Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Congresso é a pauta

Os jornais e revistas do fim de semana mantiveram aceso o tema da falta de controle nos gastos do Congresso Nacional, ou, em outras palavras, o escândalo da gastança na Câmara e no Senado. Nenhuma das reportagens aponta a mais remota possibilidade de mudança de hábitos.


A Folha de S.Paulo fez um retrato da disputa dos grupos de poder pelo espólio da ‘máfia’ criada no Senado Federal pelo ex-diretor Agaciel Maia, que mandou na casa por nada menos do que 14 anos.


O Estado de S.Paulo registra o esforço do senador Renan Calheiros para arrumar um bom posto para o ex-advogado geral do Senado, Alberto Cascais, demitido por defender o nepotismo.


O Globo investiu numa denúncia contra o senador Gérson Camata (PMDB-ES), levantando o fio de uma velha prática: a de cobrar parte dos salários de funcionários para indicá-los a cargos de confiança. A história ainda tem detalhes escabrosos como o submundo do caixa 2 e as propinas mensais de empreiteira como recompensa pela construção de uma ponte.


Idéia viva


As revistas de maior circulação investem nas irregularidades com bilhetes aéreos denunciadas ao longo da semana.


Veja afirma, sobre o Congresso Nacional: ‘Virou agência de viagem’.


Época emplaca no título da reportagem: ‘Uma farra paga com nosso dinheiro’.


De quebra, a revista do Grupo Globo ainda dá sobrevida a um tema que os jornais anunciaram e depois esconderam: a proposta do senador Christovam Buarque para que o Congresso seja avaliado por um plebiscito popular. Quando percebeu que muita gente havia entendido que ele propunha simplesmente o fechamento do Congresso, o senador recuou, mas a idéia ainda fica viva por aí, como uma ameaça no ar.


Ainda falta


De todas as manifestações da imprensa nos últimos dias, a da Folha de S.Paulo foi a que mais se aproximou do centro do problema: a questão no Parlamento brasileiro não é apenas o mau uso de passagens de avião, a nomeação de parentes para cargos bem remunerados ou a falta de transparência na prestação de contas.


O problema é a transformação do Congresso Nacional em território de ninguém, onde grupos de poder disputam o direito de explorar as oportunidades de negócio com o dinheiro público.


Mas a imprensa também tem suas preferências e nem tudo está sendo contado aos leitores.