A MP que cria a TV Pública foi afinal aprovada no Senado, numa sessão melancólica, alta madrugada de quarta-feira (12/3). Os matutinos não tiveram tempo de enfiar a notícia em suas edições de quarta, as rádios que baseiam o seu noticiário nos jornais foram discretas – inclusive porque são contra a TV Pública – e os portais de notícias na internet que não dispõem de um corpo de repórteres próprios, exceto os blogs especializados, também primaram pela ausência.
A criação da TV Pública no Brasil merecia uma sessão compatível com a sua importância. Erraram todos: a oposição porque ignorou que existe outra rede pública, praticamente nos mesmos moldes da TV Brasil, a Rede Cultura, financiada pelo governo do estado de São Paulo. Juntas em determinados projetos e programas poderiam estabelecer um alto padrão de qualidade e uma visão pluralista.
Errou o líder do governo no Senado que, por causa dos prazos, deixou de lado outra MP pedida pelo governo sob a alegação de ‘irrelevância’ – permitindo assim a aprovação da MP da TV Pública numa votação simbólica já que, em protesto, a bancada da oposição retirou-se do plenário.
A criação de uma TV Pública ou uma TV de Interesse Público está sendo reclamada há pelo menos uma década por todos os que se preocupam com o baixo nível da TV privada.
O texto aprovado tem furos, mas alguns poderiam ser corrigidos durante a tramitação desde que a oposição entendesse a importância de uma rede pública de TV e percebesse que um dia ela será governo.
O projeto não merecia tanto ressentimento; não merecia, sobretudo, este desfecho pouco edificante.