Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ O Estado de S. Paulo
Segunda-feira, 11 de junho de 2007
PUBLICIDADE
Casas Bahia ainda lideram lista de anunciantes
‘Bancos e indústria automobilística investiram mais em propaganda no ano passado e tiraram posições das operadoras de telefonia no ranking dos maiores anunciantes do País, segundo a pesquisa Agências & Anunciantes. A lista é divulgada anualmente a partir do cruzamento de dados entre as verbas aplicadas em publicidade, conforme o Ibope Monitor, e a projeção de descontos praticados pelo meio, segundo o Projeto Inter-Meios do Grupo Meio & Mensagem. Esse levantamento reflete as oscilações de preços praticadas no segmento e dá maior precisão ao resultado final.
A liderança, como acontece desde 2003, segue nas mãos das Casas Bahia. Porém, no ano passado a empresa reduziu substancialmente seus investimentos, que somaram R$ 807 milhões, uma queda de 21% em relação ao ano anterior. Em compensação, a Unilever, que se manteve na segunda posição, aumentou sua verba em 59% em relação a 2005.
As montadoras também ampliaram a verba em publicidade. Das dez fabricantes de automóveis que estão na lista dos 300 maiores anunciantes do País, apenas duas investiram menos: Honda e Nissan. General Motors e Ford, as mais bem colocadas, aumentaram os investimentos em 20%, 5% e 22%, respectivamente.
Os bancos, que já foram estrelas do ranking de anunciantes, começam a retomar antigas posições. Pelo levantamento do ano passado o setor financeiro aumentou em 16% suas aplicações em propaganda na comparação com 2005.
Já o ranking das agências registrou pouco oscilação. A Young & Rubicam, que atende às Casas Bahia, permanece no primeiro lugar, mesmo com 6% a menos na compra de mídia em 2006. Em seguida aparecem McCann-Erickson (com crescimento de 22%), Almap BBDO (aumento de 15%), J.W.Thompson (alta de 24%) e Ogilvy (com crescimento de 23%).’
EUA / MÍDIA & POLÍTICA
Hillary é alvo de artilharia literária
‘Em campanha para as eleições americanas de 2008, Hillary Clinton estréia sua versão ‘paz e amor’. Líder disparada nas pesquisas, a candidata aposta na estratégia zen para não tropeçar no caminho das primárias. E vem chumbo grosso por aí.
Hillary será o fenômeno editorial de 2007 – está previsto o lançamento de 15 livros sobre a candidata neste ano. Na maioria, biografias não autorizadas, daquelas que dão calafrios em qualquer candidato. Há obras como Kit de vodu contra Hillary Clinton: Espete a candidata, antes que ela te espete, com direito a bonequinha de Hillary, alfinetes e guia de encantamentos, por US$ 13. A direita afiou as garras e lança no fim do ano obras como Ela pode ser freada? Hillary será a próxima presidente dos EUA, a menos que…, de John Podhoretz, e Fascismo liberal: A tentação totalitária de Mussolini a Hillary, de Jonah Goldberg.
Na semana passada, saíram A woman in charge: The life of Hillary Rodham Clinton, de Carl Bernstein, da dupla que descobriu o escândalo Watergate, e Her way: The hopes and ambitions of Hillary Rodham Clinton, de Jeff Gerth, ex-repórter de The New York Times, e Don Van Natta Jr., repórter do jornal. Os livros não trazem nenhuma novidade bombástica, mas contribuem para a imagem de ‘fria e calculista’ que Hillary inadvertidamente cultivou. As obras falam do ‘projeto de poder para 20 anos’ que Hillary e o ex-presidente Bill Clinton teriam desenhado. Mostram Hillary engolindo as traições do marido, de olho no sucesso político do casal.
Hillary ignorou os livros. E os coordenadores de sua campanha reagiram com um misto de serenidade e enfado às publicações: ‘Você pode pôr entre parênteses que eu bocejei ao ser indagado sobre o livro?’, disse ao Washington Post Philippe Reines, porta-voz de Hillary.
Os outros candidatos podem agradecer aos céus – estão mal servidos de ultrajes editoriais. O republicano Rudy Giuliani terá cinco livros a seu respeito, John McCain, dois; Mitt Romney, outros dois. O principal rival democrata de Hillary, Barack Obama, renderá cinco títulos.
A rejeição que alimenta inúmeros livros inflamados terá de ser o alvo de Hillary para que ela abra seu caminho para a Casa Branca. Para não ser vista como ‘soft’ em segurança nacional, Hillary endureceu. Mas perdeu a ternura. É uma figura muito polarizadora, vista como uma candidata muito bem preparada e inteligente, mas que desperta muita antipatia. Foi a Hillary ‘paz e amor’ que brilhou no debate dos democratas da semana passada. Nada das frases ácidas e posição defensiva dos velhos tempos. Ela encarnou a política magnânima, que paira acima de picuinhas.’
FUTURO DOS JORNAIS
‘O jornal vai existir por muito tempo’
‘MICHAEL RODGERS, futurista do New York Times
Quando cogitava um nome para sua coluna no site afiliado da emissora NBC. Michael Rogers pensou em ‘Practical Futurist’ (Futurista Prático). ‘Futuristas não são conhecidos pela praticidade, mas em uma semana já estavam me chamando de ‘futurista’ e o nome pegou’, lembra em seu escritório em Nova York. Cinco anos mais tarde, além das colunas para a MSNBC.com, Rogers hoje é o futurista-residente do New York Times e presta consultoria para startups e grandes empresas. Ele participa amanhã do primeiro seminário internacional de jornalismo online MediaOn (leia abaixo) e, em entrevista exclusiva ao Link, falou sobre tecnologia no passado e futuro e o que os jornais devem fazer para acompanhar essas transformações.
Você estudou em Stanford na época em que seus estudantes, como Steve Jobs e Steve Wozniak, estavam inventando o PC.
A Stanford me colocou no meio do Vale do Silício nos anos 70 quando os computadores pessoais estavam nascendo no campus. Conheci o Steve Jobs vendendo placas de circuito em saquinhos de plástico, o Bill Gates vendia softwares em fitas cassete. Além disso, a Stanford tinha um bom curso para quem queria escrever. Meu sonho era ser um contador de histórias. Isso ainda é o cerne do que faço. A melhor maneira de falar sobre o futuro é contar histórias.
Suas previsões são baseadas só em ciência ou você leva em consideração a imaginação popular?
Quando alguém quer implicar comigo, me pergunta ‘quando é que vão inventar o carro voador’? Tenho que considerar a cultura, a arte e a sociedade, não apenas a ciência, porque no fundo a necessidade básica das pessoas é sempre a mesma. Os sites mais populares do hoje, como MySpace e Facebook, são usados por jovens para conhecer outros jovens, para explorar novas identidades. A nova geração de consumidores, os ‘millennials’, nascidos entre 1977 e 1994 cresceu imersa na internet. Os mais jovens têm melhores amigos virtuais e é difícil para os mais velhos entender isso. Quando um adulto tem contato com uma mídia nova, ele tende a olhar para ela com olhos de outra mídia: para o baby boomers (nascidos entre 1946 e 64), ‘a internet é uma televisão que não funciona tão bem’.
No Brasil, o Orkut é um fenômeno.
Em minhas palestras, uso o Orkut como exemplo de como sites de comunidade são imprevisíveis do ponto de vista comercial. O Orkut começou no Vale do Silício, foi comprado pelo Google, mas nunca fez sucesso aqui. Mas ainda não encontrei uma explicação sobre o porquê do Orkut fazer tanto sucesso no Brasil.
Que lições tiramos do passado?
Minha frase preferida do momento é atribuída a Mark Twain: ‘a história não se repete, mas freqüentemente rima’. Depois de anos, cheguei a três regras de futurismo prático: 1) Nada acontece tão rápido quanto os especialistas dizem. Eles têm interesse em fazer você comprar o produto ou a consultoria logo, mas raramente as transformações ocorrem tão rápido. 2) Quando se ganha algo, sempre se perde algo. É o preço. Há dois tipos de pessoas: as que vêem somente o que se perde e as que vêem o que se ganha. O trabalho do futurista é fazer um balanço dos dois. 3) Os fundamentos ainda se aplicam. Ficamos tão envolvidos com o que a tecnologia pode oferecer que perdemos de vista o que nos propusemos a fazer no início. É importante se perguntar: qual é o meu negócio? Do que as pessoas precisam?
Mas mudança é inevitável, não?
É quase impossível parar a tecnologia. Algumas civilizações tentaram, como o Japão de séculos atrás que bloqueou a entrada de armas de fogo para proteger a cultura dos samurais enquanto o resto do mundo estava fabricando e comprando armas. A tecnologia é como o clima. Pode ser bom ou ruim, mas é inevitável.
Como você lida com o fato de que jornais estão interessados no grande público?
Há sempre um pequeno grupo de pessoas que vão adotar a tecnologia cedo. Mas o RSS é exemplo de um produto que todo mundo oferece mas que não é muito usado. As pessoas não se dão o trabalho de configurar páginas da internet com um perfil particular. Elas querem que você faça isso por elas.
Como a tecnologia pode ajudar os jornais a sair da crise econômica?
O jornal impresso ainda vai existir por muito tempo. Ele não vai ser substituído por eletrônicos, mas deve mudar. Programação de televisão ou preço das ações, por exemplo, não serão mais impressos. Só há espaço para crescimento online, e o problema é que (em termos de negócios) o leitor online vale um décimo do leitor impresso. É cedo para dizer que ninguém vai pagar por artigos na internet. E vale a pena estimular a compra de artigos especializados pois depender de propaganda é perigoso por uma série de razões, desde estabilidade de mercado até a influência potencial no editorial. Devemos também pensar em produtos para aparelhos portáteis porque as pessoas já estão acostumadas a pagar por toques e papéis de parede para o celular, por exemplo. A segunda estratégia é descobrir como a propaganda pode ser mais eficaz. Menos de 10% do orçamento para propaganda é gasto na rede mas mais de 20% do tempo de nossa audiência é gasto nela. Ainda temos muito dinheiro aí. E finalmente temos que descobrir como usar o mercado local. Aqui nos EUA a maior parte das propagandas é nacional. Talvez devêssemos escalar repórteres para cobrir apenas assuntos locais porque os leitores vão saber dos nacionais de qualquer maneira. Dois tamanhos parecem funcionar: gigante e minúsculo. Se você está no meio, seu negócio vai ser devorado.’
Filipe Serrano
Jornalismo online em debate
‘Começa amanhã o 1º Seminário Internacional de Jornalismo Online, ou apenas Media On, que propõe discutir as mudanças no jornalismo provocadas pelas novas tecnologias.
Até quinta-feira, sete painéis terão temas, como os novos hábitos de consumo de informação, o jornalismo colaborativo, os desafios para a mídia tradicional e a formação dos jornalistas.
Os debatedores são profissionais e estudiosos, principalmente de grandes grupos de comunicação, que têm pensado e trabalhado com as possibilidades abertas pela internet.
‘A tecnologia se tornou tão orgânica no jornalismo e faltava uma discussão com profissionalismo no Brasil’, diz Antonio Prada, diretor de mídia do portal Terra e um dos curadores. ‘Passamos por mudanças profundas. O usuário não é mais passivo. Ele decide o que quer ver e ainda cria conteúdo. O jornalista deixa de ser o porta-voz da verdade absoluta’, afirma.
Ele também cita que a internet, além de informar com mais agilidade, trouxe transparência no produção de notícias porque o usuário pode reagir diretamente à informação.
O curador ainda faz uma crítica às mídias tradicionais que ‘estão demorando a perceber que a roda mudou’, diz.
O evento, porém, não traz os reais atores das transformações: os próprios usuários, que através de blogs ou produções independentes constroem a mídia colaborativa. ‘O perfil editorial do Media On é esse mesmo. Escolhemos os debatedores por causa da representatividade pesada que cada um tem com seu trabalho com a web’, diz Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo de Diálogos do Itaú Cultural.
Ficha técnica
MEDIA ON
DEBATEDORES
ONDE – Itaú Cultural (Av. Paulista, 149). De amanhã à 5ª
WEB
INSCRIÇÃO – Participação é gratuita, mas as inscrições estão encerradas. O site vai transmitir as palestras ao vivo.
TERÇA – Michael Rogers, Américo Martins (BBC) e Paulo Henrique Amorim, às 19h30. Para convidados.
QUARTA – Lilian Witte Fibe, Kurt Muller (CNN) e Mario Andrada e Silva (Reuters). Quatro painéis no dia todo.
QUINTA – Ricardo Noblat,Sally Thompson (BBC) e Sidnei Basile (Abril). Dois painéis, às 9h30 e às 11h30.’
INTERNET
Microsoft lança site para concorrer com o YouTube
‘A Microsoft finalmente inaugurou, semana passada, o site que criou para concorrer com o megaportal de vídeos YouTube: é o MSN Soapbox. Como no YouTube, são os próprios internautas que fornecem os vídeos exibidos no site.
Mas há uma diferença. O Soapbox tem uma tecnologia que supostamente impede a publicação (upload) de vídeos piratas – como programas de TV, clipes e filmes protegidos por direitos autorais.
Com isso, a Microsoft quer evitar os problemas enfrentados pelo rival YouTube, que está sendo processado nos Estados Unidos. A empresa de mídia Viacom, que é dona da MTV, pede ao site uma indenização gigantesca: US$ 1 bilhão.
A Microsoft não quer problemas desse tipo – tanto é que, logo depois de lançar o Soapbox, no começo do ano, tirou o site do ar. E só o reabriu agora, com a nova tecnologia antipirataria.
À primeira vista, os filtros do Soapbox realmente parecem funcionar. Passando-se por um usuário comum, o Link tentou enviar para o site o videoclipe de uma banda americana.
Não deu certo: o Soapbox percebeu, não colocou o vídeo no ar e disse que aquilo era ‘violação de direitos autorais’.
Já no YouTube, um cenário totalmente diferente. Nem foi preciso enviar o tal clipe. Já estava no ar, e como: eram mais de 3.800 cópias, de remixagens a paródias feitas pelos próprios internautas.
E boa parte do sucesso do YouTube se deve, justamente, aos tais clipes ‘piratas’ – se ele só tivesse vídeos amadores, não seria nem de longe tão popular. A Microsoft sabe disso e está procurando um meio-termo. Já fechou acordos com as emissoras de televisão Fox e NBC, cujas produções serão liberadas no Soapbox. Como acaba de entrar no ar, ele ainda tem bem pouco conteúdo.
QUERO SER O YOUTUBE
Tecnicamente, o Soapbox é muito parecido com o YouTube. Os vídeos rodam numa janelinha, que pode ser republicada em blogs ou sites pessoais. Também dá para compartilhar os clipes por e-mail, mas não é permitido baixar uma cópia para guardar no computador.
O site da Microsoft tem uma coisa que o YouTube não tem . Você pode navegar por todo o acervo do site sem interromper o vídeo que está vendo. Legal.
Fora isso, a semelhança com o rival é tão absoluta que chega a ser embaraçosa para a Microsoft. Como o YouTube, o Soapbox usa a tecnologia Flash Video (da Adobe). Acontece que a Microsoft acaba de lançar uma tecnologia concorrente – ela se chama Silverlight e, supostamente, é melhor do que o Flash.
Se é mesmo, por que a Microsoft não usou essa tecnologia nem mesmo em seu próprio site? Incompreensível.’
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Enquanto isso, independentes vão avançando
‘O vídeo na internet parece ter chegado a um impasse: de um lado, as emissoras e os estúdios de cinema, que querem manter o controle sobre suas produções. De outro, os sites como YouTube e Vimeo, onde qualquer pessoa pode colocar qualquer vídeo (inclusive cópias não-autorizadas de filmes, programas de TV etc.). No meio da briga está o programa Joost, que se diz uma alternativa legalizada para ver TV via internet, mas ainda tem programação pobre e não foi liberado para todo mundo (é preciso receber convite de um usuário).
Alheios a tudo isso, os sites independentes estão bem na frente: oferecem muito mais variedade e quantidade de vídeos. No TV Links, por exemplo – tv-links.co.uk/, basta um clique para assistir a centenas de programas da televisão estrangeira. Quer ver programação ao vivo? Acesse o site.’
Pedro Doria
Um brinde a Jobs e Gates
‘No princípio de junho de 1977, há exatos 30 anos, chegou às lojas na Califórnia o Apple II. Jamais se vira um produto como aquele. Computadores pessoais já existiam, mas uns não tinham teclado, outros vinham num estojo de madeira – caso do Apple I -, uns terceiros tinham de ser ligados à televisão.
O Apple II era bege. Seu case plástico acoplava a CPU, drive para disquetes, monitor. Foi o primeiro computador pessoal que qualquer um, hoje, identificaria como um computador pessoal. Inventou a cara dessas nossas ferramentas cotidianas. Em 1978, a Apple veiculou uma propaganda que dizia assim: ‘Milhares de americanos já compraram o Apple II, seja você o próximo.’ Milhares, pois é. O tempo passa.
Na última semana, o Wall Street Journal apresentou sua conferência D5, All things digital. O colunista de tecnologia Walt Mossberg, um dos mais respeitados, foi ao palco para receber dois homens que raramente são encontrados juntos. Bill Gates entrou de um lado, Steve Jobs do outro. O fundador da Microsoft e o da Apple. O vídeo está no YouTube.
Como brigaram os dois, nos últimos 30 anos. ‘Bill percebeu antes de todos que o software é mais importante do que o hardware’, disse Steve. ‘Steve tem essa obsessão por qualidade do produto final que ninguém mais tem’, disse Bill. ‘Tendo a achar que tudo pode ser contado com uma música dos Beatles ou uma de Bob Dylan’, explicou ao fim Steve Jobs. ‘Neste caso, ‘you and I have memories that are longer than the road that stretches out ahead’.
Juntos, temos memórias que se estendem para além do que nos resta de tempo.
A Microsoft anunciou um computador interessantíssimo. É uma mesa, a tela fica no tampo. Ponha a câmera em cima, a mesa forma uma bolha onde ela está para indicar que a reconheceu. Aí, espalha pelo tampo as fotos que você pode organizar com as próprias mãos.
Cá entre nós: é raro, isto. Algo de fascinantemente simples, uma solução elegante, vinda da Microsoft. Chama-se Surface (superfície) e por enquanto não serve para nada. Às vezes, máquinas são inventadas apenas para que o público descubra se têm utilidade ou não. (O telefone era para ser um aparelho de surdez, do tipo que aumenta o volume do que se fala na outra ponta.)
Por sua vez, a Apple está para botar no mercado o iPhone, o primeiro celular que, bem, não tem botões. O novo sistema operacional dos Macs está para ser lançado, também – Jobs o apresentará esta semana e, até outubro, deve estar nas lojas. Enquanto isso, o iPod vai muito bem, obrigado.
Tecnologia, pois. Faz parte de nossos cotidianos. Dependemos dela para nosso sustento. Esses dois homens, Steve Jobs e Bill Gates, estarão nos livros de história. Não é retórica. Talvez nenhum presidente de nenhum país tenha mudado tanto o mundo quanto Jobs e Gates ao longo dos últimos 30 anos. E, diga-se, pois não é sempre que podemos dizê-lo: mudaram para melhor. (Sim, mesmo com os crashes do Windows.)
No mês do aniversário do Apple II, cujo primeiro software foi desenvolvido pela Microsoft, é bom lembrar de ambos na hora de erguer um brinde.’
O Estado de S. Paulo
Os mapas online estão de olho em você
‘A guerra sem limites entre Google e Microsoft acaba de chegar a uma nova fronteira: os serviços de mapas online. Na semana passada, tanto o Google Maps quanto o Live Maps receberam upgrades pesados, com novos recursos que realmente chamam a atenção.
No serviço do Google a novidade é o Street View, que complementa os mapas e as imagens de satélite com fotos tiradas ao nível do chão. O detalhe é que essas fotos são interativas, ou seja, você pode se movimentar por elas e fazer uma caminhada virtual pela cidade – mais ou menos como se estivesse lá.
Por enquanto, o Street View só está disponível nos mapas de algumas cidades dos EUA (como Nova York e São Francisco). Mas já criou polêmica.
O Google diz que só tira fotos em locais públicos, mas mesmo assim está sendo acusado de invasão de privacidade.
Isso porque as imagens, que são capturadas por uma câmera especial acoplada a um carro, já flagraram situações embaraçosas – como uma menina com a calcinha à mostra ou um rapaz urinando na rua. O Google diz que vai apagar as fotos polêmicas.
O novo recurso do Microsoft Live Maps (maps.live.com) não é tão invasivo, mas impressiona até mais. Apertando o botão 3D, o mapa se transforma numa reprodução tridimensional da cidade que você está vendo.
Para completar, clique no botão Hybrid e se surpreenda com o resultado: a cidade 3D é tão detalhada, mas tão detalhada, que mais parece um videogame. Está mais para um simulador de vôo, do tipo Flight Simulator, do que para um serviço de mapas tradicional.
Isso porque o novo recurso, que se chama Virtual Earth, mistura informações cartográficas (os mapas em si), fotos e computação gráfica para criar o resultado final, que é de tirar o fôlego. Segundo a Microsoft, o Virtual Earth tem um banco de dados gigantesco, com mais de 11,5 terabytes de informações – isso dá uns 11 mil gigabytes.
Para usar o Virtual Earth, que já está habilitado nos mapas de dezenas de cidades (veja a lista oficial), é preciso instalar um pequeno acessório no seu navegador – coisa que o site faz automaticamente.’
TELEVISÃO
Novela das 6 perde anunciantes
‘Não é só em audiência que Eterna Magia, nova novela das 6 da Globo, tem derrapado. O circuito comercial reflete também que o folhetim está longe de emplacar. A trama vem perdendo anunciantes ao longo dos capítulos, segundo levantamento da Controle da Concorrência, empresa que monitora inserções comerciais para o mercado publicitário.
A pesquisa traçou um comparativo entre os breaks comerciais da primeira semana no ar da novela (de 14 a 19 de maio) e da terceira semana de exibição (de 28 de maio a 2 de junho).
O resultado aponta queda de 58 anunciantes (semana de estréia) para 37 nas semanas mais recentes. Essa redução já fez a novela ir ao ar com dois intervalos apenas, em vez de três.
Ainda segundo o levantamento, a Unilever, uma das maiores anunciantes do horário, diminuiu de 11 para 1 inserção sua participação no break de Eterna Magia.
Marcas como Bradesco e Coca-Cola, que apostaram na novela em sua estréia, não aparecem entre as inserções da trama nas últimas semanas. A análise também leva em conta as inserções em relação aos intervalos de sua antecessora, O Profeta: houve queda de 39% nas inserções comerciais.
Na semana de estréia, O Profeta teve 54 anunciantes diferentes, 4 a menos que Eterna Magia. No entanto, em sua terceira semana no ar, O Profeta saltou para 59 anunciantes.
Desde a estréia, Eterna Magia preocupa a alta cúpula da Globo. O primeiro capítulo, na casa dos 30 pontos de audiência, teve platéia inferior à de O Profeta, que bateu a marca dos 34 pontos. Atualmente, a novela oscila entre 26 e 28 pontos de audiência, nada empolgante para um horário que já chegou a registrar 41 pontos em pleno carnaval.
entre-linhas
Paulo Markun assume a presidência da Fundação Padre Anchieta nesta quinta-feira e uma das medidas do novo chefe, já conhecidas entre a alta esfera da TV Cultura, será uma grande reforma na nomenclatura de cargos e funções.
Gaúcha de Porto Alegre, de 23 anos, Fernanda Schonardie é a nova Miss Playboy TV Brasil.
Além de Leonardo, o irmão, registram depoimentos para o tributo a Leandro no especial Por Toda a Minha Vida: Xuxa, Zezé Di Camargo, Ney Latorraca e Toquinho. Vai ao ar no dia 22, na Globo.’
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Folha de S. Paulo
Segunda-feira, 11 de junho de 2007
CRÔNICA POLÍTICA
Até o próximo escândalo
‘Outro dia, procurando uma besteira no Google, vi-me numa página da Wikipédia intitulada ‘Lista de escândalos de corrupção no Brasil’. Cliquei e fui ler. Era isso mesmo: uma lista dos escândalos em cada governo, de Geisel para cá.
Que viagem! Recordei nomes de que há muito tinha me esquecido: casos Lutfalla, Atalla e Coroa-Brastel, o escândalo das polonetas, das mordomias, das pedras preciosas. Só não me peça para explicar o que eram -centenas de escândalos depois, só um gênio se lembraria de todos esses acintes que, na época, nos encheram de santa indignação.
Dei-me à pachorra de contar os casos. No governo Geisel (1974-1979), a Wikipédia aponta 10 escândalos; no de Figueiredo (1979-1985), 11. Só isso? Sim, mas, lembre-se, era ditadura, e nada se apurava. Além disso, sob Figueiredo, ela esqueceu a bomba no Riocentro.
No governo Sarney (1985-1990), o recorde negativo: 6 escândalos. Engraçado: na época, tinha-se a sensação de um por dia. Mas a Wikipédia, mais uma vez, pode ter-se distraído, porque omitiu a farsa na concorrência da ferrovia Norte-Sul, desmascarada por Janio de Freitas na Folha.
No governo Collor (1990-1992), as coisas começam a esquentar: 19 escândalos. Parece pouco, mas apenas um caso, ‘o esquema PC’, comporta uns 20 ou 30 embutidos. E o governo Itamar (1992-1994), para quem sente saudades dele, comparece com 31 escândalos.
Adivinhe quem vai para o trono: os governos FHC (1995-2002) e Lula (desde 2003). O primeiro emplacou 44 escândalos; o segundo, 101, e a Wikipédia ainda não incluiu a Operação Xeque-Mate.
Pode-se dizer que nunca se apurou tanto quanto hoje. Certo. Mas ninguém é punido, e vida que segue. Zera-se a pedra e até o próximo escândalo.’
TODA MÍDIA
Drags de pele negra
‘As rádios não foram além de trânsito e segurança. Na TV, cobertura só à noite. Mas foi manchete para Folha Online, o site de ‘O Estado de S. Paulo’ e outros a Parada Gay, com um novo recorde no ‘Guinness’, três milhões, segundo a PM. Registros para a ministra Marta Suplicy e o prefeito Gilberto Kassab, dizendo que ‘o Brasil é cada vez menos preconceituoso’. Para o lema de rua e do site da parada, ‘Por um mundo sem racismo, machismo e homofobia’, pouca atenção. Na Folha Online, Sérgio Ripardo destacou com o título ‘Drags de pele negra reclamam de racismo’. No Blog dos Blogs, Marcos Coimbra, do Vox Populi, notou que ‘três milhões é mais do que Belo Horizonte inteira’, isso sem ter de TV e rádio a atenção da missa do papa. ‘É hora de prestar atenção’, avisou ele, aos políticos.
AFROLATINOS
Na capa do ‘Miami Herald’, ‘Afrolatino-americanos: Uma voz em ascensão’. Citando Nicarágua, Brasil e outros, diz que ‘um movimento de direitos civis abre as asas’. Fala em ‘mudança dramática de consciência entre negros através da América Latina’, onde ‘só agora se começa a contar a população negra’.
‘AGROCOMBUSTÍVEL’
O blog de Josias de Souza postou que o MST abre seu congresso hoje longe de Lula.
Já o site sem-terra anuncia que vem aí ‘programa novo’, agora que ‘a reforma agrária ficou mais complexa, porque os grandes grupos tomaram conta da nossa agricultura’. João Pedro Stedile critica o ‘monocultivo’ estimulado pelos ‘agrocombustíveis’ e sugere estatizar o comércio.
‘BIOCOMBUSTÍVEL’
O site do Departamento de Estado dos EUA destaca, da reunião da Organização dos Estados Americanos, que ‘EUA e Brasil buscam uma América Central guiada por biocombustíveis’. Proclama Condoleezza Rice que ‘nosso objetivo é liderar a nova era de segurança inter-americana em energia’. Na sub-região, o foco inicial de EUA e Brasil está em El Salvador e Haiti.
O CAIXEIRO
No ‘China Daily’, Lula ao volante da espiga de milho
Após assinar artigos no britânico ‘Guardian’ e no indiano ‘The Hindu’, Lula falou sexta-feira ao G8, na Alemanha, enquanto um artigo seu saía na Folha, no francês ‘Le Monde’, no espanhol ‘El País’ e em outros. O mais curioso, com eco por sites daqui, foi a publicação no estatal ‘China Daily’, de Hong Kong. Com ilustração de Liu Yanfeng em que Lula chega ao G8 numa espiga de milho, referência ao etanol de milho dos EUA e Europa, questionado pelo brasileiro.
GOOGLE DE OLHO
Em destaque na capa do ‘San Francisco Chronicle’, ontem, o acordo que o gigante Google fechou com o ‘chefe amazônico’ Almir Surui, para o monitoramento via Google Earth dos ataques a sua aldeia por ‘madeireiros e mineiros’. É só o primeiro, diz o jornal.
BUSH COM BILL GATES
Na manchete do ‘New York Times’, ‘Microsoft acha seu defensor no Departamento de Justiça’. O responsável pela política anticartel de Bush, ex-advogado da Microsoft, baixou ordem para não se aceitar denúncia da Google contra o Vista, da Microsoft.’
VENEZUELA
Folha de S. Paulo
Chávez volta a elogiar Lula em seu programa dominical
‘O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou a elogiar ontem o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, desta vez para agradecer a declaração de que a não renovação da concessão da emissora oposicionista RCTV está dentro das regras democráticas. A declaração foi feita por Lula em entrevista à Folha, publicada na última sexta-feira.
‘Quero publicamente agradecer Lula por sua consciência e suas declarações. Ele disse a verdade. Queriam que Lula opinasse contra a decisão que tomamos. Não conseguiram’, disse Chávez em seu programa de rádio e TV ‘Alô Presidente’.
‘Somos amigos e somos irmãos. Alguma divergência? Claro, há diferenças de enfoque, mas Lula deu boas declarações’, continuou o venezuelano. Ele já havia elogiado o presidente brasileiro em entrevista coletiva em Caracas, na quarta-feira.
No programa, Chávez disse que não permitirá que paramilitares colombianos, de esquerda ou direita, se refugiem na Venezuela. E pediu aos integrantes do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), criado para reunir todas as correntes chavistas, que se desfaçam de parte de suas riquezas. ‘A demonstração de que querem ser socialistas é que se desprendam, entregando bens materiais ou monetários que não sejam imprescindíveis à subsistência.’’
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
‘NYT’ vê ação pró-Microsoft do governo dos EUA
‘O governo americano mudou sua orientação e não quer mais conter o poder monopolista da Microsoft, segundo o jornal ‘The New York Times’.
O motivo seria a migração do modelo de negócios de softwares proprietários para programas da rede, o que reduziria o poder econômico dos EUA.
O movimento mais grave aconteceu recentemente, quando um dos principais advogados antitruste do Departamento de Justiça aconselhou os promotores a rejeitar uma queixa confidencial do Google contra a Microsoft.’
VIOLÊNCIA
Dono do jornal ‘O Povo’ é baleado no Rio
‘O empresário Alberto Ahmed, 56, dono do jornal ‘O Povo’, do Rio, foi baleado ontem à noite no Grajaú, zona norte da cidade.
Segundo familiares do empresário, Ahmed dirigia o próprio carro quando recebeu um tiro no braço direito por volta das 21h em uma tentativa de assalto na rua Caruaru, próximo de sua casa.
Os autores fugiram. Não há indícios de que o crime tenha relação com a linha editorial do jornal.
Ahmed foi internado no Hospital dos Italianos, também no Grajaú. De acordo com a família, o empresário não corre risco de morte.’
TELEVISÃO
TV digital sairá cara e poderá ser adiada
‘A TV digital brasileira corre o risco de não ser inaugurada em 2 de dezembro, como querem as emissoras e o governo federal e está previsto até em decreto. As redes poderão até transmitir em sinal digital nessa data, mas é grande a possibilidade de não haver equipamento para o telespectador sintonizá-las.
A Eletros (associação dos fabricantes de produtos eletrônicos) diz que não ‘tem como precisar a data’ em que chegarão às lojas os primeiros set-top boxes, equipamento fundamental para a recepção digital. A entidade não confirma se isso será possível até dezembro.
Argumenta a Eletros que a ‘indústria ainda está desenvolvendo os protótipos dos set-top boxes, mas, para que sejam produzidos com qualidade, será necessária a realização de vários testes’. A Folha apurou que os primeiros protótipos ainda estão longe do ideal.
Outra barreira para a TV digital será o alto custo inicial. Os primeiros set-top boxes não custarão US$ 100, como afirmava o ministro Hélio Costa (Comunicações). Dificilmente custarão menos de R$ 800.
Além disso, os set-top boxes terão interatividade limitada, semelhante à que a TV paga já oferece (guia de programação e sinopses). Segundo a Eletros, ‘levará algum tempo até o lançamento da interatividade plena’, porque os aplicativos do middleware Ginga (algo como o Windows da TV paga brasileira) ainda não estão prontos.
NA REDE 1
A Record colocará toda a sua programação própria (menos filmes, desenhos e séries importadas) na internet a partir do dia 26. A emissora está implantando um media center, semelhante ao que a Globo já possui há vários anos.
NA REDE 2
Com o media center, será possível assistir aos telejornais e capítulos inteiros das novelas da Record na manhã seguinte à exibição. O site também terá trechos dos programas de auditório e de variedades.
NA REDE 3
O conteúdo da Record será todo oferecido de graça. A Globo também abre gratuitamente boa parte de seu conteúdo, mas à íntegra de capítulos de novelas, por exemplo, só tem acesso quem é assinante de seu portal.
CADEIRANTE
O ator Antonio Fagundes está usando cadeira de rodas. Segundo sua namorada, Viviane Ventura, não é nada grave. ‘É apenas um probleminha no pé, mas ainda não sabemos direito o que é’, diz a vencedora do primeiro ‘Aprendiz’.
HERMANOS
Além da brasileira ‘Mandrake’, uma das apostas da HBO para o último trimestre deste ano é a série mexicana ‘Capadócia’, produção de 13 episódios que retrata o universo de uma penitenciária feminina.
MADURO
Nos bastidores das filmagens de ‘Mandrake’, são muitos os elogios ao protagonista Marcos Palmeira. Colegas do ator avaliam que ele está amadurecido e que o personagem é um ‘divisor de águas’ em sua carreira.’
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Ator que faz Dr. Burke é tirado de ‘Grey’s Anatomy’
‘Isaiah Washington, que interpreta Dr. Burke em ‘Grey’s Anatomy’, foi informado de que estará fora da próxima temporada (a quarta) do premiado seriado, exibido no Brasil pelo canal pago Sony.
De acordo com a revista norte-americana ‘TV Guide’, o ator foi afastado por ser acusado de homofobia com seu colega de elenco T.R. Knight, que faz o papel de Dr. O’Maley.
Na semana passada, Knight revelou ser gay e confirmou ter sido ofendido por Washington -antes, Knight negara a ofensa. Shonda Rhimes, que criou o programa e também é roteirista, teria sido a responsável pela decisão de não renovar contrato.
Washington fazia o papel de um competente cirurgião cardíaco, um dos protagonistas da história.
‘Grey’s Anatomy’ venceu neste ano o Globo de Ouro de melhor série dramática da televisão.
Com agências internacionais’
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