Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O jornalismo marrom

Quem quer que seja o beneficiário final das informações obtidas pela quebra do sigilo de dirigentes tucanos, uma coisa está comprovada: a participação de um jornalista – Amaury Ribeiro Jr. – na comercialização destes dados confidenciais.


Pela segunda vez consecutiva em pleitos presidenciais aparece uma banda podre da imprensa operando sem constrangimentos o comércio clandestino de informações. Em 2006, o semanário IstoÉ prestou-se a divulgar sem investigar um dossiê comprovadamente falso, o ‘Dossiê Vedoin’, pago por um grupo de ‘inteligência’ que o presidente Lula na época classificou, indignado, de ‘aloprados’.


Agora, no inquérito da Polícia Federal sobre a quebra do sigilo fiscal de dirigentes do PSDB e familiares do candidato José Serra, evidencia-se que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. pagou pelas informações sigilosas e elas não se destinavam ao jornal onde então trabalhava (o Estado de Minas).


Sobre procedimentos


Não importa a quem se destinavam as informações, neste momento é irrelevante discutir quem se aproveitaria ou se aproveitou do ilícito. Importa que certa imprensa, seduzida pelo sensacionalismo conspícuo, está aprendendo a conviver com a arapongagem (profissional ou amadora) e, aos poucos, está se transformando num prolongamento dos serviços de espionagem.


A investigação jornalística deve servir à sociedade; quando se terceiriza e presta serviços a interesses escusos torna-se parceira do crime organizado.


O jornalista em questão não é um foca, neófito, tem experiência, passou por redações de grandes empresas jornalísticas. Sabe que o jornalista não compra informações, investiga.


Aparentemente o jornalista não absorveu os procedimentos corretos e preferiu incorporar-se ao submundo, o universo dos franco-atiradores que alguns chamam de ‘imprensa marrom’.