O New York Times está ganhando um novo assinante digital por minuto, segundo Isabel Sicherle, diretora para América Latina, México e Caribe do jornal.
Desde que a empresa implementou seu “paywall” (muro de cobrança), em março, conquistou 325 mil assinantes digitais, mais 100 mil assinantes por meio de um acordo com a Ford e 800 mil assinantes do impresso que têm acesso ao on-line.
“A avaliação é que o sistema de assinaturas digitais é um sucesso: nosso modelo de cobrança está correto e nosso público está preparado para pagar”, disse Sicherle em palestra no Seminário Internacional de Jornais da Inma (International Newsmedia Marketing Association), em São Paulo.
“É como música digital: as pessoas se acostumaram a pagar e não reclamam mais.”
O “paywall” é o sistema pelo qual os jornais dão acesso a seu conteúdo on-line. No caso do NYT, o leitor tem acesso gratuito a 20 artigos por mês. A partir daí, precisa ter uma assinatura, cujo preço varia de US$ 15 a US$ 35, de acordo com o pacote oferecido (acesso de smartphone, internet e tablet).
Mesmo com o início da cobrança pelo acesso digital, o jornal não perdeu tráfego. Antes do “paywall”, eram 50 milhões de visitantes únicos, número que caiu para 45 milhões logo após a introdução da cobrança e agora voltou à faixa dos 50 milhões.
O sucesso com as assinaturas digitais tem permitido ao jornal investir em sua ampla cobertura internacional -são 48 sucursais ao redor do mundo- e em seu laboratório de pesquisa e desenvolvimento, disse Sicherle.
Não negligenciar
Em sua palestra, o editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, ressaltou que o jornal já está em avançado estágio de integração do on-line e do impresso, mas o que norteia o grupo ainda é o papel.
“O papel tem muito mais credibilidade: uma manchete de seis colunas tem muito mais peso que uma on-line.”
“E, de cada US$ 100 que entram na Folha, US$ 90 vêm do papel; o meio on-line é badalado e atraente, mas a base é pequena.”
Ricardo Gandour, diretor de conteúdo de O Estado de S. Paulo, também sublinhou a necessidade de não negligenciar o jornal impresso.
“É importante não nos esquecermos de inovações na mídia existente, não investir apenas nas novas mídias.”
Laboratório digital
O grupo RBS investiu R$ 2 milhões em um laboratório digital que fica no centro de tecnologia da PUC-RS, com 85 profissionais contratados.
Segundo Marta Gleich, diretora de internet do Zero Hora, eles criam aplicativos para tablets, games ligados a conteúdo e infografia digital.
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[Patrícia Campos Mello é repórter da Folha de S.Paulo]