Como não poderia deixar de ser, as manchetes dos principais jornais brasileiros ded sexta-feira (12/2) noticiam a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.
Trata-se de fato inédito na história da democracia brasileira.
Apesar da profusão de ladrões incubados pela política em todos os tempos, é a primeira vez que um governador no exercício do cargo passa pelo menos uma noite na cadeia, acusado de corrupção.
Claro que, a qualquer momento, a mão compreensiva e equilibrada do Supremo Tribunal Federal poderá devolvê-lo às ruas, como aconteceu no caso de outra raridade, a detenção de um banqueiro, em 2008.
Aliás, o advogado contratado de última hora pelo governador licenciado de Brasília é o mesmo que tirou da cadeia o banqueiro Daniel Dantas em apenas 24 horas.
Como se sabe, não basta que uma decisão judicial seja inédita para assegurar que as coisas estão mudando. A rigor, a administração do Distrito Federal segue nas mãos da mesma quadrilha, ainda que o chefe passe uma temporada fora de circulação.
Lembrança discreta
Segundo os jornais, o vice-governador Paulo Octávio também tem relações com o mesmo esquema que funciona em Brasília há quase vinte anos, e que tem como controlador o ex-governador Joaquim Roriz.
Por essa razão, o grupo político de Arruda se movimentava rapidamente, logo após a decretação de sua prisão, no sentido de assegurar a ‘governabilidade’ do substituto, para evitar que o Judiciário também decrete a intervenção federal.
A imprensa andou distorcendo levemente as declarações do presidente da República, dando a entender que ele lamentava a prisão do governador de Brasília, quando na verdade o que ele disse era que lamentava o fato de o escândalo ter chegado a esse ponto.
Os jornais registram também que, quase três meses depois de haver exigido o desligamento de José Roberto Arruda de seus quadros, só na quinta-feira (11/2) o Partido Democratas recomendou a seus filiados que deixem os cargos que ainda ocupam no governo do Distrito Federal.
Os jornais lembram, embora discretamente, que, até ser apanhado no esquema de distribuição de dinheiro, Arruda era tido como um dos melhores quadros do DEM e vinha sendo cogitado para ser candidato a vice-presidente da República na chapa liderada pelo PSDB.