Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Noblat leva seu
blog para a Globo


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Comunique-se


Quarta-feira, 27 de dezembro de 2006


INTERNET
Marcelo Tavela


Blog do Noblat migra para O Globo em 2007


‘A partir de 01/01, o Blog do Noblat, um dos mais influentes do jornalismo político no País, ganha endereço novo: o Globo Online. Ricardo Noblat, o editor do blog, também passará a publicar uma coluna todas as segundas-feiras em O Globo.


‘O blog estreará como ele está hoje, apenas com pequenas mudanças no design’, explica Noblat. ‘Mas, para fevereiro, já penso em criar novas seções, coisas diferentes que a tecnologia do Globo permite’, completa. O jornalista explica que o perfil e o enfoque do blog serão os mesmos, e manterá os dois repórteres que trabalham com ele, seu filho Gustavo Noblat e Felipe Recondo.


Sua coluna será publicada no primeiro caderno de O Globo, revezando o espaço com a coluna de Merval Pereira, publicada de terça a domingo. ‘Pretendo contar histórias e trazer fatos novos. Contextualizar e explicar a política’, conta Noblat. A primeira coluna também será publicada no dia 01/01.


Na internet desde março de 2004, atualmente o Blog do Noblat está hospedado no site do Estado de S. Paulo. ‘Foi o primeiro blog de política a partir de Brasília’, lembra.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 27 de dezembro de 2006


TIME E ‘VOCÊ’
Luiz Weis


‘Você’ tem muito a aprender


‘A revista Time escolheu ‘Você’ a Pessoa do Ano de 2006. Você habita a constelação de comunidades virtuais que reúne os mais ativos dos 500 milhões de usuários da internet no mundo. Você está entre os participantes de sites de relacionamento como o Orkut, entre os freqüentadores das colossais redes de interação como o MySpace e o YouTube – se não estiver também entre os 60 milhões de blogueiros espalhados pelo globo.


A Time (5,2 milhões de exemplares por semana) transborda de superlativos ao cantar a revolução dentro da revolução pontocom – ‘muitos arrancando o poder dos poucos e se ajudando uns aos outros de graça, o que não apenas mudará o mundo, mas a maneira como o mundo muda’.


A revista se deslumbra com ‘a explosão de produtividade e de inovação que mal começa, à medida que milhões de mentes de outro modo fadadas a naufragar na obscuridade são puxadas para a economia intelectual global’.


Mas, num lampejo de lucidez e ironia, concede que seria errado ‘romantizar tudo isso mais que o estritamente necessário’. Reconhece que a impropriamente chamada web 2.0 (como se fosse uma nova tecnologia, e não um nova forma de usá-la) tem um lado tenebroso.


‘Traz à tona a estupidez das multidões, assim como a sua sabedoria’, diz a Time. ‘Alguns dos comentários no YouTube’, exemplifica, ‘são de fazer chorar pelo futuro da humanidade, já por causa da ortografia, para não falar no que contêm de obsceno e de ódio em estado puro’.


Feita a ressalva, a Pessoa do Ano ‘tomou as rédeas da mídia global, fundou e definiu a nova democracia digital, trabalha sem remuneração e derrota os profissionais no campo deles’.


Esse campo é o da imprensa. Ou melhor, da incessantemente apedrejada ‘mídia convencional’, a mainstream media que apanha da esquerda e da direita enquanto é acusada de se tornar a galope uma tediosa irrelevância para as novas gerações conectadas.


O novo jornalismo-cidadão (o próprio termo tem o som de uma clarinada libertária) seria a desforra da sociedade online contra um sistema de produção e distribuição de fatos e idéias carcomido por uma variedade de doenças insidiosas, crônicas e incuráveis. A saber, a subordinação da mídia aos grandes interesses econômicos e políticos; o pensamento único imposto pela crescente cartelização do setor; a redução da informação a entretenimento (o infoteinment); a presunção dos jornalistas donos-da-verdade e a sua quebradiça ética profissional.


Nenhum desses males é fictício e todos contribuem para a erosão da credibilidade da imprensa, acompanhada da profecia de que a morte do jornal é apenas uma questão de tempo (como certa vez um diário brasileiro intitulou uma notícia sobre o estado de saúde do líder iugoslavo Josip Broz Tito).


Os jornalistas-cidadãos – assim se autodenominam, entre outros, 4 milhões dos 12 milhões de blogueiros americanos – ganharam o dia quando a revista britânica The Economist, de 163 anos, perguntou retoricamente na capa, meses atrás: Quem matou o jornal?


‘É só uma questão de tempo’, pontificou a revista, sem fugir do clichê, antes que os diários ‘comecem a fechar em grande escala’. E resumiu, com uma metáfora, o divórcio entre a imprensa voltada para as grandes questões públicas e a preferência da maioria dos leitores por informações pedestres: ‘As pessoas querem que o seu jornal lhes diga como enriquecer e o que podem fazer esta noite.’


É de esperar que esse não seja bem o Santo Graal do jornalismo-cidadão. Afinal, o catecismo dos seus praticantes – pelo menos como o interpretou o repórter de mídia da New Yorker, Nicholas Lemann, no artigo Jornalismo sem jornalistas – transpira propósitos sociais mais elevados.


‘Amadores supostamente inspirados’, ou assim se imaginam, ‘descobrem o que acontece ali onde vivem e trabalham, e nos oferecem um quadro do mundo mais completo e rico do que o proporcionado pelas organizações noticiosas tradicionais, ao mesmo tempo que nos poupam da pompa e do exibicionismo que os jornalistas freqüentemente ostentam.’


Mas isso que está na sua vitrine é o que realmente eles têm a transmitir? Se o tiverem, na escala sugerida pelos entusiastas dessa espécie de imprensa sem agrotóxicos, a parte que lhes cabe no prêmio com que a Time consagrou os internautas militantes seria não apenas justificada, mas bem-vinda.


Do contrário, como ousou escrever o repórter John Markoff, do New York Times, as novas tecnologias de informação terão conseguido destruir velhos padrões sem criar algo melhor para pôr no seu lugar.


Os blogueiros americanos reagiram a Markoff com a agressividade que em toda parte contamina o debate público na internet – o que sugere, incidentalmente, que o meio incentiva o ‘bateu, levou’. Mas não conseguiram desmenti-lo.


A verdade é que ainda não deu tempo – se é que o problema é esse – para que criasse raízes na virtualidade uma cultura jornalística que permita aos seus jornalistas-em-exercício competir efetivamente com a achincalhada mídia tradicional.


Essa é a ambição assumida ao menos pelos mais exaltados (ou mais otimistas) entre eles: derrotar os profissionais no campo deles. Paradoxalmente, no entanto, é improvável que o consigam ‘sem a mediação dos profissionais’, nas palavras do jornalista da New Yorker, escolados nas disciplinas do ofício e sujeitos aos sistemas de certificação das informações que divulgam.


A internet tem tudo para ser o melhor meio já concebido para dar notícias, mas o mundo está cheio de pessoas que devem se achar o próprio jornalista-cidadão que a Time põe nas nuvens, apenas porque têm um computador e uma conexão de banda larga.


Só quem nunca deu um clique de mouse duvidará de que a rede tende a acabar com a embolorada distinção entre produtores e consumidores de informação. Mas durante muito tempo ainda o melhor jornalismo disponível na internet será o que produzirem os jornalistas da velha escola.


Luiz Weis é jornalista’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Globo fatura com futebol no exterior


‘O interesse da Globo na compra e controle total dos maiores campeonatos de futebol do País ultrapassam as fronteiras brasileiras.


Basta olhar paras as vendas do Globo TV Sports, distribuidora internacional da Globo de conteúdos esportivos, que, com um pouco mais de um ano de existência, já conseguiu emplacar com sucesso seu negócio.


A distribuidora fecha 2006 com a venda de seu conteúdo para mais de 100 países em feiras internacionais, entre eles: EUA, França, Itália e China.


Apesar de contar com um catálogo que reúne várias modalidades, o futebol é o carro-chefe dessas vendas.


Batizado de Brazilian Magic Football, o pacote mais procurado pelos compradores internacionais engloba mais de 80 partidas dos Campeonatos Paulista e Brasileiro. O canal CCTV-5, o maior em esportes da China, é um dos compradores do pacote.


Uma grande distribuidora de conteúdo do Kuwait, que levará os jogos brasileiros para países como Iraque, Líbano, Arábia Saudita, Irã, Síria, Egito e Marrocos, também fechou negócio a longo prazo (até 2008) com a Globo TV Sports.


Os projetos de Spielberg na TV


2007 promete ser o ano de Steven Spielberg na TV. Pelo menos é o que a imprensa americana anuncia. Segundo jornais locais, o cineasta encabeça pelo menos três grandes produções televisivas no próximo ano. Uma delas é a adaptação para a TV de O Talismã, livro homônimo de Stephen King que deve virar longa dividido em duas partes no TNT. Outros dois projetos estão nas mãos da Fox: uma série sobre a indústria da moda e um drama que se passa durante a 2ª Guerra Mundial, com direito a viagem no tempo.


Notas


O Discovery Channel exibe hoje, às 22 horas, o especial Momentos 2006, com fatos marcantes na ciência este ano, como o debate sobre o aquecimento global; aos avanços médicos no combate à aids e a reclassificação de Plutão.


O Sportv exibe amanhã, às 20h30, uma partida de futebol que reúne craques de todo o mundo e é organizada por Zico.


Boa notícia para os nostálgicos: o People + Arts estréia, em 1.º de janeiro, às 20 horas, o programa Vídeos Incríveis, com imagens absurdas narradas de forma divertidíssima.’


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 27 de dezembro de 2006


MÍDIA vs. LULA
Rubens Valente


No vermelho, Gamecorp projeta expansão


‘A Gamecorp, empresa do filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luis Lula da Silva, 31, trabalha com a previsão de zerar seu prejuízo até o segundo semestre de 2007, segundo o diretor-presidente da empresa, Leonardo Badra Eid. Em 2005, a Gamecorp informou ter acumulado prejuízo de R$ 3,47 milhões.


Conforme divulgou ‘O Estado de S. Paulo’ na última segunda-feira, a Gamecorp publicou no ‘Diário Oficial’ do Estado o balanço do ano de 2005 no último dia 23, sábado.


Por conta do prejuízo, o patrimônio líquido da empresa passou de R$ 5,2 milhões, no início daquele ano, para R$ 1,73 milhão, em dezembro.


Em janeiro de 2005, o grupo Telemar investiu R$ 5 milhões na empresa por meio de uma compra de debêntures conversíveis em ações. O capital social da empresa era de apenas R$ 10 mil. Além de Fábio Lula, também era sócio Fernando Bittar, filho do ex-prefeito de Campinas (SP) Jacó Bittar.


A operação tornou a Gamecorp alvo de críticas da oposição porque a companhia telefônica Telemar é concessionária do serviço público e fiscalizada pelo governo federal.


Mesmo após o prejuízo de 2005, a empresa investiu mais R$ 5 milhões no negócio em 2006, agora em contratos de publicidade.


Segundo o presidente da Gamecorp, Leonardo Eid, o prejuízo em 2005 já era ‘esperado’. ‘Não tem como você começar um negócio inovador já dando lucro. A própria MTV no começo, por exemplo, demorou quatro, cinco anos para ter lucro’, disse o executivo.


‘Nós temos uma previsão, e isso estava dentro do nosso planejamento inicial, de estar zerando, de chegar ao ‘break-even’ [ponto de equilíbrio], no segundo semestre de 2007, isso estava previsto desde o começo’, afirmou Eid.


O diretor-presidente da Gamecorp disse que não poderia revelar quanto cada sócio retirará após eventuais lucros da empresa.


‘Eu não posso te falar, mas garanto que é abaixo do mercado, pelas informações que a gente tem’, disse Eid.


O diretor-presidente disse que os negócios da empresa deverão crescer no próximo ano.


‘Hoje a gente entra em 2007 já com uma programação consolidada, temos uma previsão forte de receita de interatividade, nossa programação vai ser mais ainda interativa, e algumas receitas marginais também, conteúdo para celular, internet’, disse Eid.


Eid afirmou que os custos que levaram ao prejuízo em 2005 são ‘diluídos’: ‘Nosso maior gasto é com mão-de-obra na produção, intensiva. Basicamente [os custos] estão diluídos, não tenho nenhum item significativo’.’


TELECOMUNICAÇÕES
Elvira Lobato


Parceria entre tele e TV paga é investigada


‘A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) abriu investigação sobre a parceria comercial da Telefônica com a empresa DTHI, também conhecida como Astralsat, de São Paulo, para oferta de TV paga via satélite. O serviço foi lançado no dia 22 de novembro, em Ribeirão Preto (SP), com a marca Você TV.


No final de novembro, a empresa Galaxy do Brasil, que hoje faz parte da Sky, reclamou à Anatel que a Telefônica seria a verdadeira responsável pelo serviço, e não a parceira nacional, e que estaria explorando o serviço sem autorização do órgão regulador. A Sky tem 95% dos assinantes de TV por assinatura via satélite no país.


Para sustentar a acusação, a Galaxy entregou à Anatel fotos do aparelho decodificador e do manual de instruções com a marca Telefônica, que foram distribuídos a assinantes do Você TV no interior de São Paulo, e também cópia da nota fiscal referente à instalação da antena parabólica e do decodificador emitida pela A. Telecom, do grupo Telefônica.


O presidente da DTHI, Hélio Barroso, confirmou a existência da investigação da Anatel. Segundo ele, fiscais da agência estiveram no escritório de sua empresa e recolheram cópias dos contratos com a Telefônica e outros documentos.


A empresa obteve as provas de forma simples: contratou o serviço Você TV em nome de um funcionário. A Galaxy, procurada pela Folha, não quis comentar o processo na Anatel.


O superintendente de Serviços de Comunicação de Massa da Anatel, Ara Minassian, afirmou à Folha, no início do mês, que a agência está examinando ‘com lupa’ o pedido de licença para TV via satélite apresentado pela Telefônica em agosto. A empresa associou-se à Astralsat como alternativa para oferecer o serviço enquanto aguarda a licença própria.


Há suspeita também de que a Telefônica esteja subsidiando o serviço para conquistar mercado. Tal prática configuraria dumping (venda por preço abaixo do custo), que seria crime contra a concorrência.


A assinatura do pacote básico de programação do Você TV custa R$ 39,90, estando os canais HBO incluídos como promoção. Segundo cálculo de operadores de TV por assinatura, tal preço não cobre sequer o custo da programação e os impostos. A empresa estaria subsidiando o custo dos equipamentos, de instalação e do call center, entre outros.


Hélio Barroso e Maurício Giusti negam a acusação. Segundo o diretor da Telefônica, é prática comercial corriqueira fazer promoção de lançamento, e o preço praticado cobre os custos. ‘A conta fecha, não temos prejuízo.’


A Telefônica alega que há operadoras que oferecem pacotes a preço inferior, fora de promoção, como a Big TV, que atua em cidades paulistas, como Botucatu e Guarulhos.


O pacote ‘júnior’ oferecido pela Big TV em Guarulhos custa R$ 32,90, mas não é comparável ao pacote do Você TV, porque só oferece canais que estão disponíveis gratuitamente no satélite e na TV aberta.’


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Empresário diz que Telefônica presta serviço


‘O presidente da DTHI, Hélio Barroso, nega que a Telefônica controle o Você TV. Ele disse que a Anatel tem cópia do contrato de parceria firmado entre a DTHI e a concessionária de telefonia fixa de São Paulo. O empresário alegou que não pode revelar as cláusulas do contrato, em razão de compromisso de sigilo.


Segundo ele, entre as obrigações da Telefônica estabelecidas no contrato está a prestação do serviço de call center (atendimento telefônico aos clientes), fornecimento dos decodificadores e das antenas parabólicas, a instalação dos equipamentos nas casas dos clientes e, ainda, o serviço de cobrança.


Segundo Barroso, a Telefônica também participa da negociação da compra dos canais, mas os contratos são firmados pela DTHI. Ele disse que sua empresa entra na parceria com a licença de operação, que obteve da Anatel em setembro de 2003, e com a estrutura de satélite.


O diretor de planejamento estratégico da Telefônica, Maurício Giusti, disse que os equipamentos fotografados pela Galaxy eram parte de um projeto piloto e que, por algum erro interno, foram incluídos nos lotes distribuídos aos clientes.


‘Temos operações de TV por assinatura no Chile e no Peru, e os equipamentos foram trazidos do Peru para testes pré-operacionais. O lote tem o nome da Telefônica Digital, mas os próximos terão marca nacional.’’


MEMÓRIA / BRAGUINHA
Carlos Heitor Cony


Cadê Braguinha


‘O Rio amanheceu cantando, toda a cidade amanheceu em flor, os namorados vão para a rua em bando porque a primavera é a estação do amor. A estrela-d’alva no céu desponta e a lua anda tonta com tamanho esplendor e as pastorinhas, para consolo da lua, vão cantando na rua lindos versos de amor.


Branca é branca, preta é preta, mas a mulata é a tal, quando ela passa todo mundo grita: estou aí nessa marmita. Yes, nós temos bananas, bananas para dar e vender, banana menina, tem vitamina, banana engorda e faz crescer. Cadê Mimi, que fugiu para Xangai e do meu pensamento não sai. Conheci uma espanhola natural da Catalunha, queria que eu tocasse castanhola e pegasse touro a unha. Copacabana princesinha do mar, pelas manhãs tu és a vida a cantar e à tardinha ao sol poente deixa sempre uma saudade na gente. Pela estrada afora eu vou bem sozinha, levar esses doces para a vovozinha. Ela mora longe, o caminho é deserto e o lobo mau passeia aqui por perto.


Eu sou o lobo mau, eu pego as criancinhas para fazer mingau, hoje estou contente vai haver festança tenho um bom petisco para encher a minha pança. Vai, com jeito vai, senão um dia a casa cai. Nós somos as cantoras do rádio, levamos a vida a cantar, de noite embalamos seus sonhos, de manhã nós vamos te acordar. Meu coração, não sei por que, bate feliz quando te vê e os meus olhos ficam sorrindo e pelas ruas vão te seguindo, mas, mesmo assim, foges de mim. O povo invade a barca e lentamente, a velha barca deixa o velho cais, fim de semana que transforma a gente em bando alegre de colegiais.


(Para homenagear Braguinha que morreu no último sábado, não encontrei nada melhor do que lembrar a letra de alguns dos seus sucessos que marcaram o meu tempo e a minha saudade).’


FSP CONTESTADA
Painel do Leitor


Mínimo irracional


‘‘A inflexão à direita da Folha tem sido amplamente notada e comentada nos últimos tempos. Mas o editorial da última sexta-feira, dia 22/12 (‘Mínimo irracional’), é de assustar até os moderados. Num país que ostenta a vergonhosa posição de vice-campeão de desigualdade social do planeta e campeão absoluto na transferência de renda aos mais abastados via taxa de juros, classificar de ‘irracional’ um vergonhoso salário mínimo de R$ 380 só seria compreensível se se tratasse de uma crítica ao seu valor insuficiente. Mas bradar, como fez a Folha, contra o incremento de R$ 5 em seu valor, tachando-o de ‘gastos estéreis’, além de assustar pela insensibilidade social, reflete o país em que vivemos. Trata-se de um editorial histórico. Talvez, dentro de cem anos, ajude a compreender o tipo de sociedade mesquinha e gananciosa que existia neste Brasil no limiar do século 21 e o papel da mídia em sua perpetuação.’ JORGE LUÍS BREDER (Campinas, SP)’


MEMÓRIA / HERGÉ
Ana Dani


Paris comemora centenário do criador de Tintim


‘Ele já havia rodado o mundo inteiro e até pisado na Lua, mas nunca havia entrado antes no Centro Georges Pompidou, em Paris. Desde o último dia 20 de dezembro, Tintim, o mais famoso repórter da história dos quadrinhos mundiais, é a principal atração da mostra Hergé, organizada pelo centro cultural parisiense e pela Fundação Hergé, na Bélgica.


A exposição faz parte de uma série de eventos que serão realizados em diversos países europeus para comemorar o centenário de nascimento de Georges Rémi (1907-1983), o famoso desenhista belga criador de Tintim, que ficou mundialmente conhecido pelo pseudônimo Hergé, uma declinação das iniciais invertidas de seu nome, RG.


A mostra em Paris, que é gratuita, traz cerca de 300 documentos, entre correspondências, publicações, desenhos e pranchas originais que mostram a evolução da obra e vida de Hergé, desde os primeiros desenhos publicados na imprensa belga nos anos 20, como o escoteiro Totor, que inspirou a criação de Tintim, passando pelo encontro com o artista Andy Warhol, nos anos 60, até os últimos croquis realizados na década de 70, como o álbum ‘Tintin et l’Alph-Art’, interrompido em 1983 com a morte do autor.


‘Não quis conceber a mostra como um especialista de Tintim, mas sim como um historiador da arte, que defende as histórias em quadrinhos como uma expressão artística importante’, explica Laurent Le Bon, um dos curadores da exposição.


Entre as pérolas da exposição, estão 124 pranchas originais do álbum ‘O Lótus Azul’, realizadas entre 1934 e 1935, onde o público pode ver algumas seqüências corrigidas em guache branco diretamente pelo autor. O álbum, que se passa na China durante o imperialismo japonês, marca uma mudança importante na obra do desenhista, que abandona os clichês e estereótipos que marcaram as primeiras aventuras do repórter e passa a ter uma visão mais realista do mundo.


Essa mudança em seu trabalho se deu, principalmente, a partir do encontro com o estudante de belas artes chinês Tchang Tchong-jen, que incentivou Hergé a se informar com mais detalhes sobre os países visitados pelo jovem repórter.


Outros personagens que povoaram as aventuras de Tintim, como o inseparável cão Milu, o capitão Haddock, os policiais Dupont e Dupond, a cantora Bianca Castafiore e o distraído professor Girassol, também saíram dos quadrinhos para ilustrar os muros do Centro Pompidou. Um enorme painel organizado por ordem cronológica situa os anos de criação dos personagens.


O público pode ver ainda uma coleção de capas originais das aventuras de Tintim, publicadas no suplemento juvenil ‘Le Petit Vingtième’ entre 1931 a 1941, além de registros em áudio e vídeo que mostram o processo de criação de Hergé.


Já a dimensão ideológica das aventuras de Tintim é pouco abordada. A mostra traz somente a reprodução de uma carta em que Hergé responde a um leitor que o acusava de anti-semitismo.’


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Primeiras histórias foram criticadas


‘Georges Remis nasceu na Bélgica no dia 22 de maio de 1907. Autodidata, o desenhista criou o personagem Tintim para o suplemento juvenil ‘Le Petit Vingtième’, do jornal católico e anticomunista ‘Le Vingtième Siècle’. A primeira aventura do jovem repórter, ‘Tintim no País dos Soviéticos’, começou a ser publicada no dia 10 de janeiro de 1929.


A partir daí, o repórter e seu fiel cãozinho Milu percorreram o mundo inteiro. Ao longo dos 23 álbuns, Tintim passa pela Guerra do Chaco, pela Revolução Russa, pela Guerra Fria e até antecipa a primeira viagem do homem à Lua.


Considerado um dos maiores autores das histórias em quadrinhos do século 20, Hergé influenciou toda uma geração de desenhistas com um estilo que ficou conhecido por linha clara, marcado por traços simples e de espessura regular, idênticos para todos os elementos do desenho, e pela quase total ausência de sombras. ‘A obra de Hergé se situa entre o realismo e o caricatural, com um equilíbrio de textos e imagens e poucos detalhes que não são importantes’, explica Benoît Peeters, autor de dois livros sobre a vida e obra de Hergé.


Apesar do universalismo da obra do desenhista belga, os primeiros álbuns de Tintim foram marcados por uma forte visão colonialista e eurocentrista do mundo. Em ‘Tintim no País dos Soviéticos’, o autor não hesitou em reproduzir a ideologia antibolchevista. O segundo álbum, ‘Tintim na África’, também foi bastante criticado. Em 1946, o autor chegou a modificar o texto original, substituindo a aula de geografia e história que Tintim dava às crianças africanas, intitulada ‘Sua Pátria, a Bélgica’, por uma lição de matemática.


Hergé também foi acusado de anti-semitismo ao publicar, durante a Segunda Guerra Mundial, nas páginas do jornal belga de tendência nazista ‘Le Soir’, episódios de ‘A Estrela Misteriosa’, em que o vilão era uma caricatura de um banqueiro judeu.


O próprio Hergé, que reconheceu mais tarde a visão colonialista e racista de parte de sua obra, costumava dizer que vivia em um meio conservador e que sua apreensão do mundo evoluíra.’


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Eventos em vários países lembram desenhista belga


‘Para o centenário de Hergé, vários eventos estão sendo organizados em todo o mundo em parceria com a Fundação Hergé, na Bélgica. Na França, além da exposição no Centro Pompidou, o Festival de Angoulême, um dos mais importantes eventos dedicados à HQ na Europa, exibe, de 25 a 28 de janeiro de 2007, a exposição ‘Hergé – Da Viagem Imaginária à Viagem Interior’. O castelo de Cheverny, no Vale do Loire, que inspirou vários episódios de Tintim, reabre a mostra ‘Segredos de Moulinsart’.


Na Bélgica, várias manifestações estão previstas, entre elas, a emissão de uma moeda comemorativa de 20 (R$ 56) com o rosto de Hergé. Trens belgas também serão decorados com os desenhos de Hergé, e em julho o mercado das pulgas de Bruxelas vai dedicar um dia inteiro a Tintim. Em maio, na cidade de Louvain-la-Neuve, será realizada a inauguração simbólica das obras de construção do futuro Museu Hergé, projeto do arquiteto francês Christian de Portzamparc.


Na Suíça, entre os dias 6 e 8 de julho, será realizada a segunda edição do Festival Tintim. A Espanha também participa do centenário de Hergé com a mostra ‘Tintim e os Autos’, entre 9 e 17 de junho, no Salão Internacional do Automóvel, em Barcelona.


Na Suécia, entre 26 de maio de 2007 e 2 de março de 2008, o Museu Marítimo de Estocolmo exibe a exposição ‘Tintim, Haddock e os Barcos’.


O Canadá já inaugurou o centenário de Hergé com a mostra ‘Com Tintim no Perú’, no Museu da Civilização do Québec, que vai até 6 de janeiro de 2008. França, Suíça e Bélgica também vão emitir séries especiais de selos de Tintim e Hergé.’


TELEVISÃO
Lucas Neves


Rede TV! emplaca caça-níquel ‘trash’


‘Já passa da 1h30 quando, na Rede TV!, os motivos psicodélicos de um cenário virtual e a movimentação eufórica de dois jovens casais interrompem o ‘zapping’. Um anão cujos disfarces variam de bebê a Papai Noel faz participações especiais aqui e ali. Não, o canal não está investindo em pornô ‘soft’ com toques de David Lynch para concorrer com a brigada evangélica que domina as madrugadas da TV aberta. A descrição acima é de ‘Insomnia’, programa de jogos com participação do público que estreou em 7 de novembro e, pelo conjunto de roteiro, direção e apresentação, já pleiteia um lugar no pódio das atrações mais ‘trash’ dos últimos tempos.


A fórmula, já aplicada pela inglesa CellCast em países como Índia e Argentina, é simples: uma central telefônica 24 horas recebe cadastros e, a partir de um arquivo de 3.000 perguntas, propõe um ‘quiz’ sobre arte, ciência e música, entre outros temas. Quanto mais questões o participante responde (corretamente), mais acumula pontos e aumenta suas chances de concorrer ao prêmio em barras de ouro dado ao vivo pelo quarteto de apresentadores. Cada acerto dá direito a um ponto; segundo Percival Palesel, diretor de conteúdo da CellCast no Brasil, a pontuação dos líderes do ranking -ou seja, de quem é chamado a responder ao desafio final- costuma oscilar entre 200 e 215. Ao fim de cada edição, os índices são zerados.


Considerando que o custo da ligação, para algumas regiões do país, é o de uma chamada para celular (cerca de R$ 0,35 o minuto), deve haver muitos titulares de linha telefônica perdendo o sono ao conferir a conta mensal -o programa tem registrado média de 0,8 ponto no Ibope (o que, bem ou mal, equivale a 44 mil espectadores na Grande São Paulo). Mas Palesel contemporiza o pendor caça-níquel da atração. ‘Em 15 minutos, eles [os participantes] conseguem fazer cem pontos. Depois de um tempo, a pessoa já sabe o que vai acontecer. Andam reclamando até que as perguntas estão se repetindo.’


O que jamais se repete no ‘Insomnia’ é o (arremedo de) script. Diante da câmera, o repertório de berros, caretas e macaquices de Jackeline Petkovic, Maurício Mendes, Cid Barros e Gabriela Serafim vai sendo burilado dia após dia. ‘É como o [programa de TV] ‘Pânico’ quando nasceu; tudo mais ou menos no improviso. A idéia é manter o clima de alegria e jovialidade’, justifica Palesel.


Jovialidade que não se traduz necessariamente em sagacidade. A certa altura, um diagrama com triângulos coloridos toma o canto direito da tela. Deseja-se saber quantas figuras há ali. Diante dos repetidos erros dos participantes, a produção resolve indicar duas opções de resposta. Um incauto diz o número errado. Sobra uma opção, portanto, mas isso raramente garante o acerto. Será o sono que (enfim) chega?’


INTERNET
Mariana Barros


Melhores…e piores


‘Assim como as oferendas para Iemanjá, que a maré traz de volta à praia no primeiro dia do ano, os lançamentos do mundo da informática voltaram à berlinda dos sites especializados nesta última semana, para um balanço dos melhores e dos piores de 2006.


Uma das novidades mais celebradas deste ano chegou logo no início de janeiro: os processadores de núcleo duplo Intel Core Duo, que abriram caminho para uma geração de computadores ágeis em multitarefas. A AMD acompanhou o movimento da rival e lançou sua linha de processadores dual core com o Athlon 64 X2, contribuindo para a aceleração do desempenho dos modelos de desktops e de notebooks lançados ao longo deste ano.


Dança das cadeiras


A adoção dos chips de núcleo duplo não foi a única jogada das fabricantes de chips. Intel e AMD estiveram entre as protagonistas de uma verdadeira dança das cadeiras entre as fabricantes de equipamentos de informática.


A Intel se uniu à Apple, histórica parceira da IBM, para apresentar ao mercado uma linha Macintosh dotada de processadores Intel. A AMD, por sua vez, se uniu à Dell, que até então só oferecia aos usuários máquinas com chips da Intel.


A movimentação trouxe benefícios não só aos consumidores, que assistiram a uma expansão dos horizontes do mercado, como às próprias empresas, que viram seus negócios prosperar bastante.


As vendas da Apple, por exemplo, tinham crescido 39% até setembro, em comparação ao mesmo período do ano passado, rendendo US$ 19,3 bilhões -o lucro foi de US$ 1,3 bilhão. A Dell, por outro lado, que se mantinha dona da maior fatia do mercado varejista norte-americano de computadores, viu parte de seu pedaço ser devorado pela concorrência. Mesmo passando a oferecer maior variedade de produtos, com os chips da AMD, perdeu sua liderança para a HP.


Rindo à toa


O grande vitorioso deste ano, no entanto, foi um trio que há bem pouco tempo não era conhecida por ninguém: Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim. Em 2005, eles fundaram o site de compartilhamento de vídeos YouTube, que rapidamente virou febre na internet, alcançando seu ápice de popularidade neste ano: tem 81 milhões de visitantes por mês.


Seu sucesso fez com que o site fosse eleito pela revista ‘Time’, no início de novembro, a invenção que exerceu maior impacto em 2006.


Mas o maior atestado da influência exercida pelo YouTube foi dado dias depois, quando a Google concluiu a transação de aquisição do site, pelo qual pagou US$ 1,65 bilhão.


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Gurus da rede elegem os momentos marcantes do mundo da tecnologia


‘Personalidades do mundo informata foram convidadas pela reportagem a comentar os melhores e os piores de 2006. Confira abaixo trechos de alguns dos depoimentos. (MB)


JIMMY WALES, fundador da enciclopédia digital Wikipédia


‘A Wikipédia ultrapassou, neste ano, a marca de mil artigos, escritos em mais de cem línguas. Fala-se muito sobre a Wikipédia em inglês, mas ela representa menos de um terço do nosso trabalho. O que importa é o movimento global da internet. A fundação da www.wikia.com, em 2006, validou o modelo de cultura livre e permitiu uma melhoria maciça no número de desenvolvedores trabalhando em uma variedade de projetos de software voltado à cultura livre. Esse tipo de mudança de infra-estrutura é o que realmente fará uma imensa diferença no futuro.


Apesar de 2006 ter sido realmente bom, há algumas manchas. Muitos governos foram lentos ao reformar leis de direitos autorais e houve retrocessos legislativos. Meu sonho de conhecimento livre para todos depende de os governos tratarem essas leis de maneira inteligente em vez de simplesmente comprarem a falsa propaganda de quem está ávido para impedir que pessoas comuns controlem a cultura. A recusa do MySpace e do YouTube em construir ferramentas que permitam aos usuários compartilhar seus trabalhos significa um outro ano em que o compartilhamento será confundido com a pirataria, ainda que ambos sejam completamente opostos, em espírito e em significado.’


MIKE MAGEE, editor do site de notícias Inquirer.com


‘O melhor deste ano foi que a Microsoft finalmente parou de só falar sobre o Vista e começou a apresentá-lo -o que significa que não temos mais de especular, podemos vê-lo por nossos próprios méritos. O pior do ano foi que todos sabiam que as baterias de li-íon eram um pouco arriscadas, mas depois dos milhões de recalls de 2006, cada vez que eu recarrego um telefone ou um notebook, eu me pergunto se encontrarei ruínas incendiadas quando voltar.


KRISTOPHER KUBICKI, editor-chefe do site de notícias DailyTech.com


Você pode não estar familiarizado com a AMD e a ATI: a primeira é a segunda maior fabricante de CPUs, enquanto a outra é a segunda maior fabricante de equipamentos gráficos. Neste ano, a AMD comprou a ATI e deverá se tornar uma das mais agressivas companhias da indústria.


Já a Intel, líder do mercado de processadores, lançou o Core 2 Duo, que é o mais veloz e o que oferece a melhor relação custo/benefício. Por isso, ao adotar os chips da Intel, a Apple mais do que dobrou sua participação no mercado. Por outro lado, a Apple perdeu seu diferencial: se o recheio é o mesmo, por que alguém irá gastar mais em um Macintosh?


No mercado de consoles ainda não temos um claro vencedor: Xbox 360, PlayStation 3 ou Nintendo Wii? Memórias sólidas, que costumavam ser caras e pouco confiáveis ganharam popularidade no ano passado, agora se tornaram rápidas, confiáveis e baratas: tudo o que não eram em 2005.


Entre os piores, não há o que dizer além de que a Sony fez o recall de mais de 7 milhões de baterias neste ano. Houve ainda o atraso do Vista, anunciado para 2005, depois para 2006 e agora com estréia prevista para 2007. E a briga entre os sucessores do DVD, HD DVD e Blu-ray, tem um perdedor certo: o consumidor. É possível que em dois anos um deles ou os dois deixem de existir, deixando os consumidores com aparelhos obsoletos.’


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Mercado nacional ganha fôlego para 07


‘O mercado nacional de eletrônicos saiu fortalecido de 2006. Os consumidores viram aumentar as facilidades para o consumo com medidas que haviam sido lançadas em 2005, mas que deixaram suas influências mais evidentes ao longo deste ano. O programa do governo Computador Para Todos e os benefícios fiscais da MP do Bem levaram às classes mais pobres a possibilidade de adquirir seu primeiro computador.


‘Em 2006, vimos o crescimento em muitas áreas, principalmente a dos PCs para consumidor final, por conta do programa do governo e do momento econômico. Há uma tendência de legalização do mercado’, disse Luiz Marcelo Marrey Moncau, diretor de marketing e negócios da Microsoft no Brasil. Segundo Moncau, o crescimento nacional faz com que as fabricantes de equipamentos busquem retomar investimentos em tecnologia, criando a oportunidade de trazer o mercado global para dentro do país.


Um sinal dessa tendência veio da própria Microsoft, que colocou o Brasil na rota dos países onde seu novo console Xbox 360 foi lançado. Aos olhos da empresa de Bill Gates, a grande demanda pelo videogame serviu como termômetro do potencial do mercado brasileiro, que poderá, em breve, colocar as mãos em outro importante lançamento da Microsoft ocorrido em 2006: o tocador multimídia Zune, que promete fazer frente ao iPod.


‘Estamos estudando o mercado nacional e avaliando a importação do Zune para o Brasil. Vamos verificar a aptidão do mercado consumidor para esse tipo de tecnologia, mas pirataria é um ponto crítico, como também os impostos sobre hardware’, explica Moncau, lembrando que esses pontos não impediram a chegada, neste ano, do Xbox 360 ao país.


A Microsoft foi uma das empresas que mais se destacaram em 2006. Além de alavancar o Xbox 360 e lançar o tocador Zune, ela também apresentou ao mundo seu novo sistema operacional, o Vista, e, com ajuda de parcerias, levou seu Windows XP a mares nunca antes navegados: computadores Macintosh. Com chip Intel, as máquinas da Apple, antes restritas ao uso do sistema Mac OS, passaram a executar o sistema da Microsoft.’


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YouTube leva vídeos ao estrelato


‘O YouTube, portal de compartilhamento de vídeos que transformou o internauta comum em estrela, foi um dos maiores sucessos da internet deste ano. O site estabeleceu de vez o conceito de conteúdo gerado pelos usuários, e foi eleito pela revista ‘Time’ como a melhor invenção de 2006 -ainda que seu lançamento tenha sido em fevereiro de 2005.


O sucesso é medido em números grandiosos: são 70 milhões de visualizações de vídeos por dia, segundo a própria empresa. O Hitwise, que mede a audiência da internet, registrou que, em outubro, o YouTube tinha o controle de 29% do mercado norte-americano de vídeos on-line. No mesmo mês a Google anunciou a compra do portal de vídeos por cerca de US$ 1,65 bilhões.


Os louros, porém, não ficaram apenas com os criadores do site. Anônimos ganharam fama no YouTube. Em oito meses, o comediante americano Judson Laipply virou celebridade mundial: uma das versões de sua performance em ‘Evolution of dance’ foi vista mais de 37 milhões de vezes. Procure por judsonlaipply na aba channels (canais) para conferir as palhaçadas que tornaram Laipply um sucesso.


Ronaldinho Gaúcho


O vídeo do supercraque chutando quatro vezes seguidas a bola no travessão, sem deixar ela tocar a grama, causou dúvidas quanto a sua veracidade. Mesmo assim, levou o Brasil aos dez mais do site, com cerca de 8,5 milhões de visualizações. Para ver, procure por ‘ronaldinho touch of gold’ em Videos.


Décadas atrás, Sílvio Santos foi surpreendido por uma piada suja contada por uma criança, mas só agora o vídeo multiplicou-se. Conheça a sugestão inusitada da menina procurando por ‘Sílvio, poste e bambu’ em Videos, no YouTube.’


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Internautas brasileiros se espalham pelo território virtual de Second Life


‘Depois de invadir o Orkut, comunidade virtual mantida pelo Google e que, dos 33 milhões de usuários, tem 62% de brasileiros, em 2006, os internautas do país se concentram em um novo território digital: o game Second Life.


Dos cerca de 2 milhões de usuários, aproximadamente 80 mil são brasileiros. O sucesso do jogo da Linden Labs fez com que se resolvesse criar uma versão nacional do game -depois dos EUA, o Brasil seria o primeiro a contar com uma franquia. Anteriormente prometida para este ano, a edição deve estrear em janeiro de 2007, numa parceria da Kaizen Games com o portal iG.


Lançado em 2003, o Second Life viu aumentar, neste ano, a quantidade de empresas dispostas a se mudar para o ambiente virtual. A agência de notícias Reuters foi uma das pioneiras, criando uma redação voltada a noticiar apenas o que acontece dentro do game. A Globo resolveu seguir a mesma trilha e neste mês estreou o G2 (www.secondlife.globolog. com.br), site destinado a contar o que se passa com os avatares de Second Life.


Cristo Redentor, pedintes e até um diretório virtual do PSDB já integram -e vão abrasileirando- a paisagem digital do jogo, que já se estende por 263 mil quilômetros quadrados e virtuais. A economia do game também faz crescer os olhos de empresas e do mercado publicitário. Muitos dos serviços são pagos com a moeda local, o linden -L$ 270 equivalem a US$ 1.’


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Britney Spears e Paris Hilton estão entre as mais solicitadas


‘Britney Spears e Paris Hilton caminharam lado a lado em 2006 -e não foi só nas baladas: ambas encabeçam as listas das palavras mais buscadas neste ano. Britney manteve o primeiro lugar do ranking das pesquisas realizadas no Yahoo! (buzz.yahoo.com/top searches2006/lists), enquanto Paris (www. google.com/intl/en/press/ zeitgeist2006.html) foi a mais solicitada no noticiário do Google News. No Google.com, a campeã das buscas foi a comunidade Bebo, seguida pela MySpace, -duas das maiores aglomerações virtuais da rede mundial de computadores.


O casamento mais popular entre as buscas do Google foi o da atriz Nicole Kidman. O segundo lugar foi ocupado pelo casamento de seu ex-marido, Tom Cruise, com a também atriz Katie Holmes. Entre os divórcios, o topo do pódium ficou para Paul McCartney.


Copa do Mundo foi o termo que reinou nas buscas entre abril e julho, enquanto o jogador francês Zidane foi a personalidade do mundo do esporte mais procurada pelos internautas. Muitas foram as solicitações que começavam com ‘quem é’, ‘o que é’, ‘como’ e ‘defina’, mostrando a faceta de oráculo digital do Google. (MB)


MELHORES SITES


O jornal britânico ‘Guardian’ publicou uma lista dos melhores sites de 2006 divididos por categoria. Confira abaixo alguns dos vencedores:


APLICAÇÃO


Backpackit.com: ajuda na organização, criando lista de tarefas, calendário e anotações


CRIAÇÃO DE BLOGS


WordPress.org: teve sua interface redesenhada


E-MAIL


Gmail: com bate-papo Google Talk embutido


LEITURA DE BLOGS


Technorati: ranking de populares e últimas atualizações


MAPAS


Google Maps: faz busca de locais com imagens de satélite


MÚSICA


Last.fm: pesquisa de bandas e de gêneros musicais


SOFT SOCIAL


Myspace.com: música é o assunto principal


VÍDEO


Youtube.com: videoteca’


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Phishing, redes zumbis e spam aumentam


‘Entre as más notícias de 2006, estiveram diversas falhas de segurança e a expansão da bandidagem digital. Segundo o gerente de nacional de varejo da Symantec, Fabiano Tricárico, o aumento de mensagens de phishing foi uma das maiores dores de cabeça deste ano.


‘O número de mensagens com o objetivo de obter informações pessoais ou confidenciais cresceu 81% no primeiro semestre, comparado ao mesmo período do ano passado. Foi registrada uma média de 865 mensagens de phishing por dia, em vários países do mundo’, afirma Tricárico.


O Brasil se destacou negativamente como a maior rede de computadores zumbis do mundo, posto que ocupou entre o início de janeiro e o final de junho. A ascensão maligna foi impulsionada principalmente pelo crescimento da banda larga no país. O spam foi o conteúdo de mais da metade dos e-mails enviados no primeiro semestre: 54% deles, segundo dados da Symantec. (MB)


NEFASTAS


Panda divulga os piores vírus deste ano


O spyware Zcodec, que monitora visitas a sites pornôs, foi apontado pela empresa como a praga mais moralista. O mais sensacinalista foi o vírus Nuwar.A, que anunciava uma terceira guerra mundial. Conheça os demais em www.pandasoftware.com’


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Baterias são o destaque negativo de 2006


‘Foi um ano explosivo. Em 2006, não foram raros os casos de notebooks e de celulares que se incendiaram e tiveram seus pedaços voando pelos ares.


No Brasil, foram registrados ao menos quatro casos de telefones móveis que entraram em combustão e causaram queimaduras em seus usuários -os quatro eram fabricados pela Motorola.


Entre os notebooks, foi a Sony quem correu atrás para apagar o incêndio, fazendo o recall de mais de 7 milhões de baterias. Máquinas da Toshiba, da Fujitsu, da Dell, da Apple e da Lenovo estiveram entre as que tiveram suas baterias, fabricadas pela Sony, substituídas.


Privacidade


Os micos do ano também atravessaram a cerca da privacidade digital, bagunçando principalmente os sites de comunidades. No Brasil, o Orkut, mantido pelo Google, enfrentou diversos pedidos da Polícia Federal de quebra de sigilo de seus usuários, acusados de publicar conteúdos ofensivos ou ilegais. Nos EUA, o MySpace foi uma das principais arenas do bangue-bangue digital, combatendo a pedofilia on-line e enfrentando algumas pendengas com gravadoras ávidas por cobrar direitos autorais das canções compartilhadas no site.


Media center


Ainda não foi neste ano que as máquinas criadas para assumir o papel de central de entretenimento conquistaram seu lugar nas salas. Apresentados em janeiro, os sistemas multimídia Intel Viiv e AMD Live, que prometem unir TV e micro, permitindo alugar filmes pela internet e gerenciar sistemas de áudio e de vídeo, ainda têm um longo caminho a percorrer até mostrarem a que vieram e conquistar o consumidor.’


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Para analistas, este foi o ano dos cibercriminosos


‘De acordo com analistas, o estelionato via internet movimentou cerca de US$ 2 bilhões neste ano, e o tráfego de e-mails indesejados, a principal arma para enganar as vítimas, bateu recordes de volume.


Para o colunista de segurança digital Brian Krebs, do site do ‘Washington Post’ (www. washingtonpost.com), este foi ‘o ano da computação perigosa’. Em outubro, de acordo com medição dos analistas da Postini (www.postini.com), 90% das mensagens eletrônicas que circularam pela internet eram spam. Isso representa, além de irritação para o usuário, gastos maiores para as empresas, que precisam investir em infra-estrutura para dar conta de um tráfego de dados cada vez maior.


Em contrapartida, os golpistas, que não gastam nada, tornam seus trambiques mais sofisticados graças ao uso de redes de computadores invadidos, chamadas botnets.


A principal explicação para o aumento dos ataques é a mudança de mentalidade dos ha- ckers mal-intencionados. Antes, a idéia era causar danos a milhões de máquinas para obter fama no submundo digital.


Hoje, os ataques chamam menos a atenção das autoridades e têm como objetivo final roubar dinheiro de internautas desprevenidos. Prova da intenção dos golpistas é um relatório da Symantec que mostra que o número de ataques é maior nos dias comerciais, das 9h às 17h, do que nos finais de semana.


Para piorar a situação, as fabricantes de software não fazem a lição de casa: lançam programas com falhas de segurança e demoram para publicar correções. A Microsoft teve 97 brechas de segurança descobertas em 2006. Mas não foi só a titã do ramo de programas que ficou exposta. Graças à inventividade dos criminosos, novos ramos foram explorados. Falhas em softwares como os tocadores multimídia QuickTime e Winamp também serviram como porta para os ladrões da internet.’


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