Os vencedores do Prêmio Pulitzer, principal premiação do jornalismo dos EUA, serão anunciados apenas em 5 de abril, mas as especulações e apostas já começaram na imprensa americana. Uma lista com os finalistas do prêmio, publicada pelo Editor & Publisher em 8/3/04, mostra uma vitória do Los Angeles Times no número de indicações – o jornal é finalista em nove das 14 categorias –, uma estranha queda nas indicações recebidas pelo New York Times e pouco destaque à cobertura da guerra do Iraque.
Cada categoria inclui três finalistas escolhidos por 14 comitês de jurados que se reuniram em fevereiro. Na semana passada, o Editor & Publisher entrevistou alguns editores e jurados do prêmio, e constatou que a maioria deles considera o número de indicações recebidas pelo LA Times um sinal de que o jornal está voltando ao topo após anos de dificuldades. Muitos dos entrevistados creditam o sucesso do jornal ao trabalho do editor John Carrol.
A surpresa geral, segundo Joe Strupp [Editor & Publisher, 17/3/04], deu-se pelo mau desempenho do NY Times, que teve indicações apenas nas categorias de comentário, editorial e reportagem investigativa. ‘Fico surpreso em ver que eles não tiveram finalistas em cobertura nacional ou reportagem internacional’, disse Doug Clifton, editor do Plain Dealer em Cleveland e jurado pela quarta vez.
De acordo com as regras do Pulitzer, o comitê de organização do prêmio pode trocar finalistas de categorias ou incluir novos concorrentes antes da votação final. Por esta razão, grande parte dos entrevistados disse não considerar que a lista dos finalistas seja um indicativo de que o NY Times perdeu o trono. Muitos deles observaram, porém, que o caso Jayson Blair abalou um pouco a reputação do jornal.
Outra surpresa foi a falta de indicações para repórteres que cobriram a guerra do Iraque. Dos 42 finalistas, apenas seis cobriram a guerra ou fizeram reportagens relacionadas a ela. Destes, dois foram indicados na categoria de fotografia. Dos quatro restantes, apenas dois – Anthony Shadid, do Washington Post, e David Zucchino, do LA Times – receberam indicações pela cobertura da guerra. Das centenas de repórteres que cobriram o conflito junto com as tropas americanas (chamados de correspondentes ‘embedded‘), Zucchino foi o único indicado. ‘Eu achava que o Iraque seria o tema dominante este ano’, afirmou John Temple, editor do Denver Rocky Mountain News. Outro editor e jurado, que preferiu permanecer anônimo, disse que pouco da cobertura feita no Iraque conseguiu se destacar. ‘Havia algumas pessoas fazendo um bom trabalho, mas a maioria das coisas produzidas era basicamente igual’, concluiu.