A matemática do jornalismo é simples: notícia bem produzida, com qualidade editorial e produção profissional, leva tempo, capital humano e, principalmente, muito investimento financeiro.
Apesar de todos os confetes acerca do jornalismo colaborativo, toda a imprensa mundial, assim como seus respectivos públicos consumidores de informação, tem em mente que uma notícia bem formulada, apurada e bem distribuída tem por trás uma equipe (que já foi muito maior) de profissionais bem qualificados que têm por estrutura formular informações verídicas, de maneira frenética, abordando os mais diversos assuntos, com qualidade impecável e diferenciada.
São equipes formadas por membros das áreas mais diversas que integram, em um único sistema, uma linha de produção informativa que a maioria absoluta dos colaboradores espalhados pelo mundo não é capaz de produzir, mas é passível de interferir, palpitar ou opinar.
O que ocorre com a imprensa é o fato da não adaptabilidade aos novos ‘integrantes’ de redação. Deve-se pautar e direcionar – muitas vezes – a informação com foco nesses públicos, mas jamais podemos assumir inocentemente que um determinado grupo independente de não jornalistas seja capaz de derrubar qualificados profissionais de comunicação, com o simples argumento de que a web 2.0 derrubou as barreiras existentes entre o mundo das grandes corporações comunicacionais e seus públicos. O jornalismo deve mudar, sim, mas nunca modificando seus critérios e padrões de qualidade.
Público deve ser tratado como aliado
Os grandes núcleos comunicacionais, apesar dos alardes catastróficos, ainda possuem importância ímpar para com a sociedade de um modo geral. Algumas das maiores ‘grifes jornalísticas’ perderam seus mercados pelo simples fato de não se adaptarem aos novos públicos, focando apenas novas maneiras de receita, em vez de direcionar forças na estruturação de novos produtos, conteúdos e formatos.
Entretanto, quando o cidadão comum quer checar a veracidade de uma determinada informação, a quem ele recorre? Sim, aos grandes veículos de comunicação, demonstrando, de fato, que a mídia passa atualmente por enigmas constantes em relação ao seu futuro, mas tem intrínseca em sua imagem o conceito de credibilidade, conquistado depois de gerações de jornalistas e suas redações.
Ademais, esse público ativo deve ser tratado como um aliado na produção jornalística, que passa a ser mais dinâmica, customizada e customizável do que nunca. No fundo, o dia continua possuindo 24 horas. Mais uma vez estamos falando na busca por maneiras de conquistar o tempo e a atenção do público-alvo. É o jornalismo na sua mais bela essência: qualidade editorial com conteúdo exclusivo, somados a análises de sua própria existência.
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Jornalista e blogueiro, pós-graduado em Assessoria de Imprensa, Gestão da Comunicação e Marketing, São Paulo, SP