Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

VENEZUELA
Ana Paula Scinocca

Congresso brasileiro reage a Chávez

‘‘Leviano’,’irresponsável’ e sem estatura de chefe de Estado. Essas foram algumas das reações do Congresso brasileiro à declaração do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que chamou o Parlamento do País de ‘papagaio de Washington’. O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Heráclito Fortes (DEM-PI), defendeu que a Venezuela seja retirada do Mercosul.

Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), repudiaram o comentário de Chávez. O venezuelano atacou o Congresso na noite de quinta-feira, numa reação à decisão de senadores brasileiros que, por meio de requerimento feito na véspera, pediram a Chávez que reconsiderasse a decisão de não renovar a concessão da emissora Rádio Caracas Televisión (RCTV), fechada no último domingo. ‘Um chefe de Estado que não sabe conviver com uma manifestação democrática, como foi a do Senado brasileiro, é porque, provavelmente, está caminhando na contramão da democracia’, disse Renan, reafirmando a defesa do conteúdo da carta enviada a Chávez. ‘É uma afirmação desrespeitosa e refuto informação ou insinuação que o Congresso esteja subordinado a qualquer outro poder’, destacou Chinaglia.

O presidente do Senado reafirmou a defesa da manutenção da RCTV em funcionamento e afirmou que sempre defendeu a democracia e a liberdade de expressão. ‘Qualquer movimento contra a democracia, contra a liberdade de imprensa e de expressão tem de ter veemente repúdio, e o Senado deve se manifestar contra isso toda vez que acontecer’, afirmou Renan.

PUNIÇÃO

Para Chinaglia, Chávez ‘está contaminado pela disputa interna que tem na Venezuela e, evidentemente, se dá a um direito (de julgar) que não tem’. Mais tarde, em nota oficial, o presidente da Câmara classificou como ‘levianas e irresponsáveis’ as declarações do presidente venezuelano. ‘Não condizem com a estatura que se requer de um chefe de Estado.’

A declaração de Chávez levou os senadores a ocupar a tribuna em plena sexta-feira para protestar contra o presidente venezuelano. O senador Heráclito Fortes defendeu que a Venezuela fique fora do Mercosul enquanto perdurar o comportamento antidemocrático do presidente venezuelano.

‘Não recebi com surpresa porque o senhor Chávez tem tido comportamento como esse ao longo de sua administração. Há um mês ele atacou a figura do papa (Bento XVI), que se encontrava na América do Sul’, anotou o senador. ‘Não respeitar a opinião de um Parlamento é muito esquisito.’ Para Heráclito, a Venezuela vive um ‘momento grave’. ‘Chávez mudou a estrutura do Judiciário, garroteou o Legislativo e agora ataca a imprensa, cerceando liberdade. É uma marcha batida de quem quer um governo onde as forças democráticas não incomodem’, afirmou.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) lembrou que o mesmo Congresso agora atacado por Chávez apoiou o venezuelano contra o golpe de Estado que o derrubou em 2002. Poucos dias depois, Chávez conseguiu reassumir a presidência com o apoio popular e militar. ‘Quando houve essa tentativa de golpe, eu propus e aprovei, na Câmara, moção contra o golpe e em defesa de uma solução democrática para a crise, com respeito ao governo eleito’, recordou Mercadante, que, na época era deputado federal.’

O Estado de S. Paulo

Estudantes voltam às ruas por liberdade de expressão

‘Associated Press, France Presse, Reuters e EFE –

Milhares de estudantes das universidades Andrés Bello, Simón Bolívar e Central da Venezuela voltaram ontem às ruas da capital venezuelana para protestar contra o fechamento da Rádio Caracas Televisão (RCTV) e defender o direito à liberdade de expressão. A manifestação pretendia seguir até a Assembléia Nacional para entregar um documento a deputados governistas contendo as exigências dos estudantes para pôr fim ao movimento, mas a polícia impediu o acesso ao Parlamento.

Aos gritos de ‘não somos golpistas, somos estudantes’, os universitários preferiram interromper a passeata diante da Conferência Episcopal Venezuelana, sede da Igreja Católica no país.

Depois de intensas negociações, eles formaram uma comissão e conseguiram falar com o deputado Ismael García, do Podemos, partido que apóia de maneira crítica o governo do presidente Hugo Chávez. O presidente da Federação de Centros Universitários, Stalin González, entregou a lista de reivindicações a García.

De acordo com o documento, são cinco as exigências dos manifestantes: retorno do sinal da RCTV, compromisso de isenção da TVes (emissora estatal criada para substituir a RCTV), conduta responsável dos meios privados e estatais, libertação de todas as pessoas presas por defender os direitos civis, e renovação da concessão de cem emissoras de rádio.

O deputado García disse esperar que a comissão formada pelos estudantes seja ‘um instrumento para abrir os canais de negociação com o governo’, acrescentando: ‘Ainda que não tenhamos a mesma opinião, temos de analisar as reivindicações.’

O líder estudantil John Goicochea, da Universidade Católica Andrés Bello, reclamou da decisão das autoridades de não deixar a marcha prosseguir até a Assembléia por falta de autorização da prefeitura.

‘Queremos que na Venezuela, um dia, todos os estudantes possam realizar livremente manifestações pelas ruas de Caracas’, afirmou Goicochea, que pediu respeito aos jovens estudantes.

De acordo com os líderes estudantis, as manifestações pela liberdade de imprensa, que começaram na semana passada, não têm data para terminar. Os universitários já marcaram outra passeata para terça-feira, dessa vez em direção ao Supremo Tribunal de Justiça.

Ontem, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que por trás do movimento estudantil ‘está um grupo formado por políticos e donos de canais privados’ de televisão. ‘São os mesmos golpistas de sempre’, acrescentou Maduro. ‘Por trás dos estudantes estão a CIA e os setores que querem desestabilizar o governo do presidente Chávez.’

Maduro alertou que qualquer organismo internacional que ‘tente pautar a Venezuela’ receberá ‘uma resposta contundente do governo’.

Outras manifestações estudantis foram realizadas ontem em diversas cidades venezuelanas, entre elas Maracaibo, Mérida, Porlamar e Valência. Em Maracay, a 90 quilômetros de Caracas, quatro pessoas ficaram feridas e outras seis foram detidas após confronto entre estudantes e chavistas.’

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RCTV usa a internet para manter-se no ar

‘EFE e Reuters – Desde que teve seu sinal interrompido, há seis dias, a internet se transformou na maior arma da RCTV. O canal mais antigo e popular do país está usando portais e sites como o YouTube para transmitir alguns de seus programas.

Animados com os protestos e as manifestações de solidariedade, os dirigentes da emissora ainda não perderam a esperança de voltar a operar, apesar de o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ter assegurado que não recuará de sua decisão. Desde domingo, funcionários da emissora mantêm três edições diárias do jornal El Observador no site e no blog.

Além da internet, a rede de TV colombiana Caracol ofereceu seu sinal internacional para que a RCTV transmita seu noticiário. Com isso, cerca de 800 mil venezuelanos poderiam assistir ao programa a partir da meia-noite de ontem.’

MÍDIA & FUSÕES
O Estado de S. Paulo

Murdoch pode aumentar oferta pela Dow Jones

‘Para analistas, empresário estuda elevar proposta de US$ 60 para até US$ 70 por ação para conseguir fechar a compra rapidamente

As ações do grupo de mídia Dow Jones fecharam ontem acima dos US$ 60, o valor da oferta feita pelo magnata Rupert Murdoch pelo controle da empresa. Os papéis da Dow Jones terminaram a sexta-feira cotados a US$ 61,20, uma alta de 14,8% em relação ao dia anterior.

O principal motivo da alta foi a declaração feita na quinta-feira pela família Bancroft, dona de 64% da Dow Jones, de que iria considerar a proposta de US$ 5 bilhões feita pela News Corp, a empresa de Murdoch, assim como outras ofertas.

Essa declaração levantou expectativas de que Murdoch talvez aumente o valor da sua oferta para fechar a transação e alimentou esperanças de que outras partes pudessem fazer uma oferta por partes ou pelo todo da Dow Jones. Alguns investidores esperavam que Murdoch elevasse o que já consideravam uma proposta ‘muito generosa’ para encerrar a transação rapidamente.

‘Nós, como acionistas da Dow Jones, teríamos ficado muito felizes em aceitar US$ 60, mas agora minha aposta é algo em torno de US$ 64 ou US$ 65, apenas para deixar todo mundo satisfeito’, disse Larry Haverty, analista da Gamco Investors Inc., detentora de uma participação acionária de US$ 46,8 milhões na Dow Jones e de uma participação de US$ 352,8 milhões na News Corp. Mais cedo, analistas de Wall Street disseram que Murdoch poderia aumentar sua proposta para US$ 70 ou mais por ação, o que se aproximaria da maior alta de todos os tempos na ação da Dow Jones – US$ 77,31, registrada em 20 de junho de 2000.

A mais recente declaração dos Bancrofts indicou uma brusca mudança em relação à postura anterior de oposição categórica à venda da Dow Jones. A família disse também que vai buscar um comprometimento da parte de Murdoch para preservar a independência editorial da Dow Jones após uma eventual venda.

A oferta da News Corp representava um ágio de 65% em relação ao preço da ação antes que a proposta se tornasse pública no mês passado, um valor que muitos acionistas de fora consideraram convincente, apesar das preocupações de que Murdoch prejudicaria a reputação do Wall Street Journal ou interferiria no registro do noticiário.

Os Bancrofts, persuadidos por um ‘número suficiente’ de membros da família, agora parecem dispostos a discutir se será possível salvaguardar a integridade jornalística da Dow Jones – e conseguir um preço mais alto, segundo uma notícia publicada no The New York Times na sexta-feira, citando fontes não identificadas.

Embora a Dow Jones seja lucrativa, seu crescimento tem ficado atrás de outras empresas no mundo da mídia. Além do The Wall Street Journal, a Dow Jones publica o jornal dos investidores, o Barron’s, tem um site noticioso na web, o Marketwatch.com, e a agência de notícias Dow Jones Newswires.

A grande dúvida dos analistas agora é se outras empresas de mídia ou grandes fundos de investimento superariam a oferta de Murdoch.

Por enquanto, surgiram boatos na imprensa de que a Bloomberg seria uma proponente em potencial, mas a empresa descartou a hipótese. ‘Não estamos buscando aquisições desta vez’, disse a porta-voz da Bloomberg, por e-mail.

O que parece evidente é que os dias da Dow Jones como uma empresa independente estão chegando ao fim. ‘É ponto pacifico que ela vai ser vendida e claramente há uma chance de mais de 50% neste momento que seja vendido para a News Corp’, disse Ken Doctor, um analista que trabalha para a Outsell Inc., uma empresa de pesquisa de mercado para a indústria da mídia.’

TELECOMUNICAÇÕES
Renato Cruz

Anatel prepara regras para TV por assinatura das teles

‘A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) prepara um regulamento que permitirá às operadoras oferecerem TV por assinatura pela rede de telefonia, direto no televisor, com a tecnologia IPTV, sigla em inglês de televisão por protocolo de internet. Pelas regras de hoje, elas poderiam oferecer vídeo sob demanda, mas não programas empacotados como canais.

‘Podemos fazer muito com o marco regulatório atual’, disse José Leite Pereira Filho,conselheiro da Anatel, durante o 51º Painel Telebrasil, na Costa do Sauípe (Bahia). ‘A criação do Serviço de Comunicação Eletrônica de Massa resolveria muitos problemas, incluindo o óbice (obstáculo) da IPTV.’ O conselho da agência resolveu formar um grupo para formular um regulamento do novo serviço, que permitiria às empresas fazerem TV por assinatura independentemente da tecnologia. Hoje, as licenças de TV paga são concedidas de acordo com a tecnologia de distribuição: cabo, MMDS (microondas), DTH (satélite) ou UHF.

A Lei do Cabo, de 1995, impõe barreiras à prestação do serviço por concessionárias de telefonia local. Existem proibições também nos contratos de concessão. Se for criado o novo serviço, chamado pela Anatel de Scema, elas teoricamente deixariam de ser impedidas de operar TV paga nas suas redes.

‘O grupo trabalhará durante seis meses,para verificar se não existem conflitos legais’, disse Leite. Se não houver conflito,o regulamento deve entrar em consulta pública. As atuais empresas de cabo poderão migrar de uma licença para outra.

Hoje, estrangeiros não podem ser sócios majoritários de empresas de TV a cabo. Se as companhias decidissem migrar para o Scema, a restrição cairia, permitindo, por exemplo, à Embratel comprar toda a Net ou à Telefônica adquirir toda a TVA. Para o satélite e o MMDS não existem barreiras ao capital estrangeiro.

‘Acho que pode haver problema em fazer esta mudança por regulamentação’, disse Marcelo Bechara, assessor jurídico do Ministério das Comunicações. Para ele, a solução para as assimetrias da TV paga precisaria passar por mudanças na Lei do Cabo e nos decretos que definem as regras do setor.

O conselheiro da Anatel também disse que a agência vai incentivar o atendimento de cidades que ainda não têm celular no leilão da terceira geração da telefonia móvel (3G). Do preço mínimo, a agência exigiria somente 5% em dinheiro. O restante viria na forma de compromissos de cobertura. Leite prevê que a licitação pode acontecer ainda este ano.’

TELEVISÃO
Cristina Padiglione

A força do enlatado

‘Diretor de vendas da área internacional da Globo, Ricardo Scalamandré compareceu ao 8º Fórum Internacional de TV e defendeu a importância do conteúdo ‘universal’ na venda e aceitação das novelas da Globo. ‘Hoje temos cerca de 35 novelas sendo exibidas em todo o mundo. Esse número varia sempre, de acordo com a demanda, as temporadas e o tipo de conteúdo que oferecemos. Já tivemos 66 países exibindo simultaneamente as nossas novelas.’

Para Scalamandré, há demanda crescente por conteúdo por causa do aparecimento de novas mídias. Daí o fato de a ‘lata’ (o produto pronto, ou ‘enlatado’) não ter perdido força no mercado – ao contrário.

Diretora-geral da Endemol Globo, cujos formatos já desovados no Brasil incluem o Big Brother e o Deal or no Deal (Topa ou não Topa, do SBT) Carla Affonso endossou: ‘A própria Endemol viu a necessidade de iniciar a venda de produtos prontos, acabados. O mercado quer todos os tipos de soluções – desde o formato a ser produzido localmente, com a cor e a cultura regionais, aos produtos já desenvolvidos.’

O Fórum reuniu executivos internacionais e nacionais, esta semana, em Sampa.

Pânico visita o SBT

Silvio Santos convidou e a trupe topou: Emílio Surita, Sabrina, Vesgo e Ceará baixaram no SBT para participar do Qual é a Música, com direito a coreografia da Dança do Siri. A cena vai ao ar amanhã, às 14h, no SBT. A RedeTV! mostra os bastidores no Pânico, às 20h.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 3

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