A coluna de domingo [18/6/06] de Deborah Howell foi dedicada à cobertura da morte de Abu Musab al-Zarqawi, líder da al-Qaeda no Iraque, e ao desafio de tratar de temas do qual o público já obteve informações através de outras mídias. Segundo a ombudsman, os editores do Washington Post publicaram uma matéria que combinava análise e informações no dia seguinte ao assassinato do terrorista, ocorrido em 8/6. Alguns leitores consideraram a cobertura negativa; outros queriam notícias diretas que informassem que o Exército americano havia matado um inimigo importante.
A cobertura da morte de Zarqawi é um bom exemplo de como os jornais lutam para tornar recente um assunto do qual o público já tomou conhecimento através do rádio, televisão e internet um dia antes do jornal ser impresso. Por isso, depois de muita discussão, os editores decidiram publicar uma matéria que não continha apenas as informações básicas. Deborah afirma que o artigo escrito pela chefe de redação da sucursal do Post em Bagdá, Ellen Knickmeyer, e a matéria escrita pelo repórter Jon Finer informavam como as forças americanas encontraram e mataram Zarqawi. ‘A morte de Zarqawi foi o triunfo mais significativo desde a captura do ex-presidente Saddam Hussein, em 2003’, escreveu Finer.
‘Na era da internet, devemos ter em mente o que os leitores ouvem instantaneamente e o que nós entregamos no dia seguinte. O artigo de Ellen foi uma análise do futuro; o de Jon foi uma retrospectiva de como Zarqawi foi morto. Ambos foram uma tentativa de ir além do fato estático. Não concordo com alguns leitores que pensam que as notícias sobre o Iraque têm de ser simplesmente positivas ou negativas’, opina David Hoffman, editor assistente de notícias internacionais do Post.
Destaque (ou não) na capa
Para saber como outros jornais cobriram o assunto, Deborah fez uma pesquisa no sítio do Newseum, que mostra as primeiras páginas de jornais de todo o mundo. De acordo com a ombudsman, o New York Times e o Washington Times colocaram a notícia em destaque na primeira página. Outros preferiram dar mais ênfase ao assunto através de análises – como o Philadelphia Inquirer, o Los Angeles Times, o Baltimore Sun, o USA Today e o Wall Street Journal. Muitos dos artigos afirmaram que o impacto a longo prazo da morte de Zarqawi ainda é incerto – assim como fez o artigo de Ellen no Post.
Deborah explica que, devido a uma série já planejada para sair na capa do Post sobre afrodescendentes e devido ao assassinato ter ocorrido há quase 24 horas, a notícia não ganhou muito destaque na primeira página. ‘A decisão de não dar destaque foi um esforço consciente de levar em conta o fato de que a notícia já estava ‘velha’. Demos grande destaque a ela em nosso sítio’, afirma Vince Bzdek, editor de notícias do News Desk, que diagrama as seções de notícias.
Na opinião da ombudsman, os editores agiram bem em fornecer aos leitores uma análise sobre as possibilidades futuras pós-morte do terrorista e fazer uma retrospectiva do fato. No entanto, ela acredita que, se a matéria da série sobre afrodescendentes
fosse movida de lugar para que a notícia da morte de Zarqawi tivesse mais destaque na capa, os leitores que reclamaram teriam ficado satisfeitos.
Muitos leitores escrevem para reclamar, como informou Deborah, que não há muitas matérias sobre o Iraque na primeira página. Ela responde: ‘Uma pesquisa em dezenas de jornais feita por Tim McNulty, do Chicago Tribune, revelou que o Post, de janeiro a maio, foi o que mais deu matérias sobre o Iraque na capa – 132 artigos’.