A circulação global de jornais registrou apenas uma ligeira queda em 2009, apesar da crise financeira, e o impacto da recessão na receita com publicidade parece estar diminuindo, informou a Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-Ifra, na sigla em inglês), em seu relatório anual sobre o setor. Segundo o organismo, o estudo mostra que, ao contrário do que vem sendo dito, ‘os jornais continuam a ser uma indústria grande e em expansão, apesar do impacto da recessão global e da ascensão da mídia digital’.
A queda na circulação (número de exemplares vendidos) foi de 0,8%, considerada pequena em função da gravidade da recessão. Nos últimos cinco anos, acumula alta de 5,7%.
Quando se consideram também os jornais gratuitos, a queda em 2009 foi de 1,7%, e o crescimento em cinco anos, de 7,7%.
Celulares e ‘e-readers’ são fonte promissora
No Brasil, a queda na circulação dos jornais pagos ano passado foi de 3,46%, segundo dados da Associação Nacional de Jornais (ANJ).
– Tenho notado uma tendência entre jornalistas e analistas de mídia para focar nos aspectos negativos da indústria, quando claramente há muitas coisas positivas – disse Christoph Riess, diretor-executivo da WAN-Ifra.
A WAN-Ifra ressaltou, porém, em 61% dos 233 países pesquisados a circulação ficou estável ou até cresceu. Na Ásia, houve alta de 1%, e na África, de 4,8%. A venda de jornais caiu 3,4% na América do Norte, 4,6% na América do Sul, 5,6% na Europa e 1,5% na Austrália e Oceania.
Já a receita com publicidade, que caiu 17% no ano passado, está em recuperação. Projeções da consultoria Zenith Optimedia apontam alta de 3,5% em 2010. O crescimento deve ser maior na Ásia: 5,8%. A Europa deve registrar alta de 2,2% e a América do Norte, de 1,3%.
A América do Norte foi a região que registrou a maior queda na receita com publicidade no ano passado: 25%. A Europa Ocidental perdeu 13,7%, a do Leste e Central, 18,7%, a Ásia, 9,6%, e a América Latina, 2,9%. Oriente Médio e África registram estabilidade.
O relatório ressaltou haver vários estudos que apontam que a publicidade impressa é mais eficaz que aquela veiculada na televisão ou na internet. Ainda assim, a televisão registra a maior fatia desse mercado, com 39%, seguida dos jornais, com 24% e da internet, com 12%.
Boa notícia
Outro ponto é que a publicidade na internet está concentrada nas buscas, com apenas uma empresa, a Google, abocanhando 65% desse mercado.
A WAN-Ifra afirmou ainda que, a curto prazo, a receita com a publicidade digital não vai substituir o que foi perdido no impresso. Isso, explicou, torna a busca por outras formas de receita – aí incluída a cobrança pelo acesso às notícias na internet – um objetivo crucial para muitos jornais.
O relatório afirmou que a transmissão de notícias em aparelhos móveis, como celulares e leitores eletrônicos, é mais promissora que o acesso tradicional pela internet, pois seu modelo de cobrança já foi estabelecido. Mas, ressaltou, ainda é preciso melhorar o modelo para publicidade nos aparelhos móveis.
Outra boa notícia é que, mesmo em meio à recessão, o número de títulos aumentou em 1,7% em 2009 frente ao ano anterior, para 12.477. Por região, a Ásia teve aumento de 2,7%, a América do Norte, de 1,3%, a América do Sul, de 1%, e a África, de 0,2%. Europa, Austrália e Oceania ficaram estáveis.