Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

MÍDIA ÁRABE
Doreen Carvajal

A diplomacia das notícias em árabe

‘INTERNATIONAL HERALD TRIBUNE, PARIS – A batalha da mídia pelos corações e mercados do Oriente Médio está gerando uma grande agitação em organizações noticiosas ocidentais preparadas para fornecer manchetes – e visões geopolíticas – na língua do Alcorão.

Apoiada pelo financiamento governamental, a emissora pública internacional da Alemanha, Deutsche Welle, prepara para o segundo semestre a transmissão de até 24 horas diárias de programação noticiosa em árabe. Um canal no estilo da CNN na França, ainda sem nome, prepara o lançamento para breve de um website em árabe e, para 2007, uma versão televisiva também no idioma.

A estatal Russia Today tem planos parecidos para um site e uma TV em árabe, com um orçamento de US$ 40 milhões. Já a gigante da notícia CNN, sediada nos EUA, por enquanto prefere esperar, acompanhando o desenvolvimento de seu website em árabe, que atualmente atrai mais de 300 mil visitantes por mês.

‘Estou perdendo a conta’, disse Jerry Timmins, chefe de Operações da BBC World Service na África e no Oriente Médio. ‘Há praticamente um anúncio por semana, parece a indústria da moda.’ A BBC World Service também está na briga, com US$ 35 milhões do governo britânico para a estréia de um programa de notícias em árabe no segundo semestre, começando com 12 horas diárias de programação, a ser expandida para 24 horas.

A entrada de cabeça dessas organizações noticiosas nacionais reflete uma abordagem prática para o Oriente Médio: os conflitos podem ser influenciados por reportagens e por um fluxo implacável de informação tanto quanto por mísseis e diplomatas.

Mas o debate está só começando: esses programas estrangeiros vão criar entendimento ou acirrar conflitos? Lost in Translation (Perdidos na Tradução) foi o nome dado a um painel do Fórum Árabe de Radiodifusão, realizado neste mês em Abu Dabi, Emirados Árabes, que discutiu como as emissoras estrangeiras tratariam de temas sensíveis como os atentados suicidas.

Para países como Dinamarca e Espanha, onde os esforços noticiosos em árabe estão começando, os benefícios podem superar os perigos. Ambas as nações têm enfrentado tensões geopolíticas, com os ataques terroristas em Madri, em março de 2004, e a comoção provocada pela publicação de caricaturas do profeta Maomé num jornal dinamarquês no ano passado.

No fim de março, a agência estatal espanhola EFE lançou um serviço em árabe com financiamento do Ministério de Relações Exteriores. O serviço oferece informação para jornais e canais de mídia e um site em árabe que no futuro estará disponível, de graça, para os leitores em geral.

‘Queremos ser uma peça do grande quebra-cabeça e tentar oferecer uma ponte entre civilizações’, disse Javier Martín, diretor dos serviços em árabe da EFE. ‘É um de nossos objetivos. O outro é comercial, e estamos buscando assinantes.’ Com uma equipe de 14 editores e tradutores de árabe no Cairo, a agência de notícias se concentra em alcançar canais de mídia africanos em alguns dos países mais próximos da Espanha: Tunísia, Mauritânia e Marrocos. Este último é o país de origem de vários terroristas envolvidos nos atentados de Madri.

Na Dinamarca, o xenófobo Partido do Povo Dinamarquês propõe a criação do que chama de versão árabe da Rádio Europa Livre, por meio da emissora pública nacional, Danmarks Radio. O objetivo é reservar US$ 4,2 milhões para transmitir programas de rádio e TV a países de língua árabe, aproveitando um fundo criado em 2003 por uma iniciativa chamada ‘O dinamarquês como um árabe’. ‘Ainda não foi aprovado, mas parece possível’, afirmou Soren Espersen, porta-voz de Política Externa do partido. ‘Sentimos que há uma falta de democracia nos países árabes. Esta foi a razão da crise dos cartuns. É importante que eles tenham acesso a discussões sobre democracia.’

CHAVE DO SUCESSO

Para os recém-chegados, as chaves para o sucesso são credibilidade e desempenho, dizem vários especialistas em mídia árabe.

Mais de 200 canais gratuitos de TV já cobrem a região árabe com os satélites Arabsat e Nilesat, com 10% deles dedicados a notícias, segundo Judeh Siwady, analista de mídia do Arab Advisors Group, baseado em Amã.

Isto inclui a Al Hurra, emissora apoiada pelos EUA que, segundo pesquisas do Arab Advisors, está muito atrás das líderes no setor de notícias, a Al-Jazira, baseada no Catar, e a saudita Al Arabiya. Numa pesquisa da BBC e da Reuters com mais de 10 mil pessoas em 10 países, 59% dos egípcios apontaram a Al-Jazira como fonte de notícias mais confiável.

‘As pessoas vão dar uma olhada nos novos canais estrangeiros’, disse Nasib Bitar, produtor e consultor de mídia baseado em Dubai que ajuda emissoras e produtoras jordanianas a montar operações. ‘Tudo dependerá do conteúdo e de como eles o exibirem. O problema é que a radiodifusão em árabe está crescendo em quantidade, não em qualidade.’

Enquanto outros correm, a CNN espera por uma oportunidade comercial melhor. ‘Continua sendo uma possibilidade’, afirmou o porta-voz da CNN, Nigel Pritchard, observando que, como emissora comercial, tudo o que fazem precisa ter sentido tanto editorial quanto empresarial.

A BBC parece a mais bem posicionada para expandir as transmissões em árabe, graças a sua longa história, que data do início de seu serviço de rádio de ondas curtas em árabe, em 1938. Ela pode reforçar a presença já estabelecida no Oriente Médio, com 12 milhões de ouvintes e 1,5 milhão de visitantes por mês no site em árabe.

As discussões sobre novas tecnologias não parecem incomodar a Al-Jazira, que prepara uma versão internacional em inglês – cujo lançamento já foi adiado três vezes por ‘razões técnicas’. Ahmed al Sheikh, editor-chefe da emissora, afirmou que a nova concorrência é positiva e natural. ‘Creio que isso se deve, em primeiro lugar, à existência da Al-Jazira.’ Muita coisa, observou ele, está em jogo. ‘A informação está ficando mais importante que a diplomacia. Os diplomatas às vezes estragam tudo. Mas se você faz do jeito certo pela TV, pode conseguir muito mais.’’



TV DIGITAL
Renato Cruz

TV digital deve elevar déficit de eletrônicos

‘O governo deve assinar quinta-feira o acordo para a adoção no País do padrão japonês de TV digital. A transição de tecnologia vai acelerar a adoção de televisores de plasma e cristal líquido, ampliando o rombo na balança comercial do setor eletroeletrônico, que chegou a US$ 7,1 bilhões ano passado. Enquanto os televisores convencionais, com tubos de raios catódicos, têm mais de 60% de nacionalização, nos televisores de cristal líquido este índice fica entre 15% e 20%.

Ano passado, a indústria brasileira de televisores faturou cerca de US$ 3,5 bilhões, vendendo 10,8 milhões de unidades. ‘Em três ou quatro anos, as TVs de cristal líquido deverão responder por metade do faturamento’, diz Benjamin Sicsú, vice-presidente da Samsung e diretor da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Dessa forma, o valor da importação de componentes deve subir de menos de 40% do faturamento para cerca de dois terços.

No mundo, são vendidos 160 milhões de televisores por ano. Apesar de responderem por 15% a 17% das unidades vendidas, os aparelhos de cristal líquido, por serem mais caros, já movimentam, em dólares, o mesmo que os aparelhos de tubo.

As TVs de plasma respondem por 5% a 6% dos aparelhos vendidos no mundo. No Brasil, durante todo o ano passado, foram vendidas 58 mil TVs de plasma e cristal líquido. Somente de janeiro a abril deste ano as vendas ficaram em 80 mil unidades.

O maior incentivo trazido pela TV digital às novas tecnologias de tela será a alta definição. No lugar de 480 linhas que formam a imagem no televisor analógico, a TV digital de alta definição terá 1.080 linhas. O formato de tela será mais largo, com proporção de largura e altura de 16 por 9, ao invés dos 4 por 3 dos aparelhos atuais. A alta definição fez sua estréia comercial no Brasil com a Copa, na TV por assinatura. A TVA e a BandSports transmitem jogos em alta definição. Com o sinal verde do governo, o formato irá migrar para a TV aberta.

‘Até existem televisores de alta definição de tubo’, afirma Sicsú. ‘Um modelo de 40 polegadas chega a pesar 200 quilos, enquanto uma TV de cristal líquido do mesmo tamanho pesa de 15 a 17 quilos.’

Para minimizar o impacto negativo da transição tecnológica na balança comercial, é importante o esforço do governo de trazer uma fábrica de semicondutores para o Brasil. ‘Existem mais de 30 países no mundo com fábricas de semicondutores, mas somente quatro produzem telas de cristal líquido: Japão, China, Taiwan e Coréia’, destaca Sicsú. ‘Atrair uma fábrica de cristal líquido seria ainda mais difícil.’

Nos próximos anos, o tubo de raios catódicos deve morrer. O Brasil tem duas grandes fábricas: uma da LG Philips, em São José dos Campos (SP) e outra da Samsung, em Manaus. ‘Nossa fábrica é muito competitiva’, afirma Sicsú. ‘Será uma das últimas a serem fechadas na corporação. É um assunto para ser discutido daqui a seis ou sete anos.’ A fábrica da Samsung emprega cerca de 2,5 mil pessoas.

‘A transição para o plasma e o cristal líquido é uma questão de política industrial’, afirma Walter Duran, diretor-executivo do Laboratório Philips no Brasil. de acordo com ele, ‘é preciso fazer uma compensação, como faz muito bem o Chile, que importa televisores do México e exporta cobre.’

Para Duran, o Brasil já perdeu a oportunidade de atrair fábricas de telas de cristal líquido. ‘Existem poucas no mundo, que estão subutilizadas’, explica o executivo. ‘Elas vão se pagar somente em 25, 30 anos.’

O diretor da Philips afirma que uma saída para o País seria se especializar em alguma das tecnologias emergentes de telas, que ainda não chegaram ao mercado, como a que se chama Oled, sigla de Organic Light-Emitting Diode. ‘Como o Brasil não tem muitos recursos para pesquisas, poderia correr o risco e ficar realmente bom em uma das novas tecnologias’, afirma Duran.

Outra possibilidade são os polímeros emissores de luz, que permitem a criação de telas finas e flexíveis, que ficam transparentes quando desligadas. ‘A tela poderá ocupar uma parede inteira’, explica o executivo. ‘A televisão estará em todo lugar.’

Sicsú, da Abinee, defende a criação de uma linha permanente de financiamento para pesquisa em televisão, com existe na área de tecnologia da informação com a Lei de Informática. ‘A interatividade que o Brasil quer, para promover a inclusão digital, não existe em nenhum lugar do mundo.’’



TELECOMUNICAÇÕES
Ethevaldo Siqueira

O desastre do governo Lula nas Comunicações

‘O melhor exemplo do descaso do governo Lula com as Comunicações é a situação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Totalmente acéfala há mais de 15 dias, a agência vive a situação de ‘buraco negro’, em que seus atos e documentos não podem sequer ser assinados, já que o mandato do presidente interino, Plínio Aguiar Jr., terminou dia 8 deste mês.

Como em outras áreas do governo, a escolha de dirigentes da agência é feita com base em barganhas e disputas partidárias e sindicais. No ano passado, por exemplo, o ministro Hélio Costa vetou o nome do ex-deputado Paulo Lustosa, escolhido pelo PMDB para assumir a presidência da Anatel. E foi radical: ‘Ele só tomará posse se passar sobre meu cadáver’. Diante do impasse, Hélio Costa e o PMDB optaram por Antonio Bedran, assessor jurídico da Anatel. Mas, aí, entraram em cena os sindicalistas do PT e vetaram Bedran, considerado tucano. Um terceiro candidato à presidência da agência, José Leite Pereira, profissional de carreira, competente e sério, conselheiro-diretor desde 1997, acaba de ser vetado também pelos sindicalistas.

Desprofissionalizada e esvaziada em suas funções, a agência é hoje uma caricatura do que foi no passado. Com os drásticos cortes de orçamento, não pode sequer fiscalizar o uso do espectro de freqüências (e o Brasil tem hoje mais de 20 mil rádios piratas). Seu call center foi interrompido por falta de pagamento aos fornecedores, no ano passado.

TV DIGITAL

O processo de escolha do padrão de TV digital compromete a imagem do País, tamanha a falta de isenção e de ética do ministro Hélio Costa, que há seis meses faz defesa aberta de um dos três padrões concorrentes.

Preocupados com a condução do processo, os ministros Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, e Dilma Roussef, da Casa Civil, resolveram participar mais ativamente das negociações com os representantes dos três padrões – norte-americanos, europeus e japoneses – visando, entre outros objetivos, à instalação de uma fábrica de semicondutores no País. Mas, até aqui, não obtiveram grandes resultados.

Em sua defesa apaixonada da solução japonesa, Hélio Costa chega a ofender investidores e empresas européias que simplesmente propõem alternativas ou sugestões diferentes. Numa dessas explosões, chegou a pedir à Nokia – maior fabricante de celulares do mundo – que saia do Brasil se não quiser apoiar o sistema japonês. É claro que sua atitude foi condenada por outros ministros, pois aquela empresa finlandesa produz no País e exporta quase US$ 1 bilhão em telefones celulares, anualmente.

Se confirmada a escolha do padrão japonês (ISDB), o maior risco para o Brasil é o isolamento internacional, pois o País será o primeiro no mundo a adotá-lo, além do Japão, enquanto o padrão norte-americano (ATSC) já foi escolhido por cinco países e o europeu (DVB) por mais de 100, segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT). Nem na América do Sul ou na área do Mercosul, nossos vizinhos estão dispostos a seguir o Brasil.

Nesse clima, sob pressão de Hélio Costa e das emissoras de TV, Lula inclina-se pelo padrão ISDB, até sem a contrapartida da fábrica de semicondutores, e convida autoridades japonesas para vir ao Brasil esta semana, para assinar o acordo. No fundo, ele parece temer algum tipo de represália das emissoras de TV, que apostam no lobby de Hélio Costa.

SEM PROJETO

Sem projeto para o setor, o governo de Lula transformou o Ministério das Comunicações e a Anatel em moedas de troca. O ministério foi dado inicialmente ao PDT, com Miro Teixeira. Depois, ao PMDB, com Eunício Oliveira e Hélio Costa.

Investimentos setoriais? Zero. Nem um centavo dos R$ 4 bilhões acumulados pelo Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) foi aplicado em projetos setoriais, como prevê a lei que criou esse fundo.

Na área institucional, o presidente nada fez para aprimorar o modelo vigente, como, por exemplo, elaborar e debater um projeto de Lei Geral de Comunicações capaz de unificar e harmonizar a legislação do setor.

A privatização das telecomunicações – tão combatida pelo PT – tem trazido benefícios extraordinários ao próprio governo Lula, pois, além de ter permitido ao País quintuplicar sua infra-estrutura setorial, aumentou em mais de 300% a arrecadação de impostos nessa área, nos últimos 8 anos.

Confira, leitor. Segundo dados oficiais, levantados pela consultoria Teleco (www.teleco.com.br), o Brasil tinha 24 milhões de acessos telefônicos (fixos e móveis) no dia da privatização da Telebrás, em julho de 1998. Hoje tem 130 milhões. A rede telefônica de 1998 gerava R$ 9 bilhões em impostos, anualmente. A rede atual, muito maior, gerou R$ 31 bilhões, em 2005.

Lula desconhece as prioridades das Comunicações e, pior, recusa-se até a ouvir críticas e sugestões dos petistas mais qualificados nessa área – como os deputados Walter Pinheiro (BA) e Jorge Bittar (RJ). Ambos esperam há meses uma audiência com o presidente.

Em síntese, nenhum outro presidente da República mostrou tanto desprezo pelas Comunicações.’



PUBLICIDADE
Carlos Franco

Cai número de prêmios do Brasil em Cannes

‘O Brasil encerrou sua participação na 53ª edição do Festival Internacional de Publicidade de Cannes com 29 leões, piorando o desempenho em relação aos anos anteriores: foram 43 no ano passado e 41 em 2004. Na categoria filmes, a mais disputada, o País conquistou apenas três leões, de bronze, de um total de 21 que estavam entre os 300 finalistas. Em 2005, as agências brasileiras conquistaram seis leões nessa categoria.

Os leões de bronze foram para o filme da Gol, criado pela Almap/BBDO, que mostra um passarinho viajando de ônibus; para o comercial da Neosaldina, criado pela Fischer, que também usa um pássaro para mostrar que qualquer ruído incomoda quando se está com dor de cabeça; e para o filme da Schincariol, criado pela Lew, Lara, que mostra sinais de trânsito que se deformam à medida em que a cerveja enche um copo.

Esses três leões de bronze se somaram aos nove conquistados na categoria internet, cinco em impressos, quatro em outdoor, cinco em rádio, um em mídia, um em marketing direto, além de mais um na categoria jovens publicitários.

Quem liderou a competição de filmes publicitários foram os EUA e o Reino Unido, com 20 leões cada. O Reino Unido levou o Grand Prix pelo comercial da cerveja Guinness, criado pela Abbott Mead Vickers BBDO. A Argentina ficou em terceiro lugar, com 10 leões. O Brasil ficou em décimo lugar nos filmes.

Vice-presidente da Fischer e jurado brasileiro da categoria filmes, Jader Rossetto, acha que o Brasil precisa melhorar as produções para conseguir melhor desempenho em filmes. ‘Qualquer dificuldade de entendimento de um comercial, faz com que o júri o ignore’, disse. ‘Além disso o festival está cada vez mais global, menos regional. Não há preocupação em contemplar regiões do mundo.’

A organização do festival também anunciou ontem o Japão como vencedor do leão de titânio, o prêmio criado para estratégias integradas de publicidade. A campanha ‘Design Barcode’ (‘Design no código de barras’) conquistou o Titanium Lions. O prêmio é uma antecipação da decisão do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, no Brasil representando pelo jornal O Estado de S. Paulo, de incluir no próximo ano a categoria design.

Hoje, o festival já se divide nas categorias Marketing Direto, Promoção, Impresso, Outdoor, Cyber, Media, Radio, Titânio e Young Creatives. Cada categoria, se divide em setores da economia, como automotivo, serviços, alimentos, bebidas alcoólicas, bebidas não-alcoólicas, utilidade pública, e assim até completar quase 30 segmentos, com leões de ouro, prata ou bronze para cada um deles, dependendo do critério dos jurados.

INTERNET

Com a divulgação de filmes e do titânio, o Brasil acabou se destacando mais nesta edição em internet. Os EUA também lideraram nessa categoria, com 25 leões, dos quais dois Grand Prix, mais nove leões de ouro, seis de prata e oito de bronze. Em segundo lugar ficou o Reino Unido, com 12 leões (1 de ouro, 6 de prata e 5 de bronze). O Brasil conquistou 4 leões de ouro, 2 de prata e 3 de bronze em internet.

A agência brasileira DM9DDB deixou Cannes com o título de terceira melhor do mundo em internet, perdendo apenas para as americanas Crispin Porter + Bogusky e Goodby Silverstein, sendo que a primeira conquistou o título de Agência Interativa do Ano.

Computados todos os prêmios, a agência de publicidade TBWA Paris levou, pelo quarto ano consecutivo, o leão de Agência do Ano. Esse prêmio vai para a agência com o maior número de pontos nas competições de filme, impressos, outdoor e rádio. A Abbott Mead Vickers BBDO, de Londres, ficou em segundo lugar, e a Saatchi & Saatchi, de Nova York, em terceiro. A última vez que uma agência brasileira saiu de Cannes com esse título foi em 2001, com a F/Nazca.’



TELEVISÃO
Leila Reis

Adeus a Bussunda

‘A morte precoce de Bussunda comoveu o País, mas, por ter ocorrido de maneira tão inesperada e em plena Copa do Mundo, não deu muitas condições para a TV carnavalizar tanto a tragédia como está acostumada.

É claro que os programas vespertinos que se seguiram ao final de semana encontraram na morte do emblema do Casseta & Planeta uma chance de laçar a audiência pela morbidez. Como normalmente ocorre, lança-se mão da técnica de espichar o assunto até onde não der mais e assim prolongar a emoção provocada pela perda de um personagem nacional.

Mesmo quando não há pretextos, esses programas enchem lingüiça – no intuito de plantar o espectador na frente de seu vídeo – rememorando perdas que já comoveram o País. Dia desses, por alguma razão fabricada qualquer, o programa de Sônia Abrão repassava, na Rede TV! à tarde, a consternação da morte de Ayrton Senna e do cantor Leandro.

Quando há motivo então, as habituais salas de visitas da TV têm seus sofás afofados para acomodar médicos para explicar ‘cientificamente’ as razões da morte de figuras públicas. É claro que, entre uma informação médica e outra, não faltam imagens do artista em ação. No caso de Bussunda, eram aparições no Casseta.

Os próprios telejornais da Globo agregaram à notícia explicações médicas. Elas fazem parte da cartilha das reportagens necrológicas, mas algumas vezes esse empenho por ‘esclarecer tecnicamente’ o público leva a atitudes levianas ou questionáveis. Como a da repórter da Globo que garantiu categoricamente que Bussunda estaria vivo se tivesse sido levado para o hospital logo que se sentiu mal.

Como se a emoção da perda não fosse por si só suficiente, faz parte do modus operandi da TV forçar a barra e é aí que ela resvala feio para a pieguice. Nessas investidas cabem a insistência em tirar declarações, de preferência embargadas, de amigos e parentes. Não faltam o resgate da biografia do retratado e, o pior de tudo, um simulacro de poesia geralmente ressaltando as virtudes da personalidade e sua importância no cenário nacional.

O curioso é que no caso da morte do Bussunda não houve muita margem para a carnavalização. Primeiro porque seus colegas de programa – amigos de infância pelo que se soube – foram de uma sobriedade exemplar nas declarações colhidas pela reportagem. Esse tom também foi mantido no enterro discreto.

Mas o que mais chamou a atenção foi a edição especial do Casseta & Planeta de terça-feira. Quem conhece o humor meio grosso do programa, às vezes até escatológico, deve ter se impressionado com a elegância da homenagem prestada ao caçula do grupo.

Na ilha de edição, o Casseta dispensou o caminho fácil da lamentação e da ‘poesia’. Remontou a história de Bussunda no humor da TV alinhavando os melhores esquetes. O resultado foi um tributo singelo, mas à altura da importância que Bussunda tem para o grupo casseta. E para o humor nacional.’



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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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