Pitonisas agourentas entoam: os jornais impressos têm uma linha do tempo às vésperas de se extinguir. Na competição entre as mídias modernas e as ‘vetustas’, a que tem maior risco de sucumbir é a impressa, representada por jornais diários, matutinos ou vespertinos, revistas, boletins e tudo o que envolva o meio papel. Não pela matéria-prima utilizada, em si, e sim, pela vertiginosidade das mudanças com a comercialização intensiva de netbooks, e-readers, tablets e smartphones.
Estas e inúmeras outras maravilhas tecnológicas que surgirão em breve tempo colocam a internet disponível em qualquer cantinho do planeta e até fora dele. Com o acesso à rede incontrolável da World Wide Web, a notícia – cuja cobertura é o produto e a razão de ser do jornalismo offline – passa a ser cada vez mais material disponível online.
Um exemplo: o grupo empresarial que edita o New York Times, o Boston Globe e o International Herald Tribune registrou um crescimento em seu faturamento no primeiro trimestre deste ano. Até aí, tudo bem, só que a grande parcela deste faturamento foi impulsionada pela publicidade online, que passou a representar cada vez mais, uma parcela expressiva dos resultados do grupo.
‘Quem matou o jornal?’
Mas uma previsão alvissareira também chega, parece que afrontando os arautos do apocalipse: ‘A circulação dos jornais impressos crescerá na América Latina nos próximos cinco anos, mesmo que a crise econômica ainda não tenha sido completamente superada e que a internet tenha roubado leitores dos veículos impressos.’ Os dados da consultoria Pricewaterhouse Coopers acrescentam que o fenômeno será mais expressivo no Brasil, no Chile e na Argentina.
Pelo menos, garantindo sobrevida aos jornais brasileiros, o Grupo de Mídia de São Paulo revela que os 15 maiores anunciantes privados aumentaram 500% sua cota publicitária em uma década. Segundo o estudo, o jornalismo offline ainda é o segundo maior destinatário do bolo publicitário no país, com 14,1% de participação, perdendo apenas para a TV, com fatia de 60,9%.
Em edição recente da conceituada revista The Economist, a pergunta em sua capa é: ‘Quem matou o jornal?’ Resposta: a internet. Segue a publicação: ‘De todos os meios `antigos´, os jornais são os que têm mais a perder para a internet. A circulação tem caído nos Estados Unidos, na Europa ocidental, na Oceania (nos outros lugares, as vendas sobem). Mas, nos últimos anos, a web acentuou o declínio.’ Em seu livro The Vanishing Newspaper, Philip Meyer calcula que o primeiro trimestre de 2043 será ‘o momento em que o jornal impresso morrerá nos Estados Unidos, quando o último leitor cansado colocar de lado a última edição amarrotada’.
Notícias no papel sobreviverão por algum tempo
Os próprios profissionais da área parecem estar ‘jogando a toalha’. 750 jornalistas foram ouvidos pelo instituto Oriella PR Network, em 21 países. 52% deles acreditam no fim da comunicação offline em algum ponto do futuro. Com a ascensão das mídias sociais, os profissionais acreditam na extinção das empresas de comunicação offline, seja impressa, rádio ou TV, inclusive.
Exemplos da mídia impressa saindo de campo nos chegam a todo o momento, com alguns veículos, na busca da sobrevivência, passando atuar somente através de portais na internet. O Jornal do Brasil é o mais recente e traumático. Com jornalismo de qualidade e incentivo à leitura impressa, as notícias no papel ainda sobreviverão por algum tempo. Mas o horizonte é muito desalentador.
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Jornalista, auditor fiscal da RFB, diretor de Direitos Sociais e Imprensa Livre da Associação Riograndense de Imprensa, da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social e presidente do Sindifisco Nacional em Porto Alegre