Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo


VENEZUELA
O Estado de S. Paulo


Um presente para Chávez


‘O governo brasileiro deu mais um passo para entregar o Mercosul ao presidente venezuelano Hugo Chávez e para sujeitar a seus caprichos e interesses a diplomacia comercial de Brasília. A bancada governista conseguiu fazer aprovar na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados o ingresso da Venezuela no bloco formado, até agora, por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A proposta de lei será votada no plenário da Casa e depois será submetida ao Senado, podendo, portanto, ser derrubada. Mas isso dependerá de um duro trabalho da oposição. A insistência do governo e as alegações dos governistas a favor do projeto são sinais de péssimo agouro não só para a diplomacia econômica, mas também para o futuro político da região. Quem aceita os objetivos e os métodos de Chávez e as suas milícias como democráticos poderá aceitá-los também no Brasil e noutros países da região.


A avaliação dos interesses comerciais pelos deputados petistas está à altura de sua avaliação política. ‘Em vez de tratar de assuntos internos da Venezuela, o que está em jogo é um grande mercado da América Latina, com efeito concreto no desenvolvimento brasileiro’, disse o deputado Maurício Rands (PT-PE). O comentário é duplamente errado. Em primeiro lugar, a qualidade do regime político da Venezuela não é apenas um assunto interno, quando está em jogo o Mercosul. Ao criar o bloco, os quatro países fundadores assumiram o compromisso de respeitar uma cláusula democrática. Essa regra vale, em princípio, para a admissão de qualquer sócio. No caso da Venezuela, há motivos mais que suficientes para se adotar, no mínimo, uma atitude cautelosa e de espera. Segundo ponto: como falar sobre vantagens comerciais vinculadas ao ingresso do quinto sócio, se os detalhes técnicos da adesão ainda não foram discutidos? E não foram discutidos porque o governo venezuelano preferiu adiar a discussão do assunto.


Além disso, as condições definidas até agora são vantajosas somente para o lado venezuelano. A maioria dos produtos da Venezuela entrará no Brasil sem tarifas a partir de 2010. Os do Brasil terão entrada livre no mercado venezuelano a partir de 2012. A Venezuela recebeu prazo até 2014 para adotar a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. Até agora o governo do presidente Chávez não formalizou a aceitação desse instrumento, característico de uma união aduaneira.


O presidente venezuelano pretende ter um Mercosul moldado segundo suas conveniências e nunca escondeu esse fato. Ao contrário, deixou clara sua intenção de liquidar o velho Mercosul e organizar um novo, de acordo com seus critérios. O governo petista e seus partidários no Congresso devem julgar a aceitação desses critérios um avanço para o Mercosul. Devem estar ansiosos para depender da opinião de Chávez quando quiserem negociar com a União Européia ou com os Estados Unidos, ou até mesmo – quem sabe? – quando tiverem de fazer os acertos finais na Rodada Doha. Mas para isso não precisam de um novo sócio no Mercosul: basta telefonar a Chávez e pedir sua orientação.


O ingresso da Venezuela no Mercosul não trará nenhum ganho para o comércio brasileiro. O comércio bilateral tem crescido e poderá continuar crescendo, se o governo de Caracas não inventar uma barreira. Além disso, uma eventual barreira será passível de contestação na Organização Mundial do Comércio.


A carta enviada à comissão por 13 governadores do Norte e do Nordeste, com apoio à admissão da Venezuela, não altera nenhum desses fatos. Nenhuma empresa desses Estados está proibida de exportar para o mercado venezuelano, hoje, nem estará em melhores condições para exportar, se aquele país for admitido no Mercosul como sócio pleno. Tampouco o projeto de um investimento conjunto da Petrobrás e da PDVSA, para construção de uma refinaria em Pernambuco, deve depender desse ingresso, se o assunto for tratado em termos estritamente empresariais. Se interesses de outra ordem forem levados em conta, a Petrobrás deverá explicações tanto aos acionistas privados quanto aos brasileiros em geral, seus acionistas por intermédio do Tesouro.


Neste momento, a admissão da Venezuela no Mercosul envolve riscos muito sérios e muito maiores que os benefícios previsíveis. Ainda há tempo para se evitar o erro.’


 


RÁDIO DIGITAL
Ethevaldo Siqueira


Abert quer novos testes para rádio digital


‘A Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) está convidando a Universidade Mackenzie para realizar testes independentes do padrão de rádio digital In Band on Channel (Iboc) durante os próximos dois meses, para dar maior credibilidade e comprovar a eficácia dessa tecnologia. A informação foi dada com exclusividade a esta coluna pelo presidente da entidade, Daniel Pimentel Slaviero. Até aqui os testes têm sido feitos apenas por uma dúzia de emissoras de AM, FM e ondas curtas, sem critérios homogêneos.


A Abert defende convictamente o padrão Iboc. Falando ao Estado, Daniel Slaviero responde a cada um dos problemas evidenciados nos testes ou apontados pelos críticos do padrão norte-americano, criado pela empresa Ibiquity. Eis, a seguir, uma síntese de sua defesa:


O atraso de 8 segundos do sinal digital em relação ao analógico será progressivamente reduzido com o avanço tecnológico. Mas nunca será eliminado.


A interferência do sinal digital em AM nas demais emissoras, especialmente à noite, já está sendo resolvida, com alguns recursos tecnológicos e com a redução da potência nos horários noturnos, como ocorre com as transmissões analógicas.


Em sua opinião, a evolução tecnológica permitirá o desenvolvimento de receptores portáteis, hoje inviáveis por conta do excessivo consumo das baterias.


A dificuldade de produção de receptores digitais a preços acessíveis pela indústria brasileira será resolvida pelo aumento da escala de produção, por incentivos e políticas especiais e pela própria evolução tecnológica.


Com a adoção do padrão Iboc, a maioria das emissoras brasileiras irá, progressivamente, superar as dificuldades financeiras decorrentes do investimento em novos transmissores e estúdios, hoje variáveis de R$ 35 mil a R$ 140 mil, conforme a potência das rádios. É claro que as maiores emissoras começarão o processo em primeiro lugar, estimulando as demais a seguir o rumo do salto tecnológico.


Em síntese, Slaviero acredita que ‘todos os problemas surgidos nos testes de rádio digital ou apontados pelos técnicos já foram ou serão eliminados a curto ou médio prazo com a evolução da tecnologia’. A única limitação que, em sua avaliação, ainda deverá persistir, embora em menor grau, será o atraso de quase 8 segundos, entre o processamento do sinal digital e o analógico.


Por que não esperar que esses problemas sejam totalmente eliminados? ‘Porque temos urgência na adoção do padrão digital e não podemos esperar pela solução de pequenos e eventuais problemas que ainda existem’ – explica Slaviero. Para a Abert, a questão é de sobrevivência do modelo de negócios do rádio brasileiro. ‘A digitalização – diz seu presidente – é a única solução inovadora capaz de elevar a qualidade e o alcance das transmissões de rádio e oferecer novas opções ao modelo de negócio das emissoras, diante dos desafios da convergência tecnológica e da entrada no mercado de competidores tão fortes quanto as empresas de telefonia’.


Slaviero acha que a situação do padrão Iboc nos Estados Unidos não é negativa. Pelo contrário, considera animador o fato de 12% das 15 mil emissoras norte-americanas já terem aderido à tecnologia digital, desde sua introdução em 2002. Embora a decisão do órgão regulador das comunicações dos Estados Unidos, a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), em favor do Iboc tenha sido adotada de 2002, ‘a introdução do padrão digital – diz Slaviero – só começou, a rigor, há dois anos’.


Por todas essas razões, a realização de testes pela Universidade Mackenzie, sob a responsabilidade do professor Gunnar Bedicks Jr. ‘deverá eliminar todas as dúvidas sobre a qualidade do padrão Iboc’ – aposta Daniel Slaviero. A própria Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) poderá acompanhar e homologar esses testes.


A Abert acha também que as eventuais divergências ou diferenças de opinião entre a Casa Civil e o Ministério das Comunicações sobre o padrão Iboc de rádio digital são menores do que sugerem as notícias divulgadas nas duas últimas semanas. Por isso defende a decisão governamental em favor do padrão digital logo após os testes a serem realizados pela Universidade Mackenzie, sem ter que aguardar as conclusões de uma possível delegação brasileira aos Estados Unidos, como sugeriu André Barbosa Filho, assessor da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil.


Vale lembrar que, depois de ter participado de audiência pública no Senado, dia 16 de outubro, Barbosa Filho, revelou sua preocupação com as possíveis conseqüências da adoção de um padrão de rádio digital no estágio que demonstram os testes feitos pelas emissoras.


Segundo o assessor, o ministro das Comunicações Hélio Costa está ciente das preocupações da Casa Civil e poderá aceitar a sugestão de uma delegação brasileira que visite os Estados Unidos, com o objetivo de ouvir representantes da FCC, das emissoras de rádio e das universidades. ‘A Casa Civil está preocupada em não tomar uma decisão de afogadilho’, frisou.’


 


MÚSICA
Francisco Quinteiro Pires


O cronista negro das terras paulistas


‘‘Se cair deitado é padre,/ Caiu de pé é sambista’. Geraldo Filme de Souza cantou esses versos em Eu Vou Pra Lá, uma homenagem à escola de samba Paulistano da Glória, fundada por sua mãe, Dona Augusta. Ele falava de sua missão: sabia ter caído de pé. Cronista do samba e da história de São Paulo, devotou a existência ao carnaval e à música, embora tenha gravado um elepê autoral somente quando completou 52 anos. Faria 80 no dia 17 de outubro, se não tivesse morrido em decorrência de uma broncopneumonia, em 5 de janeiro de 1995.


‘Eu não troco um bom samba/ Pelo amor de uma mulher’, anuncia na mesma letra. Geraldo Filme contorna a habitual temática sambística, que rima amor e dor, para exercitar forte consciência político-social em suas composições, nas quais preserva a cultura negra paulista e a história dos seus, os mais necessitados. Ele carrega a influência do samba rural, entoado nos cafezais do interior do Estado e cadenciado pelo som grave do bumbo. As culturas caipira e negra se amalgamaram às rodas urbanas de tiririca (uma capoeira sambada) dos ‘três territórios negros’ na São Paulo da primeira metade do século 20 – Barra Funda, Bexiga e Baixada do Glicério, na classificação da professora da Unicamp Olga von Simson e autora de Carnaval em Branco e Negro (Imprensa Oficial, 396 págs., R$ 90).


Nascido em São João da Boa Vista, com cinco anos Geraldo Filme se muda para a Barra Funda. Sua mãe tinha uma pensão que fornece marmitas à vizinhança. Quem as entrega é o filho, que, em vez de se tornar doutor, recebe o ‘diploma de bamba’ por ter estudado na ‘escola de samba da vida’, como canta em Garoto de Pobre. Nessas andanças, ele observa as rodas formadas por negros ensacadores e carregadores nos armazéns abastecidos pelos trens da São Paulo Railway, no extinto Largo da Banana, região onde hoje se localiza o Memorial da América Latinha. Aos 10 anos, Geraldo Filme compõe Eu Vou Mostrar, uma crítica à afirmação do pai, Seu Sebastião – que tocava violino -, segundo a qual samba de verdade era feito no Rio. ‘Eu vou mostrar/ Que o povo paulista também sabe sambar (…) Na Barra Funda também tem gente bamba/ Somos paulistas/ E sambamos pra cachorro/ Pra ser sambista não precisa ser do morro.’


O Largo da Banana dá lugar ao progresso, o Viaduto Pacaembu, que elimina em meados dos anos 50 a ‘alegria’ e a ‘simplicidade’, como está dito na composição Último Sambista. Mas antes as marchas cantadas pelo carnaval da elite – nos corsos -, copiado de Veneza, foram sucedidas pelas músicas dos cordões, que representavam o carnaval feito pelo povo e nos quais Geraldo Filme teve as primeiras experiências carnavalescas. ‘Os desfiles dos préstitos, posteriores aos entrudos, eram luxuosos, com carros alegóricos, e, neles, a burguesia exibia-se como detentora do poder político’, diz a professora von Simson. E a população se portava como público passivo.


A participação popular teria início com o advento do primeiro cordão paulistano, Grupo Carnavalesco Barra Funda, em 1914. Seu fundador, Dionísio Barboza, acrescenta aos instrumentos percussivos o conjunto choro – cordas e sopro -, à diferença do carnaval no Rio, assentado na percussão dos ranchos. Segundo Osvaldinho da Cuíca, amigo de Geraldo Filme por quase quatro décadas, Dionísio Barboza é o ‘papa do samba paulista’, pois a partir dele se realiza solidamente o elo entre os sambas rural e urbano na cidade de São Paulo. Barboza freqüentava os festejos de São Bom Jesus, realizados todos os anos em Pirapora, a 54 quilômetros de São Paulo, na primeira quinzena de agosto. Os sambistas se abrigavam sob barracões montados para receber os romeiros vindos de várias localidades do Estado e ali faziam a batucada.


Batuque de Pirapora é um dos registros da influência do samba de bumbo na obra de Geraldo Filme. ‘Menino preto não sai/ Aqui nesta procissão/ Mamãe mulher decidida/ Ao santo pediu perdão/ Jogou minha asa fora/ Me levou pro barracão’. ‘Geraldo Filme fala nessa música de preconceito racial, ele usava a munição que tinha, o samba’, diz Osvaldinho da Cuíca. Em Tradições e Festas de Pirapora, ele elabora um retrato sociológico dos festejos.


Os participantes dos cordões da capital, que se consolidam entre os anos 30 e 50, iam a Pirapora participar dos desafios: nas rodas onde cantavam e dançavam, os sambistas intercalam versos improvisados com um estribilho, que dá o mote do duelo.Segundo a professora Olga von Simson, os cordões tiveram a permissão policial para desfilar nas primeiras décadas do século passado, porque se organizaram à maneira de procissões, prática consagrada em festas religiosas desde o século 19, que, a exemplo de Pirapora, permitiam o elemento profano. O mundano e o sagrado convivem lado a lado na história do samba paulista. Olga lembra que nas festas das Igrejas dos Enforcados (Liberdade), da Santa Cruz (Glicério) e da Achiropita (Bexiga) o samba corria solto.


Nos anos 40, a Igreja Católica demole os barracões, preocupada com a magnitude das manifestações profanas. Mas as influências do samba rural permanecem fortalecidas na obra musical do Geraldão da Barra Funda, que nos anos 60 fez fama como compositor na Unidos do Peruche, dentro da qual viu chegar a oficialização do carnaval paulista a mando do prefeito Faria Lima, em 1968.


Os cordões se transformam, então, em escolas de samba. O regulamento copia as práticas carnavalescas do Rio. ‘A mudança foi abrupta, em quatro anos os cordões desapareceram’, diz a professora von Simson. Em 1975, Geraldo Filme entra na escola de samba Vai-Vai, para a qual compõe o samba-enredo Solano Trindade, Menino do Recife, uma homenagem ao poeta, folclorista e teatrólogo pernambucano, fundador do Teatro Popular Brasileiro, freqüentado pelo sambista paulista ao lado do amigo Osvaldinho da Cuíca, presidente na época da ala de compositores da Vai-Vai.


Na escola de samba, Geraldo Filme cria Silêncio no Bexiga, um dos seus hinos ao lado de Tradição. A música é uma homenagem a Walter Gomes de Oliveira, vulgo Pato N’Água, um dos maiores apitadores – função hoje conhecida como mestre de bateria – do carnaval paulista; um malandro briguento que apitava, de cima do Viaduto do Chá, a escola desfilando no Vale do Anhangabaú.


Silêncio no Bexiga foi composta no dia seguinte à polêmica morte de Pato N’Água: versões falam de crime passional e de execução pelo Esquadrão da Morte, como a defendida por pelo dramaturgo santista Plínio Marcos que registrou no disco Plínio Marcos em Prosa e Samba – Nas Quebradas do Mundaréu (1974, Continental) a história do samba paulista, cantada por Geraldo Filme, ao lado de Zeca da Casa Verde e Toniquinho Batuqueiro. A letra de Silêncio no Bexiga, gravada em Nas Quebradas…, refere-se a um sambista de rua, artista do povo, que não ganha placa de bronze nem fica na história. Geraldo Filme parecia também se referir a si mesmo – o reconhecimento póstumo não está à altura da sua importância cultural para a cidade de São Paulo.


Tanto é que o média-metragem Geraldo Filme, de Carlos Cortez, ganhador do É Tudo Verdade – 3º Festival Internacional de Documentários, em 1998, ambienta as primeiras cenas dentro de uma redação de jornal. Um jornalista em começo de carreira recebe do editor a ordem de entregar um texto sobre o Geraldo Filme para o dia seguinte. Nem ele nem os colegas de trabalho, formadores de opinião, sabem quem é a personalidade, que cantou no disco Canto dos Escravos, ao lado de Clementina de Jesus e Doca (pastora da Portela).


Idealizado por Aluízio Falcão, diretor artístico do selo Eldorado entre 1977 e 1987, depois de uma conversa com Laura de Mello e Souza, Canto dos Escravos (1982) reúne 14 vissungos, cantos responsoriais com palavra em português e em dialeto bantô entoados por escravos no século 18. Eles foram escolhidos por Falcão entre os cerca de 70 cantos registrados em O Negro e o Garimpo de Minas Gerais, livro de Aires da Mata Machado Filho. Na gravação, o acompanhamento é feito apenas por instrumentos percussivos. Dois anos antes, Aluízio Falcão lançara o elepê Geraldo Filme, o primeiro trabalho gravado do sambista da Barra Funda: das 12 músicas, a única que não é de sua autoria é Tristeza de Sambista, de Osvaldo Arouche e Walter Pinto. ‘Ele foi um sambista autêntico, que se fez sem a influência do rádio e cujas composições são vinculadas à terra, elas têm um caráter telúrico’, diz Aluízio Falcão.


Tão ligado à cultura de seu povo e à sua terra, Geraldo Filme faz um balanço da existência em Reencarnação: ‘Quero ser sambista/ Ao renascer de novo/ Pra cantar a alegria e desventura do meu povo/ (…) Cantar samba na avenida/ E nascer negro novamente.’ Ao dirigir seus versos ao ‘Criador’, o cronista negro de São Paulo admite nas entrelinhas que viveria tudo mais uma vez, pois tinha a consciência de que, contra a dura realidade, causadora de sofrimentos, podia contrapor um sonho, o da arte em versos de samba.’


 


LITERATURA
Luiz Zanin Oricchio


É possível ser de esquerda no mundo de hoje?


‘Ce Grand Cadavre à la Renverse (Esse Grande Cadáver de Costas) é o título do livro que o filósofo Bernard-Henri Lévy acaba de lançar na França. O (mau) título indica uma tentativa de resposta à pergunta: o que é ser de esquerda hoje em dia, se é que isso ainda faz sentido? A Le Nouvel Observateur dá capa à matéria sobre o livro, traz trechos do volume e entrevista intelectuais e políticos.


Um dos trechos escolhidos é bem interessante. Narra uma conversa telefônica entre Lévy e o então candidato à presidência, Nicolas Sarkozy. Na véspera, André Glucksmann, amigo de Lévy e nouveau philosophe como ele, havia publicado no Le Monde um artigo aderindo à candidatura Sarkozy. Este agora ligava a Lévy, tão íntimo que podia usar o ‘tu’ como forma de tratamento, cobrando adesão semelhante. Resposta de Lévy: ‘Não posso. Podemos até ser amigos, mas a esquerda é a minha família’. Mas o que significa pertencer a essa família hoje? Essa, a discussão, que repercute nos depoimentos.


Existe alguma convergência entre eles. A maioria dos entrevistados aponta momentos-chave da história francesa recente: Vichy (onde se instalou o governo títere pró-nazista, durante a 2.ª Guerra), a questão colonial e o maio de 1968. Mais longinquamente, um quarto affaire serve de baliza: o caso Dreyfus, sobre o militar injustamente condenado por espionagem, feito prisioneiro na Ilha do Diabo e que suscitou o célebre manifesto de Zola, J’accuse, publicado no jornal L’Aurore. Aliás, Lévy, ou B-H.L., sigla do escritor, usada pela mídia, chama o caso Dreyfus de ‘cena inaugural de uma guerra civil que dura até hoje’.


Simplificando: de que lado se estava em relação a esses fatos? Ou ainda: de que maneira os vemos, hoje em dia? O posicionamento em relação a eles bastaria para indicar uma posição ideológica mais ou menos clara, uma postura política, uma filosofia de vida? Essa, a questão, com o filósofo buscando parâmetros do passado para pensar o presente.


Não se pode dizer que B-H.L. seja um esquerdista ‘dur’. Pelo contrário, suas críticas à esquerda não raro lhe valeram qualificativos pouco elogiosos. No próprio livro que está lançando, ele chama no título a esquerda de ‘cadáver’ e diz que já era assim desde a época de Sartre e Paul Nizan (o jovem comunista de Aden, Arábia). A esquerda européia entra em crise a partir de, pelo menos, 1956, com o esmagamento do levante húngaro por Moscou e com a denúncia dos crimes do stalinismo no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS.


Lévy não ignora nada disso…e, no entanto, convidado a aderir à candidatura de direita, ele se diz impedido, por uma questão ‘familiar’. ‘Sempre votei à esquerda e continuarei a fazê-lo’, diz. E, por quê? Porque, do que se deduz de alguns extratos do texto, para ele, a esquerda, esse ‘cadáver’ insepulto, ainda seria detentora de acervo de qualidades nada negligenciável.


Ele mesmo dá um exemplo candente em termos da realidade francesa: o tratamento dado aos motins da periferia, que Sarkozy definiu como obra da ‘racaille’ (da canalha). B-H.L. lembra a história de Victor Hugo, o iluminista que se revolta contra o incêndio da biblioteca das Tulherias por uma malta de insurgentes. ‘Como incendiar um livro?’, pergunta o poeta a um deles. E o homem lhe responde: ‘Eu não sei ler’. Lévy conclui, trazendo essa lição do passado para o presente: ‘Será que estamos tão certos de que não temos nenhuma responsabilidade nesse desastre social?’. Conclui: fazer-se esse tipo de pergunta é um valor de esquerda.’


 


TELEVISÃO
Alline Dauroiz


Garibaldo ganha amiga local


‘Chegou ao fim a espera de quase 30 anos pela volta da vila mais famosa do mundo. Estréia amanhã, na TV Cultura, a nova Vila Sésamo, série que cativou a criançada dos anos 70 e lançou a hoje internacional Sônia Braga.


Sucesso em cerca de 120 países, a co-produção entre Cultura e Sesame Workshop, ONG educacional que detém os direitos do programa, traz a turma do grande pássaro Garibaldo de volta ao Brasil com novo formato, novo cenário e uma personagem criada exclusivamente para o País: Bel, uma espevitada monstrinha pink de 3 anos. Juntos, ela e Garibaldo farão brincadeiras, charadas e darão aulas sobre alfabetização, meio ambiente e amizade. Tudo com o objetivo de familiarizar o público infantil de 3 a 6 anos com os números, letras, sons, cores e livros, além de aguçar a imaginação, o raciocínio e a curiosidade dos pequenos.


Ênio, Beto, Elmo, Come-Come, Zoe e os outros personagens famosos no Sesame Street (nome original da vila) também aparecerão, mas sempre em quadros gravados no exterior.


Como manda a tradição na Vila Sésamo, não poderiam faltar as danças e canções. Na nova edição haverá um quadro de clipes inéditos com músicas nacionais, interpretadas por artistas como Vanessa da Mata (que canta a canção de abertura) e Zeca Baleiro.


Crianças anônimas também entram em cena. Para retratar diferentes costumes, culturas e brincadeiras brasileiras, serão apresentados minidocumentários gravados com meninos e meninas de diversas regiões do País. Assim, será possível conhecer, por exemplo, a vida de crianças indígenas e de comunidades ribeirinhas da Amazônia que usam barcos como meio de transporte, a rotina de quem mora na fazenda e vai à escola de charrete, ou ainda crianças que fazem parte de projetos de cultura afro na Bahia.


Nessa primeira etapa da volta da turma às telinhas, que terá 78 episódios, foram investidos R$ 2 milhões. ‘É um investimento considerável, mas não muito grande se comparado à qualidade e finalidade educativa do programa’, afirma o diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, Paulo Markun.


Para o início do ano que vem está prevista a estréia da série no canal pago TV Rá Tim Bum, também da Fundação.


REGRAS PRÓPRIAS


Durante o longo período em que o Vila Sésamo ficou longe da TV brasileira diferentes emissoras tentaram ressuscitar o programa. Em 2003, o Canal Futura chegou a anunciar que havia fechado contrato com a Sesame Workshop. Mas a negociação não foi adiante. A Cultura começou a namorar o projeto há coisa de três anos.


Para o coordenador de Marketing da Fundação Padre Anchieta, Cícero Feltrin, a demora na volta da turma ocorreu porque a Sesame não encara o Vila Sésamo como um programa, mas como um movimento. ‘A lógica deles não é comercial e, por isso, não pensam em ter maior faturamento. Eles levam em conta qual importância o projeto terá para o canal e se a proposta é compatível com os objetivos da organização.’


Os países que exibem Vila Sésamo devem seguir rigorosamente os preceitos pedagógicos da entidade. Não é permitido veicular anúncios durante a atração – nem dos produtos licenciados pela marca. Aqui, os patrocinadores terão três minutos diários em uma hora para exibir suas marcas em mensagens educativas.


Para Feltrin, o que mais demandou tempo foi a definição do quanto seria feito no País. ‘Hoje são 20% de produção nacional, mas isso pode subir nas próximas edições da série.’’


 


O Estado de S. Paulo


Sete Pecados pode ter mais desfalques


‘Uma crise realmente se abateu sobre Sete Pecados. Depois da anunciada saída de Cláudia Raia da novela, há mais atores pedindo para deixar a trama das 7 da Globo, que não emplacou em audiência. Mesmo assim, o autor Walcyr Carrasco insiste que a saída de Cláudia estava prevista em uma segunda sinopse na novela, que não havia sido divulgada, e que ele resolveu usar de última hora. Então tá.’


 


Evilásio e Júlia terão um filho


‘O romance polêmico de Evilásio (Lázaro Ramos) e Júlia (Débora Falabella) em Duas Caras terá desdobramentos emocionantes. O casal de classes sociais e raças diferentes enfrentará o preconceito da família rica dela, dos amigos pobres dele e, de quebra, terá um filho. Detalhe: a criança será negra, como o pai. É claro que a família da moça fará de tudo para separá-la do rapaz, e conseguirá, pelo menos por um tempo.’


 


Mário Viana


Nas paradas de hoje, o sucesso de ontem


‘A sofrida Célia Mara (Renata Sorrah) encara mais uma cena triste. Ao fundo, a voz forte de Isabella Taviani canta Ternura, um sucesso de Wanderléa nos anos 60. Antes, na abertura, Luiz Gonzaga Júnior (1945-1991) ressuscita com E Vamos à Luta, gravado por ele em 1980. Ao longo do capítulo, lá vem mais música antiga: Geraldinos e Arquibaldos é de 1975, Oração ao Tempo é da mesma década. Negro Gato, o tema de Evilásio (Lázaro Ramos) era uma brasa, mora, no começo dos anos 60. O que aconteceu nos bastidores? Cortaram a verba do departamento de trilhas sonoras?


Não se trata apenas de uma sessão nostalgia inesperada. Manoel Carlos já enfiava clássicos da bossa nova em suas trilhas, Gilberto Braga, idem. E não é exclusividade platinada. Na trilha do sucesso de Vidas Opostas, de Marcílio de Moraes, na Record, estavam gravações de Olha, Apesar de Você, O que será e até Aquarela do Brasil. Também não se pode dizer que falta gosto aos criadores de trilha – nesses casos, podemos dizer ‘ajuntadores de canções’. Em geral, as músicas são bonitas e despertam um dedinho de saudades. Epa, será por aí?


Usar músicas de sucesso garantido há 15, 20 anos, não deixa de ser uma isca para atrair o público mais velho, quarentão, impaciente com tramas de 200 capítulos e mais afeito a um seriado bem feitinho na TV paga. Mas, quando se escuta Elis, Bethânia ou alguma voz nova cantando uma canção ‘dos velhos tempos’, o controle remoto perde a função. E eis mais um telespectador preso na rede. Não há nada de teoria conspiratória, não. É apenas um truque, válido na guerra pela audiência.


O que essas trilhas nostálgicas indicam – além do desespero de novos compositores que buscam um lugar ao sol – é que o público mais velho ainda é garantia de bons negócios. Jovens consomem muito, é verdade, mas são mais dispersivos. Além disso, jovens baixam as músicas pelo computador, preferencialmente sem desembolsar um tostão. Os mais vividos – digamos assim – se atrapalham até pra mandar e-mail… Portanto, é neles que a trilha sonora centra fogo. É preciso vender CD e lotar shows, é preciso movimentar o mercado. Muita gente depende de uma música cair no gosto do povo – mesmo que seja 20 anos mais tarde.’


 


Fabiane Bernardi


Maria Paula reencontra Ferraço


‘Falta pouco para Maria Paula (Marjorie Estiano) reencontrar Marconi Ferraço (Dalton Vigh), ou melhor, Adalberto Rangel, o homem responsável pela sua ruína. Em breve, a jovem se mudará para o Rio de Janeiro e estará mais próxima do vilão.


O reencontro ocorrerá exatamente na festa em comemoração aos 10 anos de sucesso do empresário. Maria Paula estará trabalhando no evento e reconhecerá Marconi como seu ex-marido. No meio de centenas de convidados, ela faz um escândalo e o acusa de ser um bandido, revelando que no passado roubou toda a fortuna de sua família e usava outro nome. Marconi se mantém frio e garante a todos que não sabe do que a moça está falando e tampouco conhece Adalberto Rangel. Silvia (Alinne Moraes), a essa altura já completamente envolvida pelo charme do vilão, assistirá a tudo chocada.


E mais…


As emoções em Duas Caras não param por aí. Passado o escândalo, Marconi procura Maria Paula e ameaça processá-la por calúnia. A jovem não cede e garante que ele irá devolver cada centavo que lhe roubou, prometendo também acabar com sua falsa reputação. Para se salvar, Marconi será capaz de mandar internar Maria Paula numa clínica, fazendo com que todos acreditem que ela é louca. Mas o grande trunfo de Maria Paula será o filho Renato. Um simples exame de DNA poderá confirmar toda a história.’


 


Etienne Jacintho


Apesar do nome, Brntm vai bem


‘Assistir às versões nacionais de atrações internacionais é, algumas vezes, um martírio. Alguns, como Simple Life e O Aprendiz, simplesmente copiam o original, dão um tempero brasileiro e divertem. Outros – sem citar nomes, para não dizerem por aí que estou implicando – clonam sem cuidar do sal nem da pimenta e acabam mal. Já o reality show Brazil’s Next Top Model, apesar desse nome ridículo demais, tem se mostrado eficiente.


No episódio de estréia, lá estava o estilista Alexandre Herchcovitch a medir, sem piedade, o quadril das aspirantes a modelo. ‘Seu quadril tem 100 centímetros, vulgo 1 metro!’ É crueldade com as participantes? Veja bem, quem entra num reality show precisa arcar com as conseqüências! Muita gente condenou o ato do estilista, mas quem está errada é a indústria da moda ao exigir tops magérrimas. O júri apenas segue a tendência internacional, afinal, a intenção do programa é lançar a vencedora no mercado. Para quem não se lembra, Tyra Banks tentou recrutar candidatas menos magras para o America’s Next Top Model e o público chiou.


Além de Herchcovitch, a jornalista Erika Palomino também faz comentários pertinentes que podem parecer grosserias, mas fazem parte do show. Que público gosta de jurado bonzinho? Simon fez sucesso em American Idol justamente por seu mau humor. Pazetto está bem no papel de preparador das modelos e impôs sua personalidade em vez de imitar o americano Jay. A única reclamação são as brincadeiras à la Tyra Banks – que imita e ridiculariza as tonteiras das candidatas – que Fernanda Motta faz e soa falso.’


 


Roberto Godoy


A Net não toma jeito


‘Quem mandou a Net cortar a Deutsche Welle, a TV da Alemanha, da grade dos assinantes de Ribeirão Preto? Mistério insondável. Não é possível obter uma única informação da empresa gestora local, conta o jornalista Moacyr Castro, que não gostou nada desse novo desrespeito da operadora. Não é esta a primeira embromation for sacanation cometida pela Net. Exemplo: alguém foi consultado, pesquisado ou sequer ouvido sobre a dispensa da CNN em espanhol, que sumiu da planilha já faz tempo? A única explicação, obtida por um assinante de Campinas, beira a idiotia patológica: a CNN cucaracha saiu fora porque já existe um canal espanhol, a TVE de Madri. Não há um só motivo defensável para o fato do sinal do History Channel não estar disponível em todas as praças, se a programação básica do canal consta da anêmica revista oficial da empresa, a Monet. A Net é a maior organização do ramo. Está presente em ao menos 44 cidades de 8 Estados. Dispõe de 35 mil quilômetros de cabos e atende pouco menos de 1,7 milhão de clientes. A responsabilidade ética e qualitativa que essa condição implica, não se reflete no serviço prestado. A leitora Vera Beatriz confirma: ‘a Net é a líder de reclamações no Procom do interior de São Paulo’.’


 


O Estado de S. Paulo


Multishow compra Heavy, fruto da web


‘Superficial Friends, animação que ironiza Nicole Ritchie, Paris Hilton, Lindsay Lohan e as gêmeas Olsen como super-heróis anoréxicas, é um dos destaques de Heavy, programa que o canal pago Multishow acaba de comprar. A atração só estréia no ar em 2008 e reúne vídeos que, produzidos por anônimos, tornaram-se hit na internet. São animações toscas ou em 3D, vídeos caseiros e edições bem produzidas, sempre com humor. O Multishow poderá colocar os vídeos em seu site e a pagina terá link direto para www.heavy.com’


 


Etienne Jacintho


‘Sou musa só do meu marido’


‘Bianca Rinaldi, embora não admita aqui nesta entrevista, é a grande estrela da Record. Protagonizou três novelas, entre elas A Escrava Isaura, que está no ar na Univision (maior rede hispânica nos Estados Unidos).


Sua carreira começou aos 15 anos, como Paquita do Xou da Xuxa – por isso, sofreu preconceito de colegas. Mas nada parece tirar o humor da moça, que conversou com o Estado, por telefone, enquanto fazia fisioterapia para uma contusão na coxa (fruto das gravações da atual novela, Caminhos do Coração).


Como vê a repercussão de A Escrava Isaura no exterior?


Eu me sinto super realizada e feliz porque abre uma porta muito grande para mim.


Você esperava tudo isso quando foi para a Record?


Tinha mandado meu currículo na época em que ouvi que haveria mudanças. Fui chamada para uma reunião com o Herval (Rossano, diretor), mas nem sabia que eles iriam fazer novela.


O convite foi para ser a Isaura?


Sim, foi um convite muito claro. Nem fiz teste nem nada. Ele me viu, disse que eu teria de ser a Isaura e pediu para ver se a grana estava boa. Foi no susto! O que veio primeiro foi a satisfação e, depois, a preocupação em fazer o trabalho. Mas o que viesse era lucro. Não sabia onde iria chegar.


Você tinha visto A Escrava Isaura na Globo?


Não, nenhum capítulo.


Então você não se espelhou na Lucélia Santos?


Não. Fiz o que achava que deveria ser feito.


Como você virou paquita?


Também por acaso. Enviei foto, preenchi um formulário e me chamaram.


Era algo que você queria?


Não. Surgiu essa oportunidade e eu fui.


E Malhação?


Ah, Malhação eu queria! Fiz oficina da Globo, fiz teste. Foi algo consciente e já estava objetivando minha carreira que começou ali, na oficina.


Depois veio o SBT…


É. Fui para o teatro fazer As Meninas, de Lygia Fagundes Telles, e surgiu o convite do SBT e fiz Chiquititas, A Pícara Sonhadora e A Pequena Travessa.


Você começou na Globo, foi para o SBT, cuja produção é menor, e está na Record. Tem diferença?


O que fiz na Globo como dramaturgia foi muito pouco para comparar. No SBT, as pessoas dão o que podem para fazer bem. O importante é a realização do trabalho e, por onde passei, a dedicação ao trabalho foi excelente.


E como está a Record, agora com o Recnov?


As pessoas se sentem parte desse crescimento da Record e estão todos empolgados.


Como é ser a estrela, a musa da Record ?


Ah, não sou estrela e sou musa só do meu marido (risos)! Faço parte de uma empresa e tenho destaque como atriz. Se estou ali como protagonista é porque confiam no meu trabalho.


Em Caminhos do Coração, você dá chutes, socos, tem superforça… Como você faz essas lutas?


Para você ver, estou aqui falando com você e fazendo fisioterapia. Faço defesa pessoal e quase não uso dublê. Essa semana, a gente gravou em São Paulo, estava correndo e me deu uma contusão na coxa. Tenho um coreógrafo.


Você começou cedo na carreira, entrou na banheira do Gugu, posou nua… Você faria isso hoje?


Nunca fiz isso para chamar atenção. Não me arrependo de nada que fiz porque eu achava bacana na época.


Muita ex-paquita fez isso…


Não só ex-paquita. Muitas atrizes fizeram isso. E não era ensaio nua, era seminua.


Mas hoje você não faria?


Não, porque, com a internet, se você faz um trabalho nu, isso vai para o mundo inteiro e te colocam em situações que você nem imagina.


Você sofreu preconceito por ser ex-paquita, ex-chiquitita?


Claro, isso existe, mas nunca dei bola para isso. É muito mais fácil a pessoa criticar do que elogiar. O ser humano é assim. Hoje não existe mais isso. A Escrava Isaura foi um marco na minha carreira porque teve um peso dramático maior e mostrei meu trabalho como atriz. Até porque era um trabalho que possibilitava comparações.


Drops


Blog:


‘Você entrou no meu site? Ah, entra lá! Um dia um fã me mandou um e-mail pedindo permissão para colocar um site meu no ar. Gostei e ele me deu o primeiro site. Agora, decidi contratá-lo e a página está linda! Sempre deixo um recado para os fãs no meu blog, até porque não dá para responder a todos os e-mails. Eles entendem.’


Carreira:


‘Nunca tive um grande papel no cinema e é algo que quero fazer. Queria fazer minissérie também, porque nunca fiz, e outra novela de época.’


Dublagem:


‘Acho legal porque a gente tem que se adaptar ao que o público quer ver. Não adianta a Bianca lá (na Univision, rede americana para o público latino) falar português! A gente dá risada porque é engraçado pensar: ‘Não falei assim tão melosa!’.


Caminhos do Coração:


‘Eu me divirto muito, me sinto realizada e todo mundo está feliz com o trabalho. É uma trama ousada e é preciso coragem para colocar isso numa novela. Tiago (Santiago, autor) é aberto a experimentar e isso é legal.’’


 


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