias do Cárcere representa o apogeu. O relato autobiográfico do velho Graça nas prisões do Estado Novo é pretexto para falar do Brasil que está prestes a encerrar o ciclo da ditadura militar.
Pode-se gostar mais de alguns filmes (Vidas Secas, Memórias, Como Era Gostoso e Fome de Amor), pode-se deplorar outros (Quem É Beta?, o próprio Jubiabá), mas a obra de Nelson Pereira dos Santos não é só coerente. Na sua medida, como cineasta e escritor (roteirista), ele é representativo de sua geração, que quis pensar o Brasil e, mais do que isso, quis resgatar a identidade do brasileiro na tela. O movimento do Cinema Novo não representou outra coisa senão esse desejo de colocar o Brasil e os brasileiros nas telas dos cinemas. Não surpreende que Nelson tenha adaptado, para TV, um livro fundamental como As Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda. Em 1995, com Cinema de Lágrimas, ele não só resgatou o melodrama como expressão autêntica do cinema da América Latina. Fez também sua autocrítica, e a crítica de sua geração. No afã de filmar o Brasil, Nelson, Glauber Rocha, Joaquim Pedro, Ruy Guerra etc, muitas vezes estavam tão adiante de seu tempo que o povo na tela não tinha o contraponto do público nas salas. Tudo isso é história. Nelson, aos 80 anos, é um jovem que ainda acalenta seu sonho de filmar a vida de Castro Alves. Só teremos a ganhar, talvez, se ele conseguir concretizá-lo.’
TELEVISÃO
Barrados de novo
‘Os fãs de Barrados no Baile poderão comparar as duas versões da série a partir de novembro. Isso porque o canal Sony vai estrear, no dia 5, às 21 horas, o remake da atração que foi sucesso nos anos 90. Não dá para dizer que o novo 90210 é uma obra-prima, mas vai funcionar para os novos espectadores adolescentes e para os antigos fãs, que hoje estão na faixa dos 30 anos.
Jennie Garth está na nova versão e no mesmo papel de Kelly Taylor, que agora é a conselheira dos alunos de seu ex-colégio, o Beverly Hills High. A atriz Shannen Doherty também volta à pele de Brenda Walsh para uma participação especial no piloto. Rob Estes, que estava perto dos jovens de Beverly Hills nos anos 90, em Melrose Place, faz parte do elenco fixo de 90210.
A versão original de Barrados no Baile vai ao ar na Sony em novo horário no próximo mês, de segunda a sexta, às 11 e às 16 horas. Melrose também estará em reprise, de segunda a sexta, às 7 horas.
O canal vai estrear ainda Private Practice, dia 3, às 21 horas. Antes, exibirá os segundos anos de My Boys e Samantha Who?, às 20 e às 20h30. E Ugly Betty terá sua nova temporada agora às quintas, às 20 horas.’
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