Duplo espanto na edição 2379 (de 25/6) de Veja, com o encarte de 48 páginas sobre os “100 anos da grande guerra”. Trabalho primoroso, bem elaborado, bem pesquisado, bem escrito, bem editado, equilibrado e, principalmente, de grande atualidade num semanário quase cinquentão, líder do segmento, um dos mais lidos do Ocidente, que nas últimas décadas optou pelo baixo-jornalismo, pelo denuncismo, ligeireza e militância furiosa.
De repente, em pleno carnaval futebolístico, no mesmo fim de semana prolongado em que a Folha de S.Paulo junta a “Ilustrada” com a “Ilustríssima” e dá uma banana para o leitor qualificado, ressurge a venerável Veja com toques da falecida Realidade apostando abertamente na inteligência.
Espanto ainda maior: a mesma equipe que nos últimos anos permite-se produzir uma sucessão de peças infames sai do armário para oferecer um trabalho jornalístico exemplar.
Certamente a merecida homenagem ao fundador da revista, Roberto Civita, falecido há pouco mais de um ano. Penitência ou catarse, não importa. Oxalá voltem a homenageá-lo a cada semana. Ele merece, o leitor também.