Há uma semana, houve um assalto ao escritório político de Romeu Tuma Júnior, corregedor da Assembléia Legislativa. Nessa ação, foram levados alguns documentos importantes relativos aos processos contra o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à presidência da República. Esses documentos, dizem as notícias, incriminariam o ex-governador.
A notícia, distribuída pela Folhapress (antiga Agência Folha), foi publicada na quinta-feira (13/4), antes do feriadão, por diversos jornais regionais monitorados pelo Deu no Jornal: Diário de Cuiabá (MT), Correio do Estado (MS), O Tempo (MG), A Tarde (BA), A Crítica (AM), Gazeta de Alagoas (AL), Jornal do Brasil (RJ), Diário Catarinense (SC) e Zero Hora (RS).
Em São Paulo, principal base eleitoral do pré-candidato, nem a Folha de S.Paulo (responsável pela Folhapress) e nem O Estado de S.Paulo, seu concorrente, publicaram a informação. Segundo o blog de Alceu Nader, do Observatório da Imprensa, o Jornal Nacional chegou a transmitir a notícia, na TV Globo. As edições dos jornais paulistanos no fim de semana também não publicaram nada sobre o sumiço dos documentos. A notícia mais recente da Folha, no dia 13/4, trazia a informação de que os vestidos de Lu Alckmin não seriam 400, e sim 49, e que teriam sido doados.
‘Praticamente ignorado’
A cobertura crítica mais completa sobre as denúncias contra Alckmin tem vindo de O Globo, que tem sede no Rio. Foi o primeiro jornal a informar, por exemplo, que o filho de Alckmin tinha uma empresa em conjunto com a filha do acupunturista cujo nome aparece envolvido no caso Nossa Caixa. Também foi o único a entrevistar o acupunturista Jou Eel Jia, na segunda-feira (17/4).
O ombudsman da Folha, Marcelo Beraba, pesquisou no Deu no Jornal os padrões do noticiário sobre denúncias anteriores contra Alckmin. Do texto original, publicado neste domingo:
‘Em relação a Alckmin, recolhi dados que apóiam a minha avaliação. A Transparência Brasil tem um arquivo (www.deunojornal.org.br) com reportagens sobre fraudes, irregularidades colhidas diariamente em 63 jornais e revistas desde janeiro de 2004. A maioria absoluta dos textos é de denúncia, um ou outro trata de projetos e políticas para se combater a corrupção. Alckmin foi praticamente ignorado em 2004 e 2005. Em 2004, foram arquivadas 33 reportagens da Folha, 34 de O Estado de S. Paulo e 15 de O Globo que, para o bem ou para o mal, mencionam o ex-governador. Em 2005, foram, respectivamente, 53, 49 e 14. Agora, em 2006, a Folha já publicou, até o dia 11/4, 45 reportagens, o Estado, 35, e O Globo, 41.’
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Jornalista, Trasparência Brasil