A Polícia Federal prendeu 16 prefeitos por desvio de verbas. Esse é o tema das manchetes de quinta-feira (10/4) do Estado de S. Paulo e da Folha de S.Paulo e destaque no Globo.
O esquema desmantelado pela polícia, segundo os jornais, era simples: com o apoio de pelo menos um juiz e funcionários federais, um grupo de advogados conseguia liberar verbas do Fundo de Participação dos Municípios para cidades em débito com a Previdência Social. Parte do dinheiro pago aos intermediários retornava para os bolsos dos prefeitos e seus cúmplices.
Absolutamente nenhuma novidade na notícia.
Regularmente, a imprensa noticia operações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal contra prefeitos por todo o Brasil. Em geral, esses casos envolvem grupos bem organizados que agem em diferentes regiões, quase sempre com procedimentos muito semelhantes que envolvem advogados, juizes, funcionários públicos. Até o tipo de assessoria oferecida para desviar verbas públicas é comum em todos esses casos.
Ou seja, trata-se de um crime absolutamente previsível, cujos sinais são muito claros porque envolvem procedimentos repetitivos.
Então, por que a imprensa nacional nunca fez um balanço da corrupção nos níveis municipais?
Eleições em outubro
Certamente, é mais fácil reproduzir os casos cujos personagens ficam em Brasília ou nas capitais dos estados. No entanto, a imprensa, assim como as autoridades, deveria dar mais atenção às administrações municipais, que ganham importância por causa do processo de descentralização da gestão pública.
Nas cidades, as evidências de enriquecimento ilícito de prefeitos e vereadores são mais fáceis de detectar: todos estão vendo as mansões que brotam do nada, os carros importados que surgem como que por magia nas garagens. Um dos acusados na operação divulgada hoje, o prefeito de Juiz de Fora, em Minas Gerais, guardava em sua casa mais de um milhão de reais. Em espécie.
Segundo a Polícia Federal, o golpe provocou um prejuízo de pelo menos 200 milhões de reais aos cofres públicos. Nos próximos dias, é provável que os jornais ainda noticiem os nomes dos demais envolvidos, mas em uma semana tudo terá ido para o esquecimento. Enquanto isso, as quadrilhas se organizam para eleger nos municípios de maior renda os candidatos com vocação para entrar no esquema.
Neste ano teremos eleições municipais em todo o Brasil. E voltaremos no ano que vem com as mesmas novidades