Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O balanço da catástrofe

Os jornais e as revistas de informação mergulharam na tentativa de explicar a catástrofe que se abate sobre o estado de Santa Catarina há uma semana.


Veja escolheu para a capa o retrato da primeira vítima, uma menina de três anos, soterrada em Blumenau. Época evitou personalizar a tragédia na capa, mostrando um panorama de Itajaí, em foto feita na segunda-feira (24/11), quando praticamente toda a cidade estava tomada por água e lama.


As duas principais revistas semanais tentam explicar as causas da tragédia, mas Época mergulhou mais fundo, mostrando como os desmatamentos contribuíram decisivamente para que o efeito das fortes chuvas fosse tão devastador.


A publicação da Editora Globo observa que Santa Catarina foi o estado campeão de desmatamento da Mata Atlântica entre os anos de 2000 e 2005. Além disso, informa a revista, a substituição da mata nativa por plantações de pinheiros em todo o Vale do Itajaí agravou o problema do escoamento da água.


O resto da tragédia se deve à ocupação desordenada de morros e encostas, em muitos casos com invasão de áreas de preservação permanente.


Pauta necessária


A análise feita pelas revistas derruba algumas afirmações precipitadas de colunistas de jornais, que apontaram a falta de obras federais e estaduais como causa do desastre. O que agravou o efeito das chuvas foi exatamente o excesso de intervenção humana numa região já vulnerável.


Detalhes apresentados por especialistas também esclarecem de vez que os alertas de ambientalistas não se referem simplesmente à necessidade de preservar a natureza, mas ao fato de que a ocupação inadequada de áreas cobertas com florestas pode ser fatal para o ser humano.


A catástrofe no Sul do Brasil entra agora no período da reconstrução. A rápida movimentação das redes de solidariedade tornou desnecessário o envio de mais alimentos e roupas, mas as autoridades sanitárias estão preocupadas com a possibilidade de surtos de doenças. Pelo menos 100 mil pessoas, em toda a região, podem ter sido contaminadas e já se registram 21 casos suspeitos de leptospirose.


Além disso, a paralisação da economia em algumas cidades cria exércitos de pessoas desocupadas e desesperadas pela perda de suas casas.


Agora é hora de um jornalismo mais cuidadoso e menos espetaculoso.