A matéria de capa de CartaCapital (nº 415, de 18/10/2006) está provocando um certo rebuliço nos meios jornalísticos ao insistir na tese de que a partir da ‘trapalhada do PT’ [sic] a grande mídia passou a beneficiar ostensivamente o candidato da oposição; e, graças a isso, a decisão eleitoral foi adiada para o segundo turno.
Se o leitor quer entender o que é um sofisma aí está um exemplo da arte de sofismar ou empregar argumentos capciosos ou, para sermos mais claros, tapar o sol com a peneira.
Ora, a tal ‘trapalhada do PT’ configura um crime. No mínimo, crime eleitoral, mas de proporções jamais vistas, programada para estourar na reta final das eleições de modo a impedir qualquer reação dos acusados. Ao ser abortada pela Polícia Federal, a tal ‘trapalhada’ provocou evidentemente uma reversão na opinião do eleitorado. E, ao impedir a proibir a publicação do dinheiro apreendido – como sempre aconteceu –, o governo agravou a tal ‘trapalhada’ de tal forma que quando as fotos foram afinal divulgadas (e, diga-se, de forma irregular), a repercussão foi muito maior do que se fossem publicadas na hora apropriada.
Portanto, a trama que levou ao segundo turno não foi articulada pela grande mídia. Foi engendrada pelos trapalhões do PT e agravada pela manobra dos trapalhões do governo de impedir a publicação das fotos. No meio de tantas trapalhadas e trapalhões, a mídia entrou com a sua quota-parte. Mínima, se comparada com o crime eleitoral que se tentou perpetrar.