De acordo com as novas regras eleitorais do Zimbábue, a mídia estatal deve dar o mesmo tempo de cobertura a todos os candidatos. A norma, no entanto, existe apenas na teoria. Na prática, o candidato presidencial Simba Makoni, de oposição, foi proibido de colocar anúncios em veículos estatais, noticia a BBC News [26/3/08]. ‘Nós reservamos, pagamos e eles alegam que não irão exibi-los’, conta Denford Magora, porta-voz de Makoni. Segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI), a oposição vinha sendo censurada na campanha das eleições presidenciais, parlamentares e locais, realizadas no último sábado (29/3). Já o Ministério da Justiça nega as acusações e declara que a oposição está ‘em pânico’. Os partidos da oposição temem fraude no pleito.
Makoni, ex-ministro de Finanças do país, rompeu com o partido de situação, o Zanu-PF, e concorre como candidato independente contra o presidente Robert Mugabe – que tem 84 anos de vida e 28 de poder. No dia 25/3, o Movimento para Mudança Democrática, partido da oposição, informou que pessoas entregando santinhos foram presas em um pequeno aeroporto nos arredores da capital, Harare. No final de semana, o controle de tráfego aéreo confiscou um helicóptero que havia sido contratado pelo Movimento, evitando que o candidato Morgan Tsvangirai viajasse em campanha.
Engolindo cartazes
De acordo com a AI, ainda que os partidos de oposição tenham conseguido mais acesso a áreas rurais do que nas eleições anteriores, isto não significa maior liberdade de campanha no país. ‘Continuamos a receber relatos de intimidação, censura e violência a todos que são partidários dos candidatos da oposição. Muitos nas áreas rurais estão temerosos com retaliação após as eleições’, diz Simeon Mawanza, pesquisador da AI no Zimbábue. Segundo a organização, com sede em Londres, no começo de março três membros do Movimento foram forçados por agentes de segurança a retirar cartazes de campanha em Bulawayo, mastigá-los e engoli-los.