É manchete no Estado de S.Paulo na sexta-feira (25/6) o anúncio da reunião do G-20, marcada para o fim de semana no Canadá. Observe-se que a notícia explica porque o Brasil e os Estados Unidos estão alinhados em torno da proposta de estimular a economia, contra a escolha da Europa, de priorizar o aperto fiscal. A informação também é contemplada na Folha de S.Paulo, embora com menos destaque.
Apesar de o tema ser complexo, a manchete do Estadão elabora com clareza o dilema que se apresenta diante dos líderes mundiais: buscar primeiro o equilíbrio das contas ou ampliar as chances de retomada do crescimento.
O modelo proposto por Brasil e Estados Unidos é o que vem dando certo para a economia brasileira, com algumas variáveis.
Quando a crise financeira internacional eclodiu, em setembro de 2008, o Brasil organizava o ingresso no mercado dos milhões de cidadãos resgatados da miséria pelos programas sociais de transferência de renda. Esse resgate também foi beneficiado pela estabilidade que se vinha consolidando, o que permitiu os investimentos privados e públicos que estimulavam os negócios.
Diante da crise, o governo brasileiro procurou acelerar esse processo, e como resultado tivemos o reaquecimento rápido da economia, após apenas um trimestre de dificuldades.
Lugar no palco
Quando o presidente Barack Obama declarou que seu colega brasileiro era ‘o cara’, episódio que a imprensa tratou de maneira folclórica, os dois países vinham promovendo uma série de encontros bilaterais para discutir como enfrentar a crise global.
É desse período o alinhamento entre Brasil e Estados Unidos em torno da proposta que é defendida agora no G-20. Depois disso, houve o episódio do Irã, no qual o Brasil exerceu sua soberania, contrariando a opinião dos americanos. Passado o desencontro, ocorrência trivial entre nações independentes, outra vez os dois países voltam ao mesmo lado da mesa.
A lembrança serve para observar como, muitas vezes, ao se prenderem excessivamente ao fato do dia, os jornais perdem a perspectiva histórica, podendo induzir o leitor a tirar conclusões equivocadas.
A imprensa brasileira precisa engolir, de uma vez por todas, o fato de que o Brasil se tornou protagonista importante no conjunto das nações justamente porque não se alinha automaticamente com os Estados Unidos.