Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Melhor que este, só o próximo

Caros leitores, pelo jeito, sobrevivemos ao ano da crise do fim do mundo. Este é último post que escrevo em 2009. Volto no dia 4 de janeiro ou em edição extraordinária, se algum fato novo assim o exigir. Aproveito para dar uma merecida folga aos leitores e aos meus colegas do iG, a quem agradeço por me aguentarem durante todo este ano que se anunciava terrível, mas acabou bem.

Foi um ano duro, difícil para muita gente no mundo todo, que perdeu trabalho e renda, milhões de pessoas atingidas por tragédias climáticas, com a economia mundial se recuperando no segundo semestre.

E nada melhor do que terminar o ano com uma notícia boa: no momento em que escrevo, o menino S.G., de nove anos, está seguindo para o aeroporto do Galeão, junto com seu verdadeiro pai, o americano David Goldman, a quem foi devolvido pela família brasileira, por ordem da Justiça, na manhã desta quinta-feira (24), véspera de Natal.

Não sou destes blogueiros megalomaníacos que comemoram notícias boas como se fossem uma vitória pessoal, mas não posso deixar de ficar feliz com o desfecho desta novela que já durava cinco anos e foi tema de várias matérias no Balaio ao longo de 2009. 

Outra boa notícia é o novo salário mínimo que chega a R$ 510 a partir do dia 1º de janeiro, o maior da história, em dólares. Isto é bom não só para quem ganha o mínimo e para os aposentados que terão um reajuste maior do que a inflação, mas para o conjunto da sociedade brasileira porque faz a roda da economia girar com maior vigor.

Fortes emoções

Depois de um início difícil para todos, 2009 termina com a economia brasileira retomando os indicadores de antes da crise, embora o crescimento do PIB este ano deva ficar em torno de zero. Mas todas as previsões para 2010 já indicam que voltaremos a crescer a 5% ao ano.

Aqui em casa não podemos nos queixar. Chegamos todos ao final do ano com saúde e trabalho, que é o que mais importa. Mudei de casa, completei 45 anos de jornalismo e, pela primeira vez na vida, tive um reajuste salarial ao contrário bem no meio da crise. Em dezembro, o Balaio conquistou seu primeiro patrocínio, um institucional da Vale, o que deixou tudo elas por elas.

Espero apenas frequentar menos médicos e hospitais no próximo ano, ter mais tempo para curtir os netos e os amigos. Do ponto de vista profissional, 2009 não poderia ter sido melhor. No mesmo mês em que completava seu primeiro ano no ar, o Balaio conquistou o Prêmio Top Blog 2009, na categoria política (primeiro lugar no júri acadêmico e terceiro lugar no voto popular).

Melhor ainda do que o prêmio, foi a iniciativa tomada por um grupo de leitores que criaram o Boteco do Balaio, uma filial deste blog no Google, onde o papo é absolutamente livre, quando me vi obrigado a fazer a moderação de comentários no início do ano, após uma invasão de cachorros loucos.

Em setembro, comemoramos, por iniciativa deles, o primeiro aniversário do blog num encontro nacional de leitores num bar aqui em São Paulo, algo inédito neste mundo da internet, onde um não conhece a cara do outro, embora se encontrem e conversem quase todo dia.

Para quem gosta de fortes emoções, 2010 promete. É ano de eleições gerais no Brasil e de Copa do Mundo na África do Sul. Teremos a primeira eleição presidencial sem Lula na urna eletrônica desde a redemocratização do país e a primeira Copa disputada no continente africano.

Um Feliz Natal e um Feliz Brasil 2010 para todos nós. Até janeiro.

Em tempo:

Depois de publicar o texto acima, fui alertado pelo amigo leitor Marco Antonio Zanfra que faltou um registro importante entre as boas notícias: nesta mesma quinta-feira (24/12), o presidente Lula recebeu o título de ‘Personalidade do Ano’, concedido pela primeira vez pelo jornal francês Le Monde, uma das mais respeitadas publicações da imprensa mundial. O mesmo prêmio já havia sido concedido a Lula pelo jornal espanhol El País.

Ao entrar no último ano dos seus dois mandatos, o presidente brasileiro continua com mais prestígio na imprensa lá fora do que aqui dentro.

Os grandes jornais brasileiros registraram o fato de uma forma, digamos, bastante discreta. Ao final da sua resenha sobre o artigo de Jean-Pierre Langellier, que escreveu o perfil de Lula para o Le Monde, Gilles Lapouge, o eterno correspondente do Estadão em Paris, fugiu à má vontade geral, e comentou:

‘Quando terminamos de ler o artigo de Langellier, voltamos à primeira página. E olhamos longamente a foto do presidente brasileiro. E nos dizemos que a Providência ou o destino dos povos, tão cega, tão mal inspirada ou tão frívola no geral, desta vez acertou em cheio. Uma figura simpática como essa, realmente vale a pena.’

Detalhe: Gilles Lapouge é francês.

PS: na conversa que tivemos hoje, sexta-feira, dia de Natal, na hora do almoço, o presidente Lula nem comentou o assunto.

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Jornalista